Dia do Amigo: 11 negócios gastronômicos que nasceram de amizades

Criada na Argentina, data comemorativa foi inspirada pela chegada do homem à lua e se espalhou pela América Latina

Helena e Maria Tereza (Foto: Wellington Nemeth)

De origem argentina, o Dia do Amigo foi instituído, inicialmente, por iniciativa do professor de psicologia e filósofo Enrique Ernesto Febbraro. Ele se inspirou na chegada do homem à lua, em 20 de julho de 1969, por considerar esse evento não apenas uma vitória científica, como também uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. A ideia foi ganhando adeptos e se espalhando pela América Latina, até que, em 1979, o governo argentino declarou oficialmente a data comemorativa no dia 20 de julho.

 

Mundialmente, no entanto, também há o Dia Internacional da Amizade, que foi proclamado em 2011 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e é comemorado no dia 30 de julho. O objetivo, nesse caso, é promover a amizade entre povos, culturas e indivíduos, em um esforço pela paz.

 

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No Brasil, a amizade tem inspirado bons negócios. O que não faltam são casos de parcerias bem sucedidas que nasceram no jardim de infância, na faculdade ou mesmo com um chopinho na mesa de bar. Confira algumas histórias de amizade que contribuíram para a boa mesa paulistana:

 

Aiô e Mapu Baos e Comidinhas 

 

Victor Valadão e Caio Yokota (Foto: Nani Rodrigues)

 

Victor Valadão e Caio Yokota se conheceram em 2015, na Universidade Anhembi Morumbi. Com o tempo, foram se aproximando, pois ambos já trabalhavam em restaurantes e costumavam compartilhar os desafios do dia a dia. Durante a graduação, chegaram a trabalhar juntos no TUJU, casa premiada do chef Ivan Ralston.

 

Após o fim do curso e da experiência no TUJU, Caio se uniu a Duilio Lin, um amigo que conheceu durante sua primeira graduação em engenharia de alimentos, e começou a desenhar a ideia do Mapu Baos e Comidinhas, até então em formato de foodtruck. O projeto foi evoluindo, até que Victor, Caio e Duilio firmaram parceria oficial e decidiram tirar a ideia do papel para abrir o restaurante. Há cerca de um ano, a amizade e parceria se fortaleceu ainda mais com a abertura de uma segunda casa, o Aiô – uma oportunidade de validar ainda mais a amizade e o sistema de trabalho que construíram juntos (Victor e Caio como chefs, Duilio mais focado na gestão).

 

Braca Bar

 

Augusto e Kadu (Foto: Beto Gerbasi)

 

De uma visita improvisada de Augusto Vianna ao Rio de Janeiro, uma amizade com Kadu Tomé surgiu — ambos já trabalhavam no segmento de bares e, em uma conversa regada a chope, perceberam que tinham uma grande afinidade. “Logo estávamos buscando um ponto em São Paulo para a nossa primeira casa juntos”, relembra Vianna. Encontraram o imóvel ideal na Rua Doutor Renato Paes de Barros, no Itaim Bibi, e assim nasceu o Braca, com ambiente de boteco arrumadinho, chope bem gelado e petiscos inspirados no clima carioca.

 

NOU

 

Paulo e Amilcar (Foto: Karol Machado)

 

A amizade de Amílcar Azevedo e Paulo Sousa nasceu na sala de aula, mais precisamente na escola de gastronomia do Senac Santo Amaro. “Fazíamos faculdade juntos e, por uma coincidência, acabamos no mesmo grupo para um trabalho”, recorda Azevedo. “Criamos um plano de negócio de alimentação e debruçamos juntos sobre ele como projeto de conclusão de curso”, lembra. Ambos foram aprovados em novembro de 2007 e, na virada para o ano seguinte, se encontraram para tomar um chope. “Foi ali que decidimos transformar aquele projeto em realidade.”

 

Na busca por um local próximo a bairros gastronômicos como Itaim Bibi, Vila Madalena e Moema, encontraram o imóvel perfeito na região hoje conhecida como Baixo Pinheiros. Nascia assim o NOU, que hoje conta com três unidades.

 

St. Chico

 

Helena e Maria Tereza (Foto: Wellington Nemeth)

 

Foi como juntar a fome com a vontade de comer. Helena Mil-Homens e Maria Tereza Silvério se conheciam desde o jardim de infância, em Ribeirão Preto. “A gente era pequena, estudava na mesma escola e fazia parte de uma turma grande de amigos”, lembra Helena. “E como os nossos pais trabalhavam fora, sempre passávamos os dias uma na casa da outra”. O tempo passou e cada uma seguiu seu caminho, mas voltaram a se encontrar nos tempos de faculdade.

 

“Ela foi cursar hotelaria e eu, gastronomia”, conta Helena. Os encontros se tornaram ainda mais recorrentes depois de formadas, quando ambas foram trabalhar em restaurantes e hotéis na capital paulista. De uma de suas mochiladas pela Europa, Helena – que então já se dedicava a estudar os pães de fermentação natural -, voltou com a ideia de abrir a St. Chico. “A Tetê foi a primeira pessoa que pensei para ser minha sócia, não só pela amizade mas também pela expertise dela com o cliente e o serviço”. Com o projeto em mãos, convidaram outros dois sócios para o negócio: Cyril e Jean-Pierre Bernard.

 

Caledonia Whisky & Co.

 

Guilherme Valle e Maurício Porto (Foto: Divulgação)

 

Os sócios e amigos paulistanos Maurício Porto e Guilherme Valle ingressaram no universo do uísque como admiradores e entusiastas da bebida. Em 2015, fundaram o blog “O Cão Engarrafado”, escrito por Maurício até hoje, que se tornou referência no assunto com uma linguagem simples para abordar a cultura do destilado.

 

Da experiência com o blog, a dupla começou a organizar eventos e degustações para grupos fechados, ainda em esquema cigano. A imersão cada vez mais profunda e apaixonada fez com que, em 2020, abrissem as portas do Caledonia Whisky & Co. para materializar essa trajetória em um único espaço.

 

Bar Original

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Edgard Bueno da Costa, Ricardo Garrido e Sérgio Bueno de Camargo já eram frequentadores assíduos de clássicos bares paulistanos como Frangó, Léo, Elídio e Juriti. E foi pensando na lista de coisas que mais gostavam em cada um deles que surgiu o projeto do Original. Os três amigos se uniram a Fernando Grinberg e Mario Gorski e, em 29 de agosto de 1996, a ideia ganhou forma em uma tranquila rua de Moema.

 

La Braciera

 

Foto: Divulgação

 

Gustavo Brunello tinha amigos em comum com Daniel Luco. Guilherme Paim conhecia Marcos Paulo desde a infância, que por sua vez sempre foi próximo de Daniel. O destino fez com que esses quatro empresários, loucos por empreendedorismo, se juntassem. “Conversei com o Daniel pela primeira vez em uma confraternização de um curso de inglês”, conta Brunello. “Saímos de lá com a ideia de abrirmos algo juntos.” A partir dessa nova amizade, os dois tentaram emplacar negócios de todo tipo: de açaí no cone a caldo de cana pronto para o consumo.

 

Mas foi em uma tradicional pizzaria de Higienópolis, que parecia ter parado no tempo, que eles encontraram a oportunidade que procuravam. “A família do Daniel tinha pizzaria há mais de trinta anos”, explica. Ao lado de Guilherme e Marcos Paulo, eles assumiram o espaço e decidiram que, ali, seriam vendidas pizzas à moda napolitana. E foi assim, com farinha italiana e fermento natural, que transformaram o pequeno negócio em uma rede com unidades espalhadas pela cidade de São Paulo.

 

BEC Bar

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

Foi em um domingo qualquer que Gustavo Iglesias acordou com vontade de uma cerveja artesanal e uma boa carne. “Não consegui achar um lugar do jeito que eu queria”, garante ele. Nascia ali a vontade de abrir um bar para unir essas duas paixões. Tratou de reunir alguns amigos para discutir a ideia. Entre eles estava o empresário Guigo Barros. “Eu quase abri um negócio do gênero com ele anos antes, então era natural que o chamasse”. Outros amigos – alguns dos tempos de colégio – foram se juntando ao grupo e, no fim, uma turma de dez pessoas abriu o BEC Bar, cujo nome faz justamente uma abreviação de “breja” e “churras”.

 

Confeitaria DAMA

 

Foto: Ricardo D’Angelo

 

A confeitaria Dama é a união perfeita entre Mariana e Daniela Gorski, cunhadas e amigas que decidiram virar sócias e transformar o hobby na culinária em trabalho. Antes da DAMA nascer, Mariana trabalhava como gerente de produto no marketing da Natura e precisava fazer muitas viagens a trabalho, o que começou a gerar incômodo após o nascimento de seu primeiro filho. Enquanto planejava o seu desligamento da empresa, em uma conversa com a cunhada, Daniela, surgiu a ideia de abrir uma fábrica de doces. As duas já amavam cozinhar e, a partir daí, foram se especializar para transformar o sonho em realidade. Hoje, a casa possui seis casas em São Paulo e atende a eventos corporativos e familiares.

 

Cais

 

Guilherme Giraldi e Adriano de Laurentiis (Foto: Bruno Geraldi)

 

Adriano de Laurentiis e Guilherme Giraldi se conheceram no Corrutela e ficaram muito próximos, trabalhando muito bem como uma dupla. Guilherme saiu para procurar novos rumos e Adriano seguiu na cozinha do chef Cesar Costa por mais algum tempo, mas a amizade não esfriou. Em uma conversa, decidiram abrir um restaurante juntos.

 

Antes do Cais estar pronto para abrir as portas, os dois fizeram uma série de jantares no apartamento em que Adriano morava, a fim de testar as receitas do restaurante. A cozinha era rudimentar, com um fogão quebrado e um forninho elétrico, mas mesmo assim saíram coisas muito legais dali.

 

Teus e Votre 

 

Francisco Farah e Pedro Grando (Foto:Angelo Dal Bo)

 

Francisco Farah e Pedro Grando se conheceram em 2012, quando trabalhavam na reformulação do Bistrô Charlô. Após alguns anos de parceria, Pedro decidiu mudar de ares e explorar as possibilidades no exterior. “Eu dizia que só voltaria ao Brasil quando abríssemos um restaurante juntos”, conta Pedro. O desejo virou realidade e, em 2016, Pedro e Chico exploraram uma área até então intocada no Baixo Pinheiros, inaugurando o Teus, restaurante de pegada ibérica na Rua Natingui, 1548. A amizade se fortaleceu e, em 2022, a paixão pelos clássicos franceses deu início ao Votre, irmão-vizinho, na mesma rua, número 1520. Para o futuro, além de cuidar com carinho dos dois restaurantes, ideias de novos negócios entre os amigos-sócios estão em curso.

 

 

Por Beatriz Calais

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