Estética genderless e variedade de corpos são destaque da London Fashion Week

Após a morte da rainha, o evento de moda foi reorganizado, mas manteve apresentações que levantaram debates importantes

Modelo desfila para Karoline Vitto na London Fashion Week
Modelo desfila para Karoline Vitto na London Fashion Week (Reprodução)

Os últimos dias na capital do Reino Unido foram, de fato, históricos e um tanto inesperados. A notícia sobre a morte da rainha Elizabeth II, em Balmoral, na Escócia, confirmada por um comunicado oficial emitido pelo Palácio de Buckingham em 8 de setembro, deu início a uma série de preparativos para as cerimônias fúnebres e forçou uma reorganização dos eventos que aconteceriam nos dias seguintes. A temporada de primavera/verão 2023 da London Fashion Week, marcada para o período de 16 a 20 de setembro, foi um deles.

 

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“Estamos profundamente tristes com a notícia devastadora da morte de Sua Majestade Rainha Elizabeth II, que dedicou sua vida a servir seu país, neste ano do Jubileu de Platina, que reconhece 70 anos no trono. Ao longo de seu reinado, ela defendeu a criatividade e os jovens e inspirou tantos, inclusive quando participou da London Fashion Week para entregar o Prêmio Rainha Elizabeth II de Design Britânico a Richard Quinn. O prêmio foi criado com ela e em seu nome a fim de reconhecer o papel do talento criativo na formação de um impacto positivo em termos de sustentabilidade e/ou comunidade”, disse o British Fashion Council, órgão que promove a semana de moda.

 

Logo após a notícia do falecimento da rainha, grandes nomes, como Burberry e Raf Simons, cancelaram seus desfiles, uma vez que as datas iriam coincidir com a cerimônia do funeral. Além disso, o British Fashion Council pediu aos designers que não divulgassem imagens até depois do período de luto e aconselhou o cancelamento de eventos não essenciais, como festas. Entretanto, incentivou a realização da apresentação das coleções nos dias anteriores à cerimônia, e destacou a relevância da Semana de Moda para os designers.

 

“Reconhecemos que há um trabalho árduo extraordinário na preparação para a London Fashion Week, com muitos novos negócios em desenvolvimento, que precisam de acesso ao comércio internacional. É um momento importante para os designers mostrarem suas coleções como parte de um calendário global de moda que dita o horário de cada cidade, shows e apresentações de coleções.”

 

A Versatille esteve presente em Londres para cobrir as apresentações da temporada de primavera/verão 2023. Confira, a seguir, alguns destaques dessa excepcional e inusitada semana de moda londrina.

 

Karoline Vitto

 

Entre os designers da Fashion East – incubadora de talentos sem fins lucrativos que descobre, nutre e apresenta nomes emergentes – desta temporada, o highlight sem dúvida foi a estilista catarinense Karoline Vitto. Ela estreou na semana de moda londrina na sexta-feira (16) com um desfile sem nenhuma modelo de tamanho 36. A paleta de cores, que incluiu vermelho, preto, branco e verde, deu ainda mais foco ao belo caimento das peças em corpos de todas as formas e tamanhos. Não à toa, o lema da marca é “celebrar as curvas e acentuar as dobras, colocando o corpo no centro do processo de design”.

 

Modelo desfila para Karoline Vitto na London Fashion Week

(Reprodução)

 

Jaded Life Collective

 

Na noite de sábado (17), aconteceu o desfile promovido pelo The Jaded Life Collective (JLC), uma associação informal e rotativa de até 40 designers que participa de diversos eventos de moda – de feiras a desfiles – e que reúne experiência e know-how para demonstrar a missão do coletivo de prestar apoio mútuo a talentos emergentes. Nesta temporada, as marcas que se apresentaram foram Sibu Dladla (label homônima do fundador do Jaded Life Collective), Sofie Svenninggaard, Popstacular by Taylor Bystrom, House of Avida by Bettina Pagh e Vaseghia by Alisa Vaseghia.

 

Modelo desfila para Sibu Dladla na London Fashion Week

(Rabi Sultan)

 

Nos desfiles, os elementos que se destacaram foram o couro, peças genderless como croppeds usados por modelos homens, muitos cintos e fivelas de metal, plumas e lantejoulas. Além disso, o mais interessante foi contemplar as peças em modelos de diferentes idades, cores e corpos. Definitiva e positivamente, não houve um padrão nos looks, nem nas pessoas.

 

JW Anderson

 

Também na noite de sábado (17), Jonathan Anderson apresentou um show ambientado em bancos de máquinas caça-níqueis cintilantes e com um fliperama de decoração no início da passarela. O tema foi baseado no impacto da tecnologia na sociedade.

 

Modelo desfila para JW Anderson

(Reprodução)

 

O conceito pôde ser observado em vestidos metalizados que lembravam a bola do jogo de azar Pachinko; outros de seda reciclados com globos de lantejoulas; alguns ainda com peças de teclado penduradas; além de estampas de praia e pôr do Sol que pareciam ter sido tiradas de um banco de imagens. O desfile foi encerrado com uma camisa preta acetinada que continha uma singela homenagem à rainha: “Her Majesty the Queen 1926-2022 Thank You”.

 

Malan Breton

 

Na noite de domingo (18), aconteceu a segunda edição do This Is Icon, evento de gala e caridade promovido pela agência de talentos Buzz Talent, em apoio à organização que presta suporte a portadores de câncer de próstata, Prost8. Na ocasião, o taiwanês Malan Breton, considerado “The Most Influential Designer You’ve Never Heard Of by British Vogue” (o designer mais influente de quem você nunca ouviu falar pela Vogue britânica, em tradução livre), apresentou sua coleção de alta-costura primavera/verão 2023. A coleção se destacou por cores vibrantes, tecidos leves e bufantes, bem como formas esculturais.

 

Modelos desfilam para Malan Breton

(Laís Campos)

 

Por Laís Campos

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