Maria Frering se destaca no cenário de joias brasileiras por meio do bordado em metais
A designer compartilha detalhes sobre seu processo criativo e inspirações da marca homônima
“A joia traz um significado, uma memória, e não pode ser algo comprado só porque está na moda. Ela tem uma história só dela”. Esse é o pensamento que guia a joalheira carioca Maria Frering. A designer percebeu sua vocação para atuar na área quando cursava economia e costumava desenhar durante as aulas. O impulso a levou a se aprofundar no assunto no Gemological Institute of America, em Nova York – onde mora atualmente – e após algumas experiências profissionais no ramo das joias, criou sua marca homônima com uma estética bela e inusitada, baseada na técnica de bordado em metais e com essência carioca. Embora a presença na moda seja um fator em comum com sua avó, Carmen Mayrink Veiga, aristocrata e socialite brasileira ícone de estilo, Maria é dona – assim como as joias – de uma história única, colorida e repleta de significado.
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Em entrevista à Versatille, a joalheira compartilhou detalhes sobre seu processo criativo, inspirações e planos para a marca.
Versatille: Como funciona o processo de criação e produção das peças?
Maria Frering: Hoje, o meu processo de criação, especialmente morando em Nova York e tendo acesso a muitas exposições e culturas diferentes em um mesmo lugar, é realmente muito pautado em unir isso com essa veia brasileira. É um processo bastante demorado porque apenas o desenvolvimento de uma peça leva dois meses. Depois, para fazer o pedido, são mais dois meses. O bordado é feito no metal, então ele tem que ser todo furado e é preciso pensar como cada ponto vai aparecer naquela chapa de metal, e para isso cada peça é milimetricamente planejada.
V: De que forma você consegue manter uma inspiração brasileira estando em outro país?
MF: Acho que é o oposto. O DNA da marca Maria Frering é brasileiro e, agora, a inspiração está sendo daqui, mas a raiz é nacional. Esse realmente é o cerne da marca; ser colorido, ter essa liberdade de criação. A última coleção que a gente lançou, por exemplo, é inspirada na Yayoi Kusama, que é uma artista japonesa, então traz toda a experiência dela com esferas e repetição, mas também você vê claramente a bossa carioca, no movimento e nas cores das peças.
V: Que tipo de joia você diria que define sua personalidade?
MF: As joias são o reflexo da minha personalidade, então é difícil pensar no contrário. Em cada coleção, tem uma. Mas, certamente, seria uma peça grande e colorida. Cada vez mais eu penso na minha marca como uma outra pessoa. Ela não é completamente diferente de mim, mas por mais que a gente tenha o mesmo nome, eu sou uma pessoa normal, levo meus filhos para o colégio de legging, tênis, e se a minha marca fosse uma pessoa, ela seria muito mais estilosa, sabe?! Arrumadíssima, colorida. Da coleção atual, a peça que me define é a mais conceitual: o colar Narciso, todo de pedra com um medalhão enorme bordado. Quando o criei, a gente estava pensando se iria ou não gerar atração por ser tão conceitual. Mas eu queria tanto fazê-lo, porque acho que sempre é preciso fazer aquilo que não é visto na vitrine de qualquer lugar. Se é diferente e exclusivo, é algo bom. Se você não está acostumada a ver, é porque ninguém mais está fazendo.
V: Qual o atual momento da marca e quais os planos a curto e médio prazo?
MF: A gente acabou de abrir uma loja no Rio de Janeiro, no Leblon, o que é algo que nunca pensamos, mas os astros se alinharam e acabou sendo uma das melhores coisas que aconteceu porque eu nunca tinha refletido sobre esse espaço ser realmente a extensão da marca. Ao vender o seu produto dentro de uma loja, eu acho que você consegue levar a pessoa para aquele mundo: ela entra numa caixa com todas as suas ideias ao invés de ver o produto isolado. Agora a gente está em um momento de focar muito nessa loja, e começar a pensar em exportar mais para os Estados Unidos.
Por Laís Campos | Matéria publicada na edição 129 da Versatille