Bar Obelisco: como é a nova (e brasileiríssima) carta de drinks da casa

Novidades assinadas por Jairo Gama fazem referências a tradições indígenas, ícones de São Paulo e dão twist brasileiro a clássicos da coquetelaria

O Bar Obelisco – tal como seu vizinho de operações, o restaurante Vista Ibirapuera – já nasceu como um dos hotspots de São Paulo por conta da sua localização, o terraço do MAC. De lá, é possível curtir uma das vistas mais impressionantes e agradáveis da capital paulista.

 

Mas não há vista que faça valer uma visita a um bar sem drinks competentes. E nessa prova, o Bar Obelisco passa com méritos, especialmente com sua nova carta, uma homenagem a várias facetas do Brasil.

 

Jaci, novo drink do Bar Obelisco [foto: Rodolfo Regini]

Assinado e executado por Jairo Gama, à frente da barra desde a abertura da casa, o menu de drinks autorais é dividido em três partes: ‘Nossas Origens’, inspirada no universo indígena brasileiro; ‘Contemporâneos’, com foco em São Paulo e na arquitetura de Oscar Niemeyer; ‘Clássicos Defumados’, que, como o nome bem indica, apresenta drinks icônicos da coquetelaria com um apelo defumado.

 

A seção ‘Nossas Origens’ é a mais inventiva, graças ao uso de ingredientes poucos comuns. Afinal, quem conhece o Nanai, um fermentado indígena de abacaxi que aparece (em conjunto com Rum com infusão de cumaru, Crema de coco com mel silvestre e Capuzin) no drink Jaci? Ou o Caxiri, outro fermentado indígena, mas dessa vez feito de mandioca? A bebida é uma das estrelas do Pajé, que leva ainda Cachaça, Cordial de maracujá com limão cravo, água de mel silvestre, bijuteria e nibs de cacau.

 

Guaraci, novo drink do Bar Obelisco [foto: Rodolfo Regini]

Os drinks que exploram a faceta mais brasileira da carta são servidos em cumbucas de cerâmica artesanal, feitas exclusivamente para o bar. O propósito, segundo Jairo, é que o convidado beba o coquetel com as duas mãos, seguindo a ideia de um ritual indígena. Apesar de opacas, a cerâmica não consegue conter a explosão de cores e sabores do Guaraci, de um rosa vibrante graças a adição de pitaya. Feito à base de cachaça de jambu, o drink tem o efeito anestésico que a erva típica do Para proporciona.

 

Como o nome aponta, a seção ‘Contemporâneos’ brinca com tendências mais recentes da coquetelaria, permeadas pela inspiração de São Paulo e das curvas de Niemeyer, que batiza um drink à base de whisky, vermute, licor de cerejas, suco de laranja, suspiro e pó de hibiscus.

 

Ovo, novo drink do Bar Obelisco [foto: Rodolfo Regini]

O suspiro, inclusive, entra para dar textura no Ovo, coquetel com cachaça, cambuci (“uma fruta tipicamente paulistana”, explica Jairo), lima, Angostura e mel, servido em uma cerâmica no formato de ovo (“o elemento com os contornos mais perfeitos da natureza, que remete às curvas de Niemeyer”, conta o bartender).  O arquiteto também é lembrado no Copan (whisky, licor de whisky, café espresso), cuja casca de laranja de decoração replica o formato do edifício que dá nome ao drink.

 

O elemento ‘Brasil’ aparece mais discreto na seção ‘Clássicos Defumados’, mas se faz notar de maneira graciosa. Aqui, o Negroni, o Manhattan, o Martinez e o Boulevardier envelhecem em barril de Amburana e, prontos e armazenados gelados, são servidos em copo que passa por defumação na hora em Pau Brasil. Um belo twist a coquetéis que, centenários, ganham novos adeptos nos dias presentes.

 

Negroni defumado, novo drink do Bar Obelisco [foto: Rodolfo Regini]

 

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