“Gosto de caminhar na contramão”, diz a designer Adriana Degreas sobre sua marca homônima de beachwear de luxo

A designer compartilha detalhes sobre sua trajetória no segmento de beachwear de luxo

(Foto: Divulgação)

“Sempre fui fiel ao meu instinto. Gosto de caminhar na contramão, fugindo do literal”: não há descrição melhor sobre a designer Adriana Degreas do que suas palavras. Inclusive, sua potência está justamente na habilidade de confiar em suas ideias fantásticas e criatividade borbulhante. Não à toa, Adriana é formada em design industrial, e um acaso a levou justamente ao caminho que a tornou referência em looks de beachwear feitos no Brasil – e atualmente presentes em 27 países. 

 

Embora tenha crescido cercada por peças de design internacional que observava no antiquário pertencente à avó e aprendido suas primeiras lições sobre a indústria têxtil na pequena tecelagem de seu avô, foi por meio de seu casamento que pôde se conectar mais profundamente com a moda e, especificamente, o setor de beachwear. “Caí de paraquedas nesse universo quando conheci meu sogro, pioneiro na indústria e um grande mentor. Sua fábrica faz parte de uma organização familiar há 71 anos. Tenho orgulho de afirmar que somos um movimento de gerações. Mergulhei de cabeça e aprendi”, diz.

 

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Foi esse aprendizado que impulsionou Adriana a criar sua label em 2001 com um propósito muito claro: estar na vanguarda e extrapolar limites. “Não permito que a marca envelheça. Gosto de sempre estar em busca de coisas novas, acompanhando de perto para onde o mundo vai, garantindo que a empresa e o produto tenham alma. O desafio é provocar um novo senso de beleza, uma nova estética, abandonando os padrões estabelecidos e valorizando o comportamento natural.” Segundo a designer, seu trabalho é fazer com que suas clientes se vejam simplesmente como elas ao proporcionar um sentimento de singularidade, com ênfase na feminilidade e no empoderamento.

 

A prova da essência vanguardista da Adriana Degreas é o conceito de “bain couture”, concebido pela própria fundadora, que remete a uma alta-costura de beachwear. Na produção das roupas são utilizados tecidos não convencionais, técnicas de moulage – na qual a construção do modelo do vestuário é feita diretamente sobre o corpo de um modelo vivo ou busto de costura –, peças semi-industriais com escala limitada e cores clássicas que compõem produtos atemporais. 

 

(Foto: Divulgação)

 

Versatilidade e funcionalidade são pilares importantes do que a designer quer oferecer às “mulheres Adriana Degreas”, uma vez que as peças podem ser usadas à beira da piscina ou ao lado do mar. Sua experiência em um cotidiano agitado a fez pensar que a criação de peças adequadas para ocasiões chiques e sofisticadas à noite, após um longo e esplêndido dia na praia, seria a solução perfeita para garantir facilidade no lifestyle feminino de uma maneira “effortlessly chic”, como descreve.

 

“Prezamos pela originalidade, inovação, design, estilo e irreverência. Estamos constantemente reinventando o beachwear. Tudo isso sem perder de vista a bossa brasileira; afinal, somos ‘made in Brazil’. A marca é diferente: ser tradicional não é uma opção”, conclui a designer.

 

Em entrevista à Versatille, Adriana Degreas compartilhou detalhes sobre sua trajetória, a marca de beachwear e seus projetos.

 

Versatille: Quando percebeu que queria trabalhar no segmento de beachwear?

 

Adriana Degreas: Percebi que neste mercado o conceito era quase literal: todos queriam comercializar o tropical. Eu queria oferecer o lifestyle não somente com o maiô. Foi aí que comecei a criar e caminhar em direção ao conceito do bain couture.  Quis sair do óbvio, criar uma nova história para o beachwear usando materiais, paletas, estampas e técnicas inusitadas. Nunca idealizei minha cliente como sendo aquela mulher que entra no mar e faz castelinhos na areia, e sim como uma mulher que traduz o beachwear, levando essa moda/conceito para a beira da piscina e elegantemente tomando um drinque no bar.

 

V: Por que decidiu criar a própria marca?

 

AD: Sou extremamente imagética, criativa, minha cabeça não para! Gosto de extrapolar! Gosto de oferecer o além: além do maiô, além do biquíni, além das frutas brasileiras e do contexto estereotipado do que seria a brazilian heritage. Estimulo as pessoas para que, com meu produto, possam enxergar além do concreto. Por exemplo, as obras do Oscar Niemeyer, que eram inspiradas muitas vezes nas formas femininas. Acredito que precisamos provocar e fazer as pessoas atingirem esse além.

 

(Foto: Divulgação)

 

V: A forte identidade visual das peças é um dos grandes destaques. Como funciona o processo de criação dos produtos?

 

AD: Procuro ampliar a visão sobre o conceito de moda praia, trazendo a irreverência com materiais e formas não rígidas que transformem o produto. Meu processo é muito empírico e intuitivo. O real e o imaginário andam juntos. Formas sobrepondo formas. Busco sempre o extraordinário através da inversão do cotidiano. Um grande foco é a estampa, e ela é sempre um fator determinante, principalmente no mercado estrangeiro. Essas estampas precisam sempre contar uma história! 

 

V: Como ocorreu o processo de estabelecimento da marca no mercado internacional?

 

AD: Começamos nossa jornada de internacionalização há seis anos, na Europa, e atualmente estamos também fortalecendo o posicionamento no mercado americano. Estamos nos planejando com calma e de forma sustentável. Quero introduzir o beachwear brasileiro de uma maneira elegante, mas sem perder o DNA nacional, expondo nossa cultura, geografia, modernismo, mobiliário e arte. Levando o brazilian heritage para o mundo com qualidade cultural.

 

V: De que forma você conseguiu criar uma linguagem comum que atraísse mulheres com culturas e personalidades diferentes, uma vez que a marca está presente em 27 países?

 

AD: A mulher que usa AD é uma mulher que não passa despercebida. Ela é forte, independente e com personalidade! Ela é uma mulher avant garde thinkers and effortlessly chic. Acredito no comportamento natural; sou uma pessoa extremamente real, inclusive. Eu estou fora dos padrões de peso ideal; não faço maiô para consertar ninguém e sim para que possam desfrutar a própria beleza. Com o tempo, o portfólio da marca também se expande com as novas gerações, atendendo mulheres de todas as idades e personalidades.

 

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V: Em junho deste ano foi inaugurada sua concept store no Shopping Iguatemi São Paulo. Como você descreve o atual momento da marca?

 

AD: Poder introduzir minha visão na indústria sempre me inspirou a quebrar barreiras. A nova concept store é mais um passo nessa direção. Inovamos não só na arquitetura das peças como também na arquitetura de nosso espaço físico. Cada peça que eu crio é desenvolvida e costurada para entregar uma experiência única para minha cliente, e posso dizer o mesmo sobre a nova concept store e nossos projetos. Oferecemos uma experiência de lifestyle e, como não poderia deixar de ser, estamos também mais atuantes no universo da digitalização, social seling e omnichannel.

 

(Foto: Divulgação)

 

V: Quais são os planos para a empresa em médio e longo prazo?

 

AD: O consumidor deve se sentir livre para usar a moda a seu favor, quebrando padrões comportamentais que irão evoluir ao longo da moda durante os anos. Já existe um sentido maior de liberdade e fluido que permite formas diferentes de expressão. Estamos em 2022, (quase) tudo é permitido! Cada designer irá buscar em suas criações a dosagem para esse movimento, contando e transmitindo sua história. Temos grandes ambições e ideias não faltam. Buscamos ser referência, nos consolidando como uma das principais marcas globais no segmento de beachwear e resortwear. Planejamos ser parte do lifestyle de nossas clientes, expandindo nossa atuação em outros projetos, como home décor, athleisure, destinos de montanhas (après-ski), acessórios, crescendo nosso ready-to-wear cada vez mais. 

 

Por Laís Campos Matéria publicada na edição 127 da Versatille

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