Autor de diversos livros, professor e dono de clínicas próprias em São Paulo e Salvador, o doutor Gabriel Almeida tem uma rotina dinâmica. A conversa com a Versatille aconteceu entre compromissos, dentro do carro, enquanto se locomovia. Mesmo em meio à correria, o profissional reforça a importância da saúde física e mental para que o seu dia a dia seja eficiente, premissa que também traz para os seus pacientes. Em sua visão, não há como exercer tantos cargos com sucesso sem o cuidado com o bem-estar. Confira, na sequência, a conversa. 

 

Versatille: O que motivou você a construir uma carreira na área da medicina e pesquisa voltada a saúde, emagrecimento e bem-estar? 

Gabriel Almeida: O que me motivou foi uma grande dor. Eu saí da faculdade de medicina e entrei direto na residência médica de cirurgia geral. Foi um período extremamente estressante, e eu fui de 70 quilos para 100 quilos. Aquilo foi algo que me incomodou, e eu tentei várias formas, com nutricionistas e profissionais da educação física, e não tinha resultado. Pensei: a medicina é uma área tão ampla, será que ela não pode me ajudar? Então eu comecei a estudar profundamente os caminhos da obesidade e consegui emagrecer e voltar para o meu peso ideal. Minha vida mudou, eu fiquei muito feliz e percebi que podia ajudar mais pessoas. De 2007 para cá, estudo com afinco e já escrevi sete livros relacionados ao tema.  

 

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V: Pode falar mais sobre os “sete pilares do sucesso”? 

GA: O principal pilar do sucesso é o entusiasmo. Costumo dizer que ele é o mais importante porque, quando você é entusiasmado, consegue ter resultados em qualquer área. Dedicação, motivação e amor pelo que você faz e pelo outro também são pilares importantes, mas sem entusiasmo você nunca vai conseguir ter êxito. Esse é o segredo. Quando analisamos as histórias de pessoas de sucesso, percebemos que todos tinham entusiasmo como uma criança frente a uma novidade.  

 

V: O que é fundamental, na atualidade, para ter o corpo e a mente sãos? 

GA: Para mim, são quatro pontos muito importantes. Primeiro, você precisa encontrar o seu propósito. A filosofia oriental fala muito sobre isso por meio do termo “ikigai”, que representa um estado de espírito em que você está em completa harmonia com o que faz e propaga para o mundo. Para encontrar esse propósito, você tem que amar o que faz, fazer bem o que ama, ser reconhecido e bem remunerado por isso e ajudar o mundo com suas ações. Se você faz algo que não vai ao encontro de seus princípios, você nunca vai ser feliz.  

 

V: Na sua visão e no seu conhecimento, como a medicina integrada pode mudar a qualidade de vida dos pacientes? 

GA: A medicina integrada nada mais é do que avaliar o indivíduo como um todo. Imagine um paciente que está com depressão. Muitos o analisam apenas a partir de uma questão do sistema nervoso central e receitam antidepressivos. Mas muitas vezes isso não é suficiente. A depressão é ocasionada pela desregulação de um neurotransmissor chamado serotonina, e a maior parte da serotonina não é produzida no sistema nervoso central, e sim no intestino. Então, quem poderia imaginar que um indivíduo com depressão pode começar a consulta sendo questionado sobre a saúde do seu intestino? Isso é avaliar o indivíduo como um todo. Quando você faz uma medicina integral e o avalia por inteiro, isso vai favorecer e facilitar um resultado excelente no tratamento.  

 

V: Qual é o primeiro passo para envelhecer melhor? 

GA: O segredo da longevidade é algo muito almejado (risos). Para a nossa sorte, há um provérbio chinês que revela esse segredo a partir de três pontos: coma metade, ande o dobro e ria o triplo. Basicamente, coma um pouco menos para fazer uma redução calórica e ter uma alimentação saudável; ande o dobro para que os exercícios físicos estejam em dia; e ria o triplo, para sempre transmitir boas energias para o mundo. Essa energia positiva volta para você.  

 

 

V: Como é o tratamento integrado que promove no Núclo GA (tanto em São Paulo como em Salvador)? 

GA: Eu busco o chamado atendimento multidisciplinar Esse é o nosso diferencial, porque eu tenho um nutricionista que está estudando apenas a parte alimentar, enquanto outro médico pesquisa remédios e o profissional de educação física se aprofunda apenas nos treinos. Já o dermatologista cuida da pele. Não tem como apenas um indivíduo dominar completamente todas as áreas. Eu tenho todos esses profissionais e avalio o paciente de forma integral e multidisciplinar, conseguindo um resultado muito maior na perda de peso e na melhora da disposição, do sono, da qualidade da pele e do cabelo. Um por todos e todos por um, como diriam os Três Mosqueteiros (risos). É assim que funciona o núcleo GA.  

 

V: Acredita que as pessoas estão se tornando mais saudáveis ou o oposto? Por quais razões? 

GA: Infelizmente não estão se tornando mais saudáveis. A incidência da obesidade está em níveis alarmantes. Para você ter uma ideia, quando eu estava obeso, aproximadamente 11% da população brasileira estava na faixa da obesidade. Hoje, já temos 25,6% da população nessa faixa. Do início do século para cá, a obesidade mais do que dobrou. E a tendência é aumentar ainda mais. Nos Estados Unidos, a situação é ainda mais catastrófica. Hoje, 42% da população adulta do país está com obesidade. Não digo acima do peso, mas sim, obeso. Isso é alarmante. No Brasil, a obesidade tem crescido mais nas classes menos favorecidas financeiramente, porque há muito acesso aos alimentos industrializados e pouco aos naturais. A alimentação saudável é mais cara, então as pessoas mais humildes não têm como comprar. Essa é a principal razão. Já na classe mais favorecida, há a diminuição das taxas de obesidade, porque eles têm mais acesso à saúde. Antigamente, as pessoas achavam que o indivíduo que estava engordando tinha uma vida financeira boa. Hoje é o contrário. A população com maior poder aquisitivo é a que está comendo melhor e tendo acompanhamento com médicos, nutricionistas e profissionais de educação física.  

 

V: O processo de emagrecimento é parte fundamental da sua atuação como médico. O que o “peso ideal” traz de melhorias para a vida de quem decide persegui-lo? 

GA: Temos que ter algo muito importante em mente: o aumento do peso está relacionado ao surgimento de diversas doenças e vários tipos de câncer. Estando no seu peso ideal, você aumenta a expectativa de vida, diminui as doenças relacionadas ao envelhecimento e envelhece de uma forma mais saudável, com mais funcionalidade para andar, resolver tarefas, praticar esportes e até mesmo manter a libido. Basicamente: você envelhece com mais saúde e bem-estar. 

 

Por Beatriz Calais | Matéria publicada na edição 134 da Versatille