Amber Venz Box, a mulher por trás do sucesso de vendas LikeToKnow.it

A americana Amber Venz Box, criadora das plataformas rewardstyle e liketoknow.it, fez fortuna conectando influenciadores digitais a marcas interessadas em vender para seus seguidores

Ver Amber Venz Box demonstrar como funciona seu aplicativo permite que se compreenda perfeitamente os números estrondosos que o cercam. Imagine uma rede similar ao Instagram, em que você pode comprar praticamente tudo o que aparece numa foto. De uma saia esvoaçante a uma escrivaninha vintage. De uma caixa de cereal a best-sellers polêmicos, ali se encontra uma infinidade de produtos selecionados por uma miríade de influencers, à venda em poucos cliques.

 

Chamado de LIKEtoKNOW.it, o app movimentou mais de US$ 400 milhões em vendas neste ano e, dentro dele, 1 milhão de buscas por semana. Parece muito, certo? Realmente é, mas os outros números relacionados ao negócio dessa americana do Texas são todos colossais.

 

O aplicativo, lançado em 2017, passou de US$ 1 bilhão em vendas nos primeiros meses. Qualquer pessoa pode baixar e instalar, mas existe um rigoroso processo seletivo para os influenciadores que desejam vender ali – aliás, em geral, só entram convidados. Atualmente, são mais de 30 mil dos principais creators (1000 deles no Brasil) e 4500 lojas on e off-line, como Neiman Marcus e Net-a-porter.

 

 

Agora que esses números todos chamaram a sua atenção, vamos falar da mulher por trás deles. Trata-se de Amber Venz Box, 32 anos, americana de Dallas que, como muita gente de sua geração, suou a camisa em um monte de empregos até ter a ideia disruptiva – só para usar uma palavra em voga no momento – que mudou sua vida. Foi vendedora, personal shopper, tentou a sorte como stylist… Sabia apenas que queria trabalhar em moda. “Desde criança, queria estar nessa indústria”, me disse ela, impecavelmente vestida e maquiada, pontual e profissionalíssima, numa mesa do Palácio Tangará, em São Paulo.

 

Antes de ser app, o LIKEtoKNOW.it funcionava via site + e-mail, e já era um sucesso. “O consumidor criava uma conta que nos permitia ler seus likes de Instagram, e enviar para ele um e-mail com o conteúdo de que ele havia gostado. Dali, era só clicar e comprar.” Hoje, o app faz algo similar, usando até mesmo os prints de tela que você fizer no Instagram, por exemplo.

 

Amber tem como parceiro de negócios o marido, Baxter, desde o começo de tudo, em 2011. Os então namorados deram os passos iniciais quando tentavam encontrar uma maneira de tornar viável a versão digital do trabalho que ela exercia na época, de personal shopper. “Criei um site para buscar novos clientes e facilitar a vida dos que já tinha. Acabou que muita gente se dava por satisfeita em ver online as peças que eu escolhia e eu ficava sem remuneração”, explica a empresária. Nessa luta, nasceu o RewardStyle, que consistia em fazer com que grandes lojas dessem uma comissão a ela por vendas realizadas em seu blog de moda.

 


O que aconteceu depois ilustra bem aqueles posts motivacionais do Linkedin, em que as pessoas associam sucesso a um iceberg: por baixo da porção à mostra existe um pedaço gigante de gelo – que, na versão corporativa, representa dedicação, empenho e afins. Confiante no poder que os blogueiros tinham de impulsionar vendas, Amber bateu de porta em porta das grandes marcas durante dois anos. Tinha como argumentos o fato de que só participava da plataforma quem era convidado, que as marcas só precisavam desembolsar qualquer dinheiro quando houvesse vendas e ainda ganhavam conteúdo sobre seus produtos, criado por gente que os consumia e admirava. Conforme o empreendimento decolava, não perdeu de vista os altos e baixos típicos das redes sociais.

 

“Temos mais de 5000 marcas numa lista de espera para se juntar a nós. Nunca sonhei com algo tão grande, porque, desde o começo, tudo o que eu queria era convencer pelo menos uma empresa a fechar comigo.”

 

Durante sua passagem por São Paulo, Amber cumpriu uma intensa agenda de encontros com nomes importantes de seu ramo. No RewardStyle Day, trocou experiências (e, óbvio, muitas selfies e posts) com 70 influenciadores e marcas parceiras. A empresa hoje tem sete escritórios em quatro continentes, atua em quase 100 países. Sempre buscando as melhores maneiras de adaptar o negócio às particularidades locais.

 

“Aprendemos depressa que se os brasileiros dizem ‘talvez’, na verdade é um jeito educado de recusar”, brinca Philip Kauders, americano radicado por aqui e responsável pelas atividades no Brasil. Está certíssimo, Phil.

 

NEGÓCIOS por Alvaro Leme | Matéria publicada na edição 113 da Revista Versatille

 

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