Além da SP-Arte: 10 exposições para conferir na última semana de março na capital

Nos arredores de uma das maiores feiras de arte da América Latina também há muita opção cultural

Divulgação MASP

No final de março, uma das mais importantes feiras de arte da América Latina, a SP – Arte, retorna a São Paulo para a sua 19ª edição. De 29 de março a 02 de abril, o Pavilhão da Bienal recebe mais de 150 expositores, entre galerias de arte nacionais e internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços independentes.

 

Sede tradicional da SP–Arte desde sua criação, o Pavilhão da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer, abrigará expositores de oito países (Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, e Uruguai) e 20 cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Brasília e São Paulo. No entanto, essa não é a única opção de passeio para quem gosta de acompanhar a cena cultural da capital paulista.

 

Nos arredores da SP-Arte, há outras exposições que valem a visita. Confira a seguir:

 

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Japan House São Paulo recebe a mostra “DESIGN MUSEUM JAPAN: investigando o design japonês” 

 

Trabalho de Koichiro Tsujikawa (Foto: Cortesia de NHK Promotions Inc)

 

A nova exposição da Japan House, que vai de 28 de março a 11 de junho, traz a pesquisa de oito criadores que exaltam a história dos “tesouros do design” presentes no cotidiano de diferentes províncias japonesas em um estilo de vida desenvolvido desde o período Jomon, há 10 mil anos. Organizada pela NHK, emissora pública do Japão, juntamente com a NHK Promotions e NHK Educational, a mostra faz parte do projeto de itinerância global da Japan House — tendo início em São Paulo e logo seguindo para Los Angeles e Londres.

 

“Quando pensamos na cultura nipônica, uma das primeiras referências que surgem é o design, porém não há hoje um museu dedicado exclusivamente a este assunto no Japão”, explica a produtora-chefe da NHK, Kyoko Kuramori, responsável pela mostra na JHSP. “Nesse sentido, essa exposição cumpre um papel importante de reunir diferentes itens presentes no cotidiano do japonês a partir do olhar desses renomados criadores, que muito diz a respeito de aspectos atemporais da vida local, da paisagem, da história de diferentes regiões do país, mostrando que basta um olhar curioso para encontrar o design em quase tudo o que nos cerca.”

 

Para Natasha Barzaghi Geenen, Diretora Cultural da Japan House São Paulo, “as histórias trazidas nesta exposição são uma descoberta de riquezas da cultura e do cotidiano japonês pela ótica de grandes artistas”. Entre os criadores, há nomes de destaque internacional, como Akira Minagawa, Reiko Sudo, Tetsuya Mizuguchi, Tsuyoshi Tane, Kenya Hara, Koichiro Tsujikawa, Kumiko Inui e Kumihiki Morinaga.

 

Serviço:

Local: Japan House São Paulo, 2º andar – Avenida Paulista, 52, São Paulo/SP

 

MASP estreia duas mostras de artistas indígenas

 

Divulgação

 

Em 2023, o MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) está dedicado a voltar os holofotes para as histórias indígenas. Em novembro do ano passado, Edson Kayapó, Kássia Borges Karajá e Renata Tupinambá foram anunciados como os novos curadores adjuntos de arte indígena do museu, o que reforçou a intenção do espaço em dar voz aos povos originários. Como parte dessa iniciativa, a última semana do mês de março marca o início de duas novas mostras de artistas indígenas: “Mahku: Mirações” e “Carmézia Emiliano: a árvore da vida”.

 

As duas exposições abrem hoje (24) e permanecem no museu até junho. “Mahku: Mirações” apresenta a maior mostra do coletivo indígena acreano Movimento dos Artistas Huni Kuin, também conhecido como Mahku. São 120 pinturas — sendo três delas produzidas exclusivamente para a exposição —, esculturas, áudios, vídeo documentário e uma grande pintura nas laterais da escada que liga o 1° ao 2° subsolo do museu.

 

Já a mostra “Carmézia Emiliano: a árvore da vida” conta com 35 obras de arte que são divididas em sete núcleos que abordam temas relacionados à subjetividade da artista e à vida em comunidade. Entre os destaques, há registros da transmissão de saberes entre gerações, a rede de apoio entre as mulheres e o respeito e a cooperação dos povos com a natureza.

 

Serviço:

Local: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, SP

 

O Museu de Arte Moderna de São Paulo está com quatro exposições em cartaz 

 

Exposição “Diálogos com cor e luz” (Foto: Divulgação)

 

A agenda dos próximos meses no MAM de São Paulo está movimentada, com exposições para todos os gostos e preferências. Uma visita ao espaço rende diversas experiências:

 

– Na Sala Milú Villela, a exposição “Ianelli 100 anos” celebra o centenário de Arcangelo Ianelli (1922-2009), artista que dedicou sua pesquisa à busca pela essência da cor e da luz. Aberta ao público até 14 de maio, a exposição tem curadoria de Denise Mattar e apresenta um panorama da obra do artista.

 

– Já na Sala Paulo Figueiredo,  está em cartaz até 28 de maio a exposição “Diálogos com cor e luz”, com curadoria de Cauê Alves e Fábio Magalhães. A mostra traz um recorte da arte abstrata na coleção do MAM, com foco nas relações entre cor e luz na pintura brasileira da segunda metade do século 20, por meio de pinturas de artistas como Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Lygia Clark, Tomie Ohtake e Paulo Pasta.

 

– Na Sala de Vidro, está exibida a instalação “Nosso Mundo” (2022 – 2023), trabalho inédito da artista Shirley Paes Leme que dialoga com o entorno do museu e instiga o público a pensar sobre as condições climáticas. A obra permanece no MAM São Paulo até o dia 9 de julho.

 

– Por último, mas não menos importante, a exposição “A biblioteca de Aracy Amaral: referências e exposições” traz ao público uma seleção das mais de 700 publicações da biblioteca particular da crítica e curadora Aracy Amaral, doadas por ela para compor o acervo da Biblioteca Paulo Mendes de Almeida (a biblioteca do MAM), onde a exposição está sediada até o dia 14 de julho.

 

Serviço:

Local: Parque Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/n° – Vila Mariana, São Paulo

 

Usina Luis Maluf apresenta “Bicho Homem”, de Bordalo II

 

Divulgação

 

Marcando a primeira mostra individual do artista português no Brasil, a Usina Luis Maluf apresenta “Bicho Homem”, com mais de quarenta obras inéditas de Bordalo II expostas ao público de 28 de março a 3 de maio. Nos seus trabalhos, o artista tem uma abordagem crítica ao consumo excessivo das sociedades atuais. “Bicho Homem” explora este tema focando nas consequências das dinâmicas de consumo que, para além do peso ambiental, têm um enorme impacto nas cidades, que tornaram-se epicentros de desigualdade e conflito.

 

Essa exposição reflete sobre como tal desigualdade pode dar asa à destruição da paz e do equilíbrio, o que pode comprometer o retorno a um caminho harmonioso entre os bichos e os seres humanos. “Quando pensamos nos animais, somos imediatamente remetidos para um universo mais puro e natural – aquele que no nosso imaginário nos aparece espontaneamente como o lugar natural dos animais. Se aplicarmos essa mesma perspectiva à raça humana, qual será o ambiente que lhe é mais natural, onde o homem existe de forma mais pura?”, reflete o artista.

 

“Quando olhamos para as cidades modernas, a realidade é bem mais complexa. Longe da natureza, a dualidade resume-se muitas vezes aos que têm e aos que não têm: aos que têm trabalho, têm casa, têm acesso à educação, têm acesso à saúde, têm dinheiro, têm estabilidade e têm a possibilidade de pensar num futuro e realizá-lo, e aos que nada têm e cuja existência é esculpida pela ausência de possibilidades. A estes últimos resta-lhes sobreviver. Esta luta diária faz da cidade não um local de desenvolvimento, progresso e bem estar, mas um lugar hostil, de opressão e violência”, completa.

 

O trabalho de Bordalo costuma partir da reutilização de materiais descartáveis para discutir questões ambientais. Todas as obras e murais feitos pelo artista durante suas vindas ao Brasil foram garimpados em cooperativas de reciclagem ao redor da Usina Luis Maluf, na Barra Funda. Além das 40 obras expostas, a mostra ainda conta com uma escultura autoportante, algumas em vídeo e outras com elementos esculpidos em cerâmica. De forma geral, todas elas são compostas por objetos descartados, organizados de maneiras diferentes e que criam texturas e contextos diferenciados.

 

Serviço:

Local: Usina Luis Maluf – R. Brg. Galvão, 996 – Barra Funda, São Paulo

 

Galeria Bianca Boeckel recebe a mostra individual “Larissa Camnev: Amarras”

 

Divulgação

 

“Fecha as pernas” — recita a voz branda da bisavó de Larissa Camnev. Uma frase presente na vivência de toda mulher. É a partir dessa instrução, encabeçada por outras que desaceleram a espontaneidade feminina, que a artista brasileira compõe a mostra “Larissa Camnev: Amarras”, sua primeira individual na galeria Bianca Boeckel, que está disponível desde o dia 22 de março e permanece em cartaz até 3 de maio.

 

A escolha de suas matérias-primas surpreende: saltos, meias, manequins e agulhas retomam a discussão sobre a fetichização dos corpos, assim como nos põem à prova sobre a dor e a estrutura masoquista da qual nos tornamos reféns. Em contrapartida, a artista nos mostra tais objetos contextualizados em funções distintas, como em um aviso sobre seus verdadeiros objetivos e propostas. É o caso das meias-calças, que durante a guerra não podiam ser compradas por muitas mulheres. Aprisionadas em padrões estéticos, elas rendiam-se a um aparato que desenhava a costura da peça em suas pernas, como para simular uma sensualidade inexistente naqueles tempos.

 

A cor de sua pele, que repetidamente aparece na produção de Camnev, também retoma o eixo de nosso invólucro, remetendo à pele dos dois sexos – os órgãos sexuais, mas também os corpos das pessoas de sexos diferentes – que não são nada diferentes. É por meio de um trabalho consistente que Camnev discute o papel feminino, refletindo também sobre as distâncias que nos foram impostas e amarras prontas para serem estendidas ou rompidas. Um passeio intuitivo pela formação do nosso ser.

 

Serviço:

Local: R. Domingos Leme, 73 – Vila Nova Conceição, São Paulo

 

Marilia Razuk recebe a galeria argentina Herlitzka & Co. 

 

Obra de Karina Peisajovich (Foto: Divulgação)

 

A exposição “Conceitos e simbolismo abstratos na arte argentina hoje: Alicia Herrero, Karina Peisajovich e Candelaria Traverso” integra a programação do projeto Condo 2023, na Galeria Marilia Razuk. O programa colaborativo internacional entre galerias de arte acontece anualmente em diversos locais do mundo, como Londres e Nova York. A cada edição, vários espaços de uma mesma cidade recebem artistas de outros países.

 

É a vez do Brasil e, em parceria com a instituição argentina Herlitzka & Co., a Galeria Marilia Razuk apresenta, a partir do dia 25 de março, uma exposição que destaque o trabalho de três artistas argentinas: Alicia Herrero, Karina Peisajovich e Candelaria Traverso.

 

Alicia Herrero nasceu em 1958, em Buenos Aires, na Argentina, e costuma transformar o intrincado universo de gráficos socioeconômicos em pinturas sobre telas e aquarelas. Karina Peisajovich, nascida em 1966, também em Buenos Aires, desenvolve a maior parte de sua produção na área de pintura e Op Art, trabalhando com luz e cor. Por meio de desenhos a lápis sobre papel, ela faz uma investigação sobre a teoria das cores.

 

Já Candelaria Traverso nasceu em 1991, em Córdoba, na Argentina, e aborda a simbologia, a cultura e os designs pré-hispânicos em suas obras. A série “Chakanas”, por exemplo, vincula a apropriação da herança dos povos originários com o mundo contemporâneo das feiras marginais.

 

Serviço:

Local: R. Jerônimo da Veiga, 131 – Itaim Bibi, São Paulo

 

Por Beatriz Calais

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