À frente do primeiro restaurante de sobremesas do Brasil, Rodrigo Ribeiro busca a revolução na confeitaria nacional
O chef confeiteiro e professor inaugurou recentemente o Ara, na Rua Simão Álvares, em Pinheiros
Chef confeiteiro e professor, Rodrigo Ribeiro inaugurou recentemente, em São Paulo, o primeiro restaurante de sobremesas do Brasil. O nome da casa é Ara, que significa “tempo”, em tupi. Confira mais detalhes no bate-papo a seguir.
Versatille: Para as pessoas que ainda não conhecem, como você explica o conceito do Ara?
Rodrigo Ribeiro: O nosso foco é fazer sobremesas no nível de restaurantes de alta gastronomia, mas sem que seja preciso comer os pratos principais até chegar à etapa dos doces. Fazemos a montagem das sobremesas na hora e oferecemos um serviço igual de restaurante, por isso também não somos uma confeitaria.
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V: Como foi o primeiro mês de funcionamento?
RR: Surpreendente! Além de termos um conceito diferente, nós não ofertamos sobremesas muito doces – e o brasileiro está acostumado com muito açúcar, então eu achei que teria uma resistência, mas me surpreendi. Estamos recebendo um público que estava carente desse tipo de sobremesa.
V: Você costuma dizer que “é tempo de revolução na confeitaria brasileira”. Para isso, quais são os próximos passos?
RR: Chega de leite Ninho, leite condensado e Nutella em tudo. Noventa por cento da confeitaria brasileira hoje em dia é regada disso, com muitos industrializados e pouco espaço para os confeiteiros criarem. Dizem que o público pede isso, mas e se a gente oferecer uma nova proposta, com sabores que as pessoas não conhecem? A ideia da revolução começa por aí. Fazer algo mais autoral, com responsabilidade, apoio aos pequenos produtores e criatividade. Como sou professor, acredito na educação para melhorar esse cenário.
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V: Como você explica e defende para as pessoas um menu composto apenas de sobremesas?
RR: Temos o menu-degustação com todos os pratos, que já está funcionando, no estilo omakase. Oito pessoas se sentam no balcão para a experiência. Como as nossas sobremesas não são tão doces, o cliente consegue provar até o fim, sem enjoar. Também trabalhamos muito com contraste, seja de crocância, acidez e amargor, então não são sobremesas monótonas. Elas brincam com o paladar e tornam a degustação prazerosa.
V: Como você enxerga o potencial dos sabores nacionais na confeitaria?
RR: É tempo de brasilidade e de valorizar os sabores e saberes nativos. Não tem por que usar um morango fora de época sendo que o Brasil tem a maior biodiversidade do mundo. Então vamos ressaltar a jabuticaba, a pitanga, as frutas da estação e as nossas técnicas.
Por Beatriz Calais | Matéria publicada na edição 135 da Versatille