6 hotéis-fazendas luxuosos para experimentar o charme da vida no campo

Cachoeiras, comida no forno a lenha, cavalgadas e dias autênticos da vida no campo têm atraído cada vez mais adeptos do turismo rural

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(Divulgação)

Um café passado na hora descansa em cima do fogão a lenha e seu aroma perfuma o ambiente. Ao lado, uma farta cesta de pães de queijo recém-assados e um bolo de fubá com tenros pedaços de goiabada. Uma tarde que demora a passar, preen­chida por uma cavalgada ou um banho de águas refrescantes de uma cachoeira. Um dia perfeito na fazenda está entre as tendências de turismo muito procuradas por brasileiros que buscam não só locais de isolamento, mas também que proporcionem um aconchego, uma retomada do essencial, do simples e gostoso. Nessa onda, luxuosos hotéis-fazendas estão com suas hospedagens lotadas até fevereiro, com famílias e pequenos grupos em busca da vivência da vida no campo.

 

O perfil do viajante mudou. E para melhor. Além do turismo que favorece o isolamento, seguindo a tendência – e necessidade –, cada vez mais locais que têm pouca interação com outros hóspedes ou viagens com seu círculo fechado estão se consolidando. A tradição da culinária caseira também se tornou não só uma necessidade, mas um resgate às raízes, dando ainda mais valor para lugares de natureza e campo.

 

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Acima, café da manhã embaixo de jabuticabeiras centenárias é uma das experiências em Ibitipoca

Comuna do Ibitipoca, Lima Duarte (MG)

Próximo ao município mineiro de Lima Duarte, pouco mais de uma hora de distância de Juiz de Fora, a Comuna de Ibitipoca traz a nostalgia das antigas fazendas, com forno a lenha, bolos quentinhos, queijo mineiro e pães de queijo saídos do forno, daqueles sem economia no tamanho e irregulares. O hotel-fazenda de apenas oito quartos fica em uma casa de engenho, de 1715, restaurada e transformada em um charmoso hotel em um espaço de 6 mil hectares ou cerca de 60 quilômetros de ponta a ponta.

 

A comuna oferece também algumas outras opções de hospedagem, como a Casa do Carlinhos (três suítes) e a Vila Mogol. O village é uma vilazinha chamada Mogol a 9 quilômetros do Engenho. O conceito visa a um mundo melhor e uma vida mais saudável. Com isso, além de as casas serem construídas com materiais de demolição, o restaurante yucca que atende esses lofts é especializado em comida vegetariana, usando como principais ingredientes queijos, cogumelos e ovos. Destaque para o Isgoné (Eagle Nest), uma isolada casa no topo da montanha, aonde, para chegar, é necessário enfrentar uma trilha a pé ou de quadriciclo – a definição de isolamento se resume aqui.

 

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No topo da montanha, com acesso somente por trilha a pé, o isgoné (ou eagle nest) é um convite ao isolamento, tendo a natureza como o maior luxo

 

Reserva privada de conservação em torno do parque estadual do Ibitipoca, a Comuna do Ibitipoca circunda 80% da área protegida, com passeios de natureza dentro da Mata Atlântica. Ir para a Comuna do Ibitipoca é estar 100% em contato com a natureza e, de quebra, colaborar com o projeto socioambiental, existente desde 1984, em prol das questões ambientais locais. Construído no contorno do Parque Esta­dual do Ibitipoca, oferece uma verdadeira vida na fazenda com luxo na medida e muito charme – como as refeições servidas em locações diferentes a cada dia, por exemplo.

 

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A varanda da fazenda de 1715

Fazenda Catuçaba, São Luiz do Paraitinga (SP)

 

Uma antiga fazenda de café de 1850, com 700 hectares e com descendentes de quem a construiu, que ainda habitam e cuidam do local, oferece uma hospedagem onde a ordem é se desconectar do dia a dia na cidade grande e se conectar com o simples e natural. Na Fazenda Catuçaba essa filosofia de vida é levada a sério, tanto na hospedagem quanto na alimentação.

 

Os quartos não possuem televisão, telefone, frigobar nem Internet e a arquitetura elegante e integrada à natureza tem como principais elementos madeiras antigas, telhas do século passado e matéria-prima de demolição. Ao redor do casarão são apenas três vilas, que abrigam sete quartos, que recebem até três pessoas, e duas suítes com lareira e banheira de pedra preta.

 

Já para famílias com crianças pequenas, a Casa da Cachoeira é a ideal, com dois quartos e um banheiro, ao lado de uma incrível cachoeira, que oferece muita privacidade. A Casa do Lago é uma das mais concorridas: uma construção de 1840, distante das outras áreas da fazenda, oferece uma real imersão na natureza local.

 

Nas refeições, alimentos orgânicos e frescos fazem parte do cardápio. Nada de industrializados, como refrigerantes e carnes que não são produzidas localmente. Os hóspedes são convidados para experimentar frutos direto do pé, farinha de mandioca da fazenda e outras receitas típicas feitas de insumos vindos diretamente do “quintal”.

 

Fazenda Santa Vitória, Queluz (SP)

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Na cidade de Queluz, no estado de São Paulo, em uma antiga aldeia de índios puris e próximo ao Caminho do Ouro, a Fazenda Santa Vitória combina a história de uma propriedade centenária a vivências culturais vale-paraibanas. Em uma casa de 1850, a fazenda foi fundada em 1923 e há 30 anos passou por uma enorme restauração. Hotel-fazenda há apenas quatro anos, a hospedaria centenária gosta de receber seus clientes como um amigo que chega em casa, respeitando seus horários e gostos.

 

O check-in, o check-out e os horários das refeições são flexíveis. A casa principal tem oito suítes, um anexo e duas casas na montanha, somando apenas 14 quartos e, no máximo, 30 hóspedes por vez. Lugar perfeito para passar o tempo com a família ou para uma fuga romântica, a fazenda é um lugar para se conectar com a natureza.

 

As paisagens impressionam: dentro da propriedade há, por exemplo, uma cachoeira com acesso exclusivo dos hóspedes. Plantações, pastos, florestas e um riacho formam a moldura ideal para um momento de aconchego, descanso e tranquilidade, saboreando a rica culinária da região do Vale do Paraíba. Dentro da propriedade, duas casas da montanha têm dois quartos cada, com uma cozinha com forno a lenha – para quem quiser se aventurar na cozinha.

 

É ideal para um isolamento com vista para a Serra da Mantiqueira. A fazenda tem foco na gastronomia local e desenvolvimento da região do Vale do Paraíba e oferece uma verdadeira imersão na cozinha rural, com muito sabor e tradição. Entre as atividades, há passeios a cavalo, salão de jogos, piscina, sauna a lenha, caldário, bicicletas e quadra de tênis.

 

Fazenda São Luiz da Boa Sorte, Vassouras (RJ)

A Fazenda São Luiz da Boa Sorte é fruto da união de duas importantes fazendas do Ciclo Áureo do Café, a São Luiz e a Boa Sorte. Com apenas 21 suítes, a imponente construção restaurada do século 19 oferece nos cômodos móveis de decoração de época, o que torna a experiência ainda mais especial.

 

Localizada na cidade de Vassouras, a região foi a maior produtora de café do país até o fim do século 19, o que atraiu a Corte e fez o Vale ostentar lindas fazendas construídas e mantidas por escravos. Por isso, um importante Museu do Café foi construído na Fazenda São Luiz da Boa Sorte, para que a história dos escravos na época dos barões do café fique preservada, assim como a importância para a história e construção do Brasil.

 

Para garantir a diversão de toda a família, a fazenda oferece uma prainha de água doce, com stand up paddles, pedalinhos, boias e caiaques, além de piscina aberta climatizada e uma aconchegante piscina térmica para dias mais frios, trilhas, cavalgadas e quadra de futebol. Para os pequenos, a diversão é garantida, com recreação e atividades o dia inteiro.

Fazenda União, Rio das Flores (RJ)

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Em um casarão de 1836, inteiro restaurado e mantendo as linhas arquitetônicas da colonização portuguesa, está a Fazenda União. No interior do estado do Rio de Janeiro, com uma natureza esplendorosa a sua volta, são apenas 24 apartamentos, sendo dez na sede, com móveis de época, seis na antiga senzala e oito casarios ao longo do lago.

 

As refeições acontecem na antiga tulha, prédio onde o café era beneficiado e armazenado, e a gastronomia é baseada em afetividade, ou seja, comida caseira com pães, bolos, doces, saladas e salgados, sempre com insumos colhidos e retirados da própria fazenda.

 

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Prepare-se para uma viagem ao tempo do Brasil Império. Por lá fica exposta uma coleção pessoal dos donos da fazenda de mais de 30 anos de garimpagem, ou seja, é literalmente um lugar que respira história. Não deixe de conhecer a restaurada igrejinha São José de Botas, em estilo barroco, e conferir a bela carruagem do século 19 que fica no Salão das Cavalariças.

 

Para entreter toda a família, o hotel conta com duas piscinas, saunas seca e a vapor, espaço fitness e campo de minigolfe, assim como quadra de tênis e de vôlei de areia. Ainda tem passeios a cavalo e de quadriciclo, além de trilhas. Para os pequenos, o parquinho e a brinquedoteca ou a ordenha da minivaca e todos os animais, como ovelhas, pavões, galinhas, entre outros, garantem a diversão.

 

Fazenda São Francisco Corumbau, Corumbau, Prado (BA)

 

Em meio aos coqueirais da paradisíaca região do Prado, na Bahia, a Fazenda São Francisco Corumbau encanta com seus bangalôs e suítes à beira-mar. A praia, quase particular, com 1,5 quilômetro de extensão, tem areia branca, água em tons esverdeados e ainda uma linda barreira de corais e falésias. Um cenário estonteante em Corumbau, que é uma reserva ambiental protegida pelo Ibama e pela marinha.

 

Com apenas dez quartos em um terreno com 167 hectares, as acomodações são modernas e requintadas, porém com o despojamento que um hotel de praia exige. Vale a pena reservar o bangalô, com 150 metros quadrados, amplo banheiro com vista para um jardim privativo e espaçosa varanda com chaises-longues para contemplar o pôr do sol enquanto toma uma água de coco recém-tirado do pé.

 

A gastronomia é um espetáculo à parte, com produtos colhidos da horta orgânica própria e peixes e frutos do mar pescados em Corumbau – ou seja, sempre frescos. Espere por refeições que mesclam com maestria o sabor da Bahia com a culinária internacional.

 

 

Por Daniela Filomeno | Matéria publicada na edição 117 da Versatille