7 exposições para visitar no mês de março

Entre São Paulo, Maranhão e Bahia, a cena artística nacional se movimento no terceiro mês do ano

Japan House (Foto: Estevam Romena)

O ano mal começou e a agenda de eventos culturais já está movimentada ao redor do país. Ao longo do mês de março, diversas mostras individuais em pequenas galerias e em grandes museus serão inauguradas pelo territórios brasileiro, nos estados de Maranhão, São Paulo e Bahia. A data também reserva a 19º edição da SP–Arte 2023, uma das maiores feiras de arte da América Latina.  

 

Confira, a seguir, 7 novidades do universo da arte que inauguram em diferentes estados do Brasil ao longo do mês de março:  

 

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“ESSÊNCIA: Jardim Interior – Atsunobu Katagiri”, na Japan House São Paulo 

 

(Foto: Estevam Romena)

 

Com base no contraste entre a flora brasileira, vasta e exuberante, e a japonesa, mais delicada, o artista e mestre em Ikebana, Atsunobu Katagiri, que expõe pela primeira vez na América Latina, criou uma instalação botânica inédita que vai ocupar o térreo da Japan House São Paulo de 7 de março a 30 de abril. A exposição gratuita é um convite a um momento de contemplação na agitada Avenida Paulista, e à reflexão sobre a presença essencial da natureza em todos os âmbitos da vida. Conhecido por sua abordagem contemporânea no uso de plantas e flores, Katagiri combina em seu trabalho aspectos criativos tradicionais e questões atuais.  

 

Na Japan House São Paulo, as paredes de vidro serão cobertas por imagens de flores de várias origens, que foram selecionadas, escaneadas e ampliadas pelo próprio artista, criando um clima mais intimista e acolhedor no espaço. Os visitantes encontrarão um ambiente com diversas plantas, flores e substratos, como musgo, por exemplo, que representam, no Japão, conceitos como beleza, simplicidade e sofisticação, além da estética do wabi-sabi (transitoriedade e imperfeição).  

 

Por se tratar de uma instalação “viva”, ao longo de oito semanas será possível observar os diferentes ciclos naturais de cada elemento; espécies que se desenvolvem e outras que chegam ao fim. Mais do que trazer a natureza para dentro da cidade, o artista faz uma homenagem à sua força regeneradora, sem domá-la. A exposição contará com extensa programação paralela com a participação de Katagiri como palestras, workshops e visitas guiadas. Por meio do programa JHSP Acessível, a exposição conta com recursos de audiodescrição, libras e bancada com elementos táteis para tornar a visita mais inclusiva. 

 

Serviço: 

Data: de 7 de março a 30 de abril de 2023 

Endereço: Avenida Paulista, 52 – São Paulo, SP 

Horário: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h Entrada gratuita.  

Reservas online antecipadas (opcionais): https://agendamento.japanhousesp.com.br/ 

 

“BAHIA… MINHA”, de Leo Laniado, na Galeria Hugo França, em Trancoso 

 

 

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A mostra, que estreia em 14 de março na Galeria Hugo França, em Trancoso, reúne memórias de cinco décadas de experiências vividas por Leo Laniado em solo baiano, traduzidas em obras de arte. Entre elas, o banho de rio, a pesca, a calmaria e a lata que, na verdade, era seu brinquedo mais apreciado. A exposição reúne mais de 40 obras, selecionadas dos seus últimos sete anos intensos de produção, gerados em aplicativos de pintura de seu Ipad  e impressos com alta tecnologia em papel de algodão, onde questiona as semânticas da cor. São desenhos em tons ocres, carregados de muita história e permeados por “coisas que estavam lá atrás e estão ressurgindo, voltando agora”, como explica Leo. 

 

Apesar de representarem a essência da Bahia, as criações foram, instintivamente, trazendo elementos do cotidiano baiano, como o mar, côco e velas, não porque um dia fariam parte de uma exposição com esse tema, mas porque são memórias saudosas e genuínas, que mesclam uma atmosfera onírica e o mundo real da experiência de ser um dos primeiros “biribandos”  – termo utilizado pelos índios para designar os “forasteiros” – a chegar no balneário; como cita o próprio artista na frase “Antes de nós, só Cabral”, que compõem o enredo da mostra.  

 

Maré Alta, Luz ao Entardecer, Pescadores, Namorados, Mesa Posta, Sábado, Contemplação e Praia do Itaipe são algumas das obras com nomes autoexplicativos que, ao lado de outras dezenas, dão vida à “BAHIA… MINHA. No dia da estreia, haverá uma programação com performances artísticas do grupo de capoeira regional, sob o comando de Mestre Diney, da Casa de Cultura de Trancoso, a fim de celebrar o Festival de Música de Trancoso, que inicia no dia seguinte. 

 

Serviço:  

 

Data: a partir de 14 de março, de segunda a sábado. 

Endereço: Rodovia BA 001 s/n, próximo ao trevo Trancoso/Caraíva, Trancoso 

Horário: das 10h às 17h. Aos domingos, visita mediante agendamento. 

 

“Rádio no Brasil”, no MIS, em São Paulo 

 

 

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No dia 3 de março, será inaugurada no Museu da Imagem e do Som (MIS), a exposição “Rádio no Brasil”, que reúne fotos, documentos, instalações interativas e equipamentos em uma linha do tempo interativa. A mostra inclui também um aplicativo que permite acesso para conteúdos extras, como trechos de 14 depoimentos colhidos exclusivamente para a exposição, que posteriormente integrarão o Acervo MIS (entre eles, os testemunhos do empresário Paulo Machado de Carvalho Neto e dos jornalistas Heródoto Barbeiro e Salomão Ésper.  

 

Entre os destaques, estão os aparelhos de rádio de diferentes décadas, itens pertencentes ao próprio acervo do museu. Os programas de notícias e humor, as transmissões das partidas de futebol e as radionovelas, também são abordados na exposição. A mostra tem consultoria de conteúdo de Milton Parron, pesquisa e redação do jornalista Maurício Nunes e parceria institucional com a Associação das Emissoras Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP), o Grupo Bandeirantes de Comunicação e o Museu Brasileiro de Rádio e Televisão. 

 

Bônus: no mesmo dia, também será inaugurada a exposição integrada à anterior, “Padre Landell: o homem que inventou o futuro”, que apresenta o brasileiro responsável pela invenção precursora do rádio. Uma peça que chama a atenção é o transmissor de ondas (wave transmitter), peça produzida em tamanho real, pelo colecionador Marco Aurélio Cardoso de Moura, com base nos escritos de Landell.  

 

Serviço:  

 

Data: 03 de março a 16 de abril de 2023 

Endereço: : MIS – Avenida Europa, 158, Jardim Europa – Espaço Expositivo 1º andar 

Horário: terça a sexta, de 11h às 20h; finais de semana e feriados de 10h às 19h 

 

“Não vejo a hora”, de Leonora de Barros, na Gomide&Co, em São Paulo 

 

 

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A exposição individual de Lenora de Barros, “Não vejo a hora”, irá inaugurar a nova sede da galeria Gomide&Co, no corredor cultural da Avenida Paulista, com um espaço de 600 metros quadrados no térreo do Edifício Rosa, inteiramente reformado pelos premiados arquitetos da Acayaba + Rosenberg. A mostra contempla doze trabalhos, em sua maioria inéditos, que têm como fio condutor  uma reflexão sobre o tempo. Desde fotografias, vídeo, instalação sonora até uma mesa de ping-pong transfigurada, a artista joga e convida os espectadores a jogarem também com as relações entre linguagem, temporalidade e corpo. 

 

No lado de fora , o visitante já é recebido pela obra Não vejo a hora (2023), que enuncia e anuncia o título da exposição por meio de um letreiro em movimento. Ao se apropriar de uma expressão usada no discurso coloquial brasileiro, Lenora traz à tona a noção de tempo e a reflexão sobre como nos relacionamos com ele. Ao abordar questões temporais e linguísticas, a artista também desconstrói a utilidade de aparelhos para medir o tempo. Entre as obras expostas, quatro têm ponteiros de relógios em sua composição. Em “Previsão” (2023), por exemplo, é possível ver um  par de fotografias, no qual linhas das palmas de duas mãos formam uma cartografia sobre a qual pousam os ponteiros.  

 

Assim, os trabalhos reunidos em “Não vejo a hora” abordam a relação conturbada da sociedade com o tempo na modernidade. Para “pregar uma peça no tempo”, Leonora de Barros subverte as convenções por meio de seu repertório poético ao utilizar estratégias do verbivocovisual, que designa uma forma de apresentação de um poema, em que o texto é organizado em linha com os aspectos gráficos e fonéticos das palavras. Assim, ela busca incentivar, com rigor e humor, os visitantes a pensarem em outras formas de se relacionarem com o tempo. 

 

Serviço:  

Data: 08 de março a 13 de maio 

Endereço: Avenida Paulista, 2644. São Paulo – SP.  

Horário: segunda à sexta das 10h às 19h, sábado das 11 às 17h. 

 

“Renunciar/Mobi”, do fotógrafo maranhense Mobi, no Centro Cultural Vale Maranhão  

 

 

As visitas de Ulysses Guimarães e Teotônio Vilela ao Maranhão são alguns dos destaques entre as 300 fotos escolhidas para compor a mostra inédita “Renunciar/Mobi”, com o trabalho do fotógrafo maranhense Mobi, que documentou a cidade de São Luís dos anos 70 aos anos 2000. Com curadoria de Gabriel Gutierrez, diretor do CCVM, a exposição apresenta a obra em três linhas narrativas: a cidade oficial, berço das transformações urbanas e mobilizações políticas; a cidade marginal, que, embora esquecida, constitui os alicerces para seu funcionamento maior; e as pessoas, agentes que constroem, transformam, assistem e habitam os espaços urbanos. 

 

O acervo utilizado para compor a exposição pertence ao Instituto Federal do Maranhão e foi digitalizado pelo CCVM. Ao todo, cinco mil fotos foram pesquisadas. “Mobi foi um fotógrafo que esteve à margem do que foi amplamente exposto, publicado e divulgado. Ele documentou o que podemos chamar de ‘cidade amazônica’, que é uma cidade complexa, que não cabe nos moldes que estamos habituados a conceber e construir”, conta o curador Gabriel Gutierrez. “O trabalho é um manifesto sobre a importância do cotidiano e do humano na conformação e sustentação da urbanidade específica.” 

 

Entre as fotografias expostas, além da cobertura jornalística de momentos políticos importantes, destacam-se os registros de importantes figuras maranhenses, como a médica Maria Aragão, o mímico Gilson César e a cordelista e poetisa Raimunda Frazão, com quem Mobi viveu e trabalhou por 17 anos. Complementando a exposição, há um documentário inédito dirigido pelo cineasta Beto Matuck que apresenta o trabalho do fotógrafo pelos depoimentos e reações de seus amigos ao olharem suas obras.  

 

Serviço: 

Data: até 3 de junho 

Horário: das 10h às 19h 

Endereço: Centro Cultural Vale Maranhão – Rua Direita, nº 149, Centro Histórico de São Luís. 

 

“A Geometria e o Sagrado”, de Eduardo Ver, na Galeria Estação de São Paulo 

 

 

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A exposição “A Geometria e o Sagrado”, do artista plástico Eduardo Ver, abre o calendário anual de mostras temporárias da Galeria Estação e marca a entrada do artista na história da galeria. A partir de 16 xilogravuras, o público é apresentado a um trabalho meticuloso inspirado em símbolos religiosos, principalmente da Umbanda, que são rascunhados em papel e depois entalhados em madeira. As obras são únicas, sem edição, e surpreendem pelo cuidado.  

 

“Eu conheci seu trabalho ao vivo, pela primeira vez, em uma mostra coletiva no Paço das Artes, em São Paulo. A força do trabalho me pegou! Uma obra corajosa, de grandes dimensões. Símbolos que logo me fizeram lembrar do querido Samico, mas com uma linguagem muito própria desenvolvida por Ver”, afirma Vilma Eid, galerista proprietária da Galeria Estação. 

 

Serviço: 

Data: de 08 de março a 13 de maio 

Endereço: Galeria Estação – Rua Ferreira Araújo, 625, Pinheiros, São Paulo 

 

SP – Arte 2023 

 

 

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No final de março, uma das mais importantes feiras de arte da América Latina, a SP – Arte, retorna a São Paulo para a sua 19ª edição. De 29 de março a 02 de abril, o Pavilhão da Bienal recebe mais de 150 expositores, entre galerias de arte nacionais e internacionais, estúdios de design, editoras, instituições culturais e espaços independentes. 

 

Sede tradicional da SP–Arte desde sua criação, o Pavilhão da Bienal, projetado por Oscar Niemeyer, abrigará expositores de oito países (Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, Peru, e Uruguai) e 20 cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Brasília e São Paulo.  

 

Serviço:  

Data: de 29 de março a 02 de abril  

Endereço: Pavilhão da Bienal 

 

Por Laís Campos e Beatriz Calais

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