À frente da Galeria Botânica, Gabriela Nora criou um refúgio dedicado às flores no meio da capital paulistana
Criada pela empresária, a Galeria é focada em eventos, mas também vende arranjos e decorações
A primeira vez que pisei na Galeria Botânica foi uma surpresa. Estava tudo arrumado para um almoço de imprensa, mas não foi isso que chamou a atenção: a mesa era linda, assim como o arranjo e a decoração, mas o destaque realmente ficou para a paz do local. Mesmo nos ambientes que não estavam focados no evento, tudo era florido, verde e com um cheiro relaxante de natureza. Tudo isso na paulistana Rua Lisboa, no meio do bairro de Pinheiros – e de suas obras.
Após a visita, ficou a vontade de conhecer mais o espaço – algo que só uma conversa com Gabriela Nora, criadora da galeria, poderia solucionar. “Somos uma loja, mas também recebemos eventos e fazemos arranjos e decorações florais para restaurantes, empresas e pessoas físicas. Nosso pilar é: fazemos tudo por meio das flores”, resume ela.
LEIA MAIS:
- 4 profissionais que são referência em consultoria de imagem
- “Hoje em dia, vejo a felicidade no simples”, diz Patrícia Poeta
- Por dentro dos 6 novos hotéis da The Leading Hotels of the World
Em meio ao caos da cidade, Gabriela diz se surpreender com o quanto esse espaço impacta positivamente em sua saúde mental. “Talvez eu não suportasse viver nessa selva de pedra sem a galeria. É um microuniverso de natureza que acaba sendo muito bom para o meu bem-estar. É renovador para mim trabalhar ali. Me sinto mais criativa”, ressalta. De certa forma, é esse tipo de sentimento que ela busca transmitir às pessoas que têm contato com o seu trabalho – seja por meio de arranjos, seja da visita ao local.
No futuro, a ideia é abrir um café ao lado da lojinha, para que as pessoas possam ficar mais tempo por ali e até mesmo levar o computador para fazer o home office em um ambiente mais relaxante. “Ter um escape dentro da cidade é importantíssimo. Além disso, são esses pequenos negócios que dão beleza e personalidade aos bairros”, opina. “O custo de uma operação de varejo é altíssimo. Se colocarmos na ponta do lápis, muitas vezes compensa trabalhar on-line mesmo, mas nós decidimos ser um espaço aberto porque valorizamos essa presença física.”
Por mais que Gabriela sempre tenha tido bastante contato com a natureza, não foi por conta da sua paixão pelas ondas das praias de Florianópolis (onde nasceu e cresceu) nem pelas memórias do sítio de seus avós paternos que ela abriu a Galeria Botânica. Na realidade, tudo aconteceu de uma forma muito orgânica. Sem grandes planos por trás.
Ao longo de 25 anos, a empresária trabalhou como bailarina, tendo passado por diversos projetos nesse mesmo universo. Atuou como dançarina, diretora e coreógrafa, mas decidiu desacelerar a carreira quando teve o seu segundo filho. “A minha vida era muito corrida. Muitos ensaios, viagens, eventos, e eu decidi que queria passar mais tempo com os meus filhos e que era hora de não ter mais aquela vida de dançarina profissional. Foi quando eu comecei a ficar mais em casa e me dedicar cada vez mais a fazer mesas postas”, conta.
Em alguns meses, Gabriela criou um perfil no Instagram para compartilhar as decorações de suas mesas e começou a fazer cursos na área, o que fez com que algumas empresas se interessassem e contratassem seu trabalho. “No meio do processo, comecei a gostar muito de flores. Fiz uma formação na Escola Brasileira de Arte Floral, em Holambra, e foi aí que tudo realmente começou. Realizei alguns trabalhos com arranjos em editoriais de revistas e recebi o convite de ocupar um espaço na galeria de arte de uma amiga. Após um ano com essa experiência, abri o meu local, que hoje é a Galeria Botânica.”
Atualmente, o local é realmente uma segunda casa para ela. “Tudo mudou quando eu entendi que flor é arte e que eu poderia desdobrar o meu trabalho nessa estética. Quem trabalha com criação não para de criar. Eu trouxe a minha vivência artística, com dança contemporânea, para o universo das flores. É esse tanto de experiências que faz a galeria ser o que é”, conclui.
Por Beatriz Calais | Matéria publicada na edição 134 da Versatille