As lições que a “Revolta dos Sardinhas” nos deixa

O colunista Pedro Albuquerque compartilha os ensinamentos que o episódio virtual, nos Estados Unidos, nos deixou

Revolta dos Sardinhas
Pedro Albuquerque comenta as lições da Revolta dos Sardinhas (Getty Images)

Poucos dias depois da virada de ano, nos deparamos com um episódio inusitado: um grupo de traders, reunidos em um foro da rede social Reddit, declarou guerra a alguns dos fundos hedge mais poderosos dos Estados Unidos.

 

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Na chamada “Revolta dos Sardinhas”, milhares de pequenos investidores apostaram contra as posições vendidas dos grandes fundos em ações de companhias com fundamentos ruins, como a varejista de games GameStop. No mercado são chamados de sardinhas os investidores mais inexperientes, pois eles geralmente se tornam as vítimas dos mais experientes – os tubarões.

 

A euforia da Revolta, que durou pouco mais de dez dias, poderia levar qualquer pessoa a pensar que, com pouco dinheiro e uma ação coordenada em redes sociais, é possível desafiar o establishment financeiro. A sensação de fazer parte desse momento anula as premissas básicas do bom investidor.

 

Agora que as ações da GameStop estão de volta à Terra, é necessário extrair lições do fenômeno. Muito mais no Brasil, onde quase 3 milhões de pessoas se cadastraram para investir na bolsa nos últimos quatro anos.

 

Em 2017 eu ajudei a fundar uma plataforma de inteligência de mercado para os sardinhas: o TradersClub. Minha plataforma ajuda o investidor mais inexperiente a aprender a operar em condições menos desiguais contra os tubarões.

 

Como plataforma educacional, o TC acredita que a assimetria de mercado exagerada que persiste entre investidores pessoa física e institucionais freou o desenvolvimento de nosso mercado de capitais. Não é por acaso que, desde que entramos em ação, junto com outras empresas que também se preocupam com os pequenos investidores, essa assimetria diminuiu imensamente.

 

Por isso, recomendo extrair os seguintes ensinamentos da Revolta dos Sardinhas:

 

emoção nubla o raciocínio. A impaciência é a pior inimiga de um investidor inexperiente;

 

não seja ganancioso. Entre e saia dos ativos de forma inteligente. Já viu alguém indo à falência embolsando lucros? Ninguém acerta o pico para vender ou o fundo para comprar;

 

entenda que a volatilidade do mercado é o custo do crescimento de capital de longo prazo;

 

caia na real sobre o risco. Ser excessivamente conservador pode significar oportunidades perdidas. Ser ousado demais pode quebrar você. Às vezes, nossos cérebros levam o melhor de nós por excesso ou por defeito, mas sem risco não há recompensa;

 

não se case com um único investimento;

 

abrace a transparência e a segurança. Os mercados são imprevisíveis, assim como as pessoas. Por isso, opere em plataformas e com pessoas de verdade. No TC não aceitamos avatares.

 

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Está ocorrendo uma grande revolução em nosso mercado. Isso não significa que as pessoas vão começar a ganhar dinheiro em um passe de mágica. Nosso dever é municiar uma nova geração de investidores com as ferramentas certas para investir com segurança e assertividade. É o começo de uma jornada incrível para mudar uma história que sempre favoreceu os grandes investidores.

 

Até a próxima.

 

Por Pedro Albuquerque | Coluna publicada na edição 118 da Versatille

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