Dylan by Kramer
“Naquela época a maior parte do meu trabalho se baseava em criar uma imagem, um retrato com uma determinada iluminação ou cenário para contar uma história. Geralmente era uma coisa que eu controlava. Agora, com
“Naquela época a maior parte do meu trabalho se baseava em criar uma imagem, um retrato com uma determinada iluminação ou cenário para contar uma história. Geralmente era uma coisa que eu controlava. Agora, com Dylan, era pegue-me-se-puder” Estúdio de Daniel Kramer, Nova York, janeiro de 1965
Bob Dylan ganhou o prêmio Nobel de Literatura, celebrado por “ter criado novas expressões poéticas com a grande tradição da canção americana”. A lenda de 75 anos de idade é o primeiro compositor a receber o prestigiado prêmio, selecionado pelos 18 membros da Academia Sueca, no lugar de outros tidos como favoritos, incluindo o queniano Ngugi Wa Thiong’o, o americano Don DeLillo e o japonês Haruki Murakami.
Dylan nasceu Robert Allen Zimmerman em 1941 e começou sua carreira musical no final dos anos 1950, tocando em cafés em Minnesota. Muito do seu trabalho mais conhecido vem dos anos 1960, mantendo os fãs fascinados com sua evolução de música popular para guitarra elétrica, e seus extraordinários hinos da época. Com canções como Blowin’ in the Wind e The Times They are A-Changin’, Dylan se tornou o poeta laureado de uma geração, canalizando os anos febris da guerra do Vietnã e do movimento dos Direitos Civis em letras de músicas tanto afiadas no seu senso de injustiça e indignação quanto assombrosas na beleza de suas baladas.
Quando o fotógrafo Daniel Kramer encontrou Bob Dylan pela primeira vez, o cantor de 23 anos ainda era grandemente desconhecido. Na sua reunião inicial em Woodstock, Dylan parecia agitado e desconfortável diante da câmera. No entanto, no curso de um ano e um dia tudo iria mudar. De 1964 a 1965, o extraordinário acesso de Kramer a Bob Dylan em turnê, em concerto e nos bastidores abriu espaço para um dos portfólios mais impressionantes de qualquer intérprete, e um documento deslumbrante de Dylan irrompendo para o estrelato.
Destaques incluem o concerto no Philharmonic Hall do Lincoln Center com Joan Baez; as sessões de gravação de Bringing it All Back Home; e o agora famoso concerto em Forest Hills, quando a controvertida transição para a guitarra elétrica exemplificou seu constante e crítico estado de transformação. Um documento tanto do período inspirador da história do rock and roll como da do próprio Dylan, as fotos também apresentam empolgantes amigos e colaboradores como Joan Baez, Johnny Cash, Allen Ginsberg e Albert Grossman.
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Quando foi publicado pela primeira vez em 1967, com o encorajamento de W. Eugene Smith, o portfólio de Dylan por Kramer se tornou um clássico instantâneo. Agora, meio século depois, a TACHEN redescobre esta obra com uma seleção com curadoria de cerca de 200 imagens, muitas nunca publicadas antes, incluindo descartes de fotos de capa dos álbuns Bringing it All Back Home e Highway 61 Revisited. Uma edição premiada para qualquer grande fã de Dylan, esta é ao mesmo tempo o testemunho intimista e infinitamente evocativo de um fotógrafo inspirado, em um ponto do tempo em especial, e de um artista especial e misterioso no momento em que sua carreira se tornou global.
“Dylan está constantemente procurando coisas e ideias novas”, diz Daniel Kramer, o fotógrafo ao lado de Dylan através de seu ano “Bib Bang”, 1964. “Quando as encontra, ele as curva em uma forma que é exclusivamente a sua própria.” Kramer encontrou Dylan pela primeira vez quando ele interpretava “The Lonesome Death of Hattie Carroll” no show de variedades de TV de Steve Allen.
“Sozinho sob a luz dos holofotes com apenas sua guitarra, o som de Bob Dylan e a abordagem forte de sua música imediatamente me chamou a atenção – e então eu ouvi suas letras… Era poesia, poesia tão boa como que eu jamais havia lido”
Fotografia / Photography por Humberto Rodrigues | Matéria publicada na edição 94 da Revista Versatille