Em uma comédia ácida, Ruben Östlund brinca com as posições sociais em Triângulo da Tristeza

Vencedor do Palma de Ouro 2022 e com três indicações ao Oscar, filme chega aos cinemas brasileiros no dia 9 deste mês

Triângulo da Tristeza é uma comédia ácida que segue Yaya (Charlbi Dean) e Carl (Harris Dickinson), modelos e influenciadores que ganham a vida expondo seu relacionamento nas redes sociais. O trabalho da vez é divulgar um luxuoso cruzeiro – mesmo que eles mesmos não possam pagar pela viagem. 

 

Ruben Östlund, diretor do longa, usa de estereótipos óbvios para criar a narrativa entre forças opostas, mas, somado com a comédia digna do título “pastelão”, consegue construir momentos extremamente engraçados, ao mesmo tempo que puxa várias reflexões sobre a sociedade.

 

O filme, dividido em três atos, trouxe ao sueco seu segundo Palma de Ouro – o primeiro foi em 2017, com The Square – e rendeu três indicações ao Oscar.

 

Relacionamentos modernos

No primeiro ato, Östlund coloca sob os holofotes o papel social do homem e da mulher, apresentando a dinâmica do casal principal. Desentendimentos simples, como quem deve pagar a conta de um encontro, dão início a discussões, com ares cômicos. 

 

Carl quer que o relacionamento esteja em pé de igualdade, principalmente porque a namorada ganha muito mais do que ele. Já Yaya, acostumada com a vida de luxo que a carreira de modelo oferece a ela, não vê problemas em deixar que o namorado pague a conta do jantar que ela mesma propôs. 

 

Hierarquia social

 

(Divulgação)

 

No segundo ato, somos apresentados aos novos personagens, que delimitam bem as linhas sociais com estereótipos. Os ricos, que estão desfrutando o cruzeiro, são rasos e “folgados”. A tripulação que interage diretamente com os clientes e fazem de tudo para agradá-los, com a esperança de receber uma gorjeta gorda no final da viagem, é representada pela classe média. 

 

A equipe, que trabalha para manter a embarcação funcionando, é retratada por personagens não-brancos e, claramente, pobres, que estão ali só para servir.

 

O jantar com o capitão (Woody Harrelson) é o clímax da comédia no longa. O diretor não tem medo de satirizar as linhas sociais ao inserir os personagens em uma noite de tempestade combinada com uma intoxicação alimentar, que atinge apenas os clientes da luxuosa embarcação.  

 

Inversão dos papeis

 

(Divulgação)

 

Após uma série de incidentes que levam os personagens a abandonar a embarcação, os sobreviventes – que contam com o casal de modelos – chegam a uma ilha deserta. Os milionários e a tripulação que se salvaram não sabem nada sobre o básico de sobrevivência, e ficam a mercê de Abigail (Dolly De Leon), que é chefe das faxineiras na embarcação. É no terceiro ato que os papeis anteriormente apresentados são invertidos e a hierarquia social muda.

 

O filme tem um final aberto e é o espectador quem decide inconscientemente o destino dos sobreviventes, de acordo com a própria bússola moral. 

 

Com vários acertos e alguns tropos pesados – que podem ser considerados ofensivos -, o longa distribuído pela Diamond Films consagra a filipina Dolly De Leon no cinema, além de ser uma boa comédia que, com certeza, vai marcar gerações com a cena do “Carão Balanciaga/Sorriso H&M”.

 

 

(Divulgação)

 

Triângulo da Tristeza chega aos cinemas brasileiros no dia 09 de fevereiro. 

 

Confira o trailer abaixo.

 

por Marcella Fonseca

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