O boom das collabs veio para ficar. Embora inovações de projetos colaborativos se mantenham constantes, pode-se dizer que esse trabalho conjunto se revelou viável e vantajoso na indústria da moda em 2004. Foi nesse ano que o icônico designer Karl Lagerfeld assinou mais uma criação lendária e fora de seu padrão: uma colaboração com a rede sueca H&M, que acabou por impulsionar o surgimento de muitas outras.

LEIA MAIS:

• Mayara Sansana lança coleção em parceria com Nora Halpern
• Luxo revolucionário: conheça a história de três produtos icônicos de grifes
• Moda sem pressa: conheça 5 marcas nacionais

“Foi extremamente importante porque era o mercado de luxo e o fast fashion se juntando, o que mostrou para o mundo que era possível unir duas pontas que aparentemente não conversavam, não tinham ligação. Depois disso virou uma febre, todo mundo passou a fazer collab”, diz Lilian Pacce, jornalista, curadora e consultora de moda.

De fato, nos 17 anos que se passaram, as parcerias em diversos mercados e em variados formatos não pararam de pipocar. Para Lilian, o desenvolvimento das colaborações está ligado à busca por mostrar valor por meio da união de talentos. “Uma marca tem os pontos de venda e a outra, a criatividade. Ou então uma tem a ideia e a outra, o know-how (saber prático). Geralmente trata-se do trabalho conjunto entre uma empresa mais criativa, de menos alcance, e outra que tem muito alcance, mas uma criatividade percebida com menos força”, explica.

As marcas de esporte, em particular, têm ganho destaque no desenvolvimento de collabs com alta frequência de lançamentos, principalmente de tênis. “É um mercado que precisa da novidade. Nesse meio dos sneakers, quando um cabedal (parte superior do tênis, que cobre o pé) é apresentado de forma diferente, original, isso impulsiona, divulga, promove os criadores”, afirma a consultora de moda.

Segundo ela, a febre tem tudo para durar por bastante tempo em vista de seu mecanismo de funcionamento vantajoso, não só para as marcas mas também para os consumidores. Para quem compra, o acesso a produtos diferenciados, que não seriam encontrados com facilidade, é ampliado. Já os polos criadores, por sua vez, têm a oportunidade de agregar valor e posicionamento e aumentar seu alcance. “É um modelo de negócio que funciona muito bem. Geralmente é bom para os dois lados”, conclui.

Veja, a seguir, cinco collabs no setor de moda esportiva que se destacaram nos últimos meses.

Lacoste x Ricky Regal

O nome do designer Ricky Regal pode não soar familiar, mas nada mais é do que o alter ego do cantor Bruno Mars. Em março deste ano, o artista lançou uma colaboração com a Lacoste, celebrando o lançamento de novas canções. Inspirada no estilo de vida de Mars, a coleção tem roupas, acessórios e calçados nas linhas casual e esportiva. Com estampas gráficas, materiais suaves e uma paleta de tons fortes, a referência aos anos 1970 é explícita, de forma que revive a herança luxuosa e esportiva da marca e vai ao encontro da estética de seu novo disco, em parceria com o cantor Anderson Paak.

Mars incorpora o designer Ricky Regal (Divulgação)

Adidas x Ivy Park

Uma das collabs mais faladas no último ano foi a segunda coleção da parceria entre as marcas Adidas e Ivy Park, criada pela cantora Beyoncé, com a campanha intitulada “This Is My Park (“esta é a minha área”, em tradução livre). Com uma paleta vibrante de cores, a linha oferece roupas e acessórios de performance em tamanhos inclusivos (do 3XS ao 4XL) e de gênero neutro, inspirada na beleza interior e resiliência de cada um. A Ivy Park também expandiu sua coleção de calçados, com seis novos modelos interpretados nos moldes do formato icônico dos tênis Adidas.

Inclusão e empoderamento são elementos-chave da campanha This Is My Park, com peças de tons monocromáticos (Divulgação)

LV x NBA

A Louis Vuitton divulgou, no fim de 2020, uma nova coleção-cápsula de roupas masculinas, em uma parceria de três anos com a liga de basquete americana NBA. O lançamento, concebido pelo diretor artístico Virgil Abloh, foi a primeira coleção da associação de basquete com uma marca de luxo. A coleção LV x NBA apresenta um guarda-roupa completo de um astro das quadras, dividido nos setores Travels and Transits (viagem), Game Arrivals (jogo) e Press Conference (“coletiva de imprensa”, com trajes mais casuais).

Peças da collab LV X NBA (Divulgação)

Reebok x Collina Strada

A Reebok estreou, no início de abril, a primeira coleção-cápsula de sua parceria recém-firmada com a Collina Strada, marca nova-iorquina preocupada com questões sociais e sustentáveis. Com o nome Call Mom (“ligue para sua mãe”, em tradução livre), a linha apresenta duas silhuetas marcantes da Reebok com a estética ousada de Collina Strada. Um modelo tem as cores preta e lilás, enquanto o outro exibe um contraste de tons, com faixas azuis em um pé e amarelas no outro. No quesito sustentabilidade, os tênis têm cabedais 30% feitos de material reciclado.

O meio ambiente é o foco da colaboração entre Reebok e Collina Strada, cujo calçado leva material reciclado (Divulgação)

LEIA MAIS:

• O que esperar do Met Gala 2021
• Nova edição da Versatille apresenta coleção da Dior com inspiração na arte
• Saint Laurent traz leveza e nostalgia na coleção de inverno 2021

Porsche x Puma

Outro destaque na tendência das collabs foi a união das marcas Porsche x Puma. O último lançamento da parceria, que já vem de outros anos, foi a coleção de calçados inspirados no clássico 911 Turbo da montadora alemã. Composta de oito modelos diferentes de tênis –  número coincidente com a quantidade de gerações do carro esportivo –, a edição limitada teve apenas 500 pares à venda. Design exclusivo e cores variadas, entre tons de azul, vermelho, verde, amarelo e prata, dão o tom aos produtos da collab. 

Velozes como um 911 Turbo, os tênis da Puma em parceria com a Porsche têm uma cartela de cores vibrante e variada (Divulgação)

911 Turbo (Divulgação)

Por Laís Campos e Mattheus Goto