Barbiecore: entenda a ascensão da tendência e como ela é representada
Inspirado em elementos estéticos dos anos 1980 aos anos 2000, o estilo traz à tona a força dos símbolos femininos
Em abril de 2022, foi anunciado pela primeira vez que a icônica boneca Barbie seria tema de um filme dirigido por Greta Gerwig e, após muita espera e suspense, o trailer oficial foi divulgado na última semana, o que gerou repercussão imediata. Segundo o veículo norte-americano Business of Fashion, nas horas após o lançamento do teaser, as pesquisas relacionadas à “moda Barbie” dobraram – os dados foram extraídos do Google Trends. As pesquisas por “fluffy mules”, por exemplo, que fazem referência aos saltos com plumas usados por Margot Robbie na cena de abertura, aumentaram 115%.
Desde que apareceu pela primeira vez nas prateleiras, em 1959, a boneca “contamina” a indústria fashion. Na década de 1990 e anos 2000 a Barbie se tornou referência de popularidade no setor da moda, devido às roupas criadas por estilistas famosos para bonecas de linhas especiais. Mas, no período recente, e Barbie ressurge a partir da tendência barbiecore. No TikTok, por exemplo, onde virilizam estéticas, a hashtag #barbiecore, já acumula mais de 277 milhões de visualizações.
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Antes mesmo das imagens antecipadas do filme de Greta – que tem estreia prevista para 21 de julho nos cinemas brasileiros -, um importante catalisador do estilo foi o desfile de outono da Valentino, realizado em março de 2022, que apresentou a cor apelidada de “Valentino Pink PP”, desenvolvida pela equipe comandada por Pierpaolo Piccioli, diretor criativo da grife. Após o show, celebridades passaram a exibir o tom com frequência em tapetes vermelhos e nos palcos de festivais.
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No Grammy de 2022, a cor se destacou no conjunto de top e saia, vestido pela cantora Saweetie, e no gorro em tom fúcsia, usado por Justin Bieber. Já no Coachella, Harry Styles vestiu um figurino todo em tons de rosa, com calça metálica e casaco de plumas. Além de marcar presença nos festivais e premiações, o barbiecore foi tema das festas de aniversário de 38 anos de Khloe Kardashian e 32 anos de Margot Robbie – celebrado, inclusive, durante as gravações do filme com um bolo de aniversário da Barbie.
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Já no Brasil, Marina Ruy Barbosa aderiu à estética em um evento de gala que aconteceu em São Paulo, em agosto de 2022, trajando vestido e luvas na cor Pink PP, bem como uma bolsa brilhante da grife italiana. A influenciadora de moda Lívia Nunes, por sua vez, desde o ano passado tem aparecido em campanhas editoriais e postagens no seu Instagram com looks nos tons do barbiecore. Pedro Sampaio também se destacou na tendência ao vestir pink dos pés à cabeça no clipe da música “Olhadinha”, em parceria com Zé Felipe.
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A tendência se materializa atualmente em inspirações provenientes da década de 1980 e o início dos anos 2000. Algumas silhuetas marcantes incluem minivestidos e a “fit and flare”, que é mais justa na cintura e alargada nos quadris ou abaixo deles. Os acessórios e detalhes são plumas, brilho e presilhas de cabelo. Embora o rosa choque seja o destaque, as tonalidades chiclete e fúcsia também fazem parte da estética.
Os sapatos, sempre muito femininos, variam de escarpins altíssimos até jelly shoes, que são sandálias feitas de plástico com acabamento brilhante, colorido ou translúcido. Um exemplo fiel é a coleção lançada em março de 2022, pela Larroudé, em colaboração com a Barbie – primeira na história feita para seres humanos -, que trouxe dois modelos inspirados na boneca e até mesmo um sapato e bolsa idênticos aos que já “vestiram” o brinquedo.
Apesar da moda ser seu canal mais evidente, a tendência tem dominado outras áreas criativas, como a decoração de ambientes. Em março deste ano, a marca Tintas Coral lançou uma coleção de 14 cores com a Barbie para colorir paredes e tetos de lares reais. A ideia da colaboração é incentivar arquitetos e decoradores a perderem o medo e promoverem uma decoração mais alegre, ousada e com bastante identidade.
A estética da Barbie já levantou muitos questionamentos sobre padrões de beleza, mas o seu ressurgimento e popularidade atual parecem apontar para um movimento de resgate a símbolos considerados femininos, sem estereótipos de futilidade e superficialidade. Ao invés de se render a estilos e posicionamentos pré-concebidos como masculinos a fim de conquistar respeito, a estética também abrange a ideia de liberdade para assumir a cor rosa de forma séria, que denota força e que é digno de admiração.
Por Laís Campos