Na noite de ontem (31), Serena Williams voltou aos holofotes quando venceu Anett Kontaveit, atual número 2 no mundo, por 2 sets a 1, e avançou para a terceira rodada do US Open, o que adiou seus planos de aposentadoria. Mais do que uma conquista em quadra, a vitória marcou o talento da americana de 40 anos e sua implacável vontade de vencer.  

No início de agosto, Serena sinalizou sua intenção de se aposentar, mas nunca confirmou o US Open como seu evento final. Seja por conta dessa expectativa, seja pela comoção que a tenista é capaz de gerar em quadra, a arquibancada ia à loucura a cada ponto feito por ela. Personalidades como Zendaya, Spike Lee e Anna Wintour estavam na lista de celebridades presentes que torciam pela esportista. Para a próxima fase do torneio, Serena enfrentará Ajla Tomljanović na sexta-feira, 2 de setembro. 

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Com 23 títulos de Grand Slam e amplamente considerada a maior jogadora de todos os tempos, a trajetória de Serena explica o alvoroço criado durante o possível último grande torneio de sua carreira antes da aposentadoria. Para relembrar alguns de seus feitos, confira, a seguir, 6 curiosidades sobre a trajetória da americana.  

Treinada desde a infância  

A trajetória de Serena é diferenciada desde a infância. Aos 3 anos, ela e a irmã, Venus, começaram a ser treinadas pelo pai, Richard Williams, que contava com o que aprendia em vídeos e livros para dar toda instrução às filhas. Estudando a prática de tênis a fundo, ele escreveu um plano de 85 páginas e começou a dar aulas para as meninas, levando-as para praticar em quadras públicas. Com o tempo, as pequenas esportistas até entraram para uma academia de tênis, mas logo Williams decidiu que o treino familiar impactava mais no potencial das meninas. Em poucos anos, sua intuição se mostrou certeira e elas começaram a ganhar diversos torneios. Com métodos pouco tradicionais, Williams criou duas das maiores atletas de todos os tempos.  

Influência na moda e no dress code das mulheres no tênis  

 

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Não foi só no tênis que Serena Williams ganhou destaque. Em forma de protesto ou de empreendedorismo, ela também é dona de um importante legado no vestuário. A tenista estudou moda por dois anos no Instituto de Arte de Fort Lauderdale e, em 2018, lançou sua marca de roupas – batizada de Serena – com o objetivo de estimular o amor-próprio e a autoconfiança das mulheres. Também já assinou coleções de roupas com grandes marcas como a Nike, sua patrocinadora oficial.  

Foi com a Nike, aliás, que ela protestou contra as rigorosas regras de dress code para mulheres nos torneios de tênis. Em 2018, durante o Roland Garros, ela foi acusada de ferir o código de vestimenta do torneio ao usar um macacão justo demais. O traje, no entanto, havia sido desenvolvido pela Nike especialmente para a esportista para ajudar na circulação e evitar a formação de coágulos durante o pós-parto que ela estava enfrentando. A roupa ganhou o apelido de Wakanda, em referência ao filme Pantera Negra, e Serena chegou a dizer que se sentia uma super-heroína vestindo-a. Para ela, o macacão representava todas as mães que voltam do parto e tentam “continuar ferozes”. 

O uso da roupa, que deixava em evidência as curvas de seu corpo, foi vetado pelo presidente da Federação de Tênis da França, Bernard Giudicelli, em uma tentativa de “impor certos limites” para “respeitar o jogo e o local”. Após a decisão, Serena apareceu no torneio US Open usando um tutu com meias de renda e unhas longas – um uniforme criado pelo estilista Virgil Abloh como forma de protesto. Na ocasião, a Nike declarou: “Você pode tirar uma super-heroína de sua fantasia, mas nunca levar dela seus poderes”. Mostrando que suas roupas não definiam seu talento, Serena ganhou o jogo contra a polonesa Magda Linette Garros com o traje de protesto.  

Venceu seu primeiro título Grand Slam aos 17 anos 

Serena Williams venceu seu primeiro título de Grand Slam – como são chamados os quatro eventos anuais mais importantes do tênis – aos 17 anos. No US Open de 1999, ela bateu a então atual número 1 do mundo, Martina Hingis, na final do torneio, e entrou para o seleto grupo de campeãs do Grand Slam.  

Passou 290 semanas como número 1 do mundo  

A primeira vez em que Serena chegou ao topo do ranking mundial foi em 8 de julho de 2002, após ter derrotado a irmã, Venus, em Wimbledon. Depois do feito, ela ficou 290 semanas como número 1 do mundo e se tornou a terceira tenista em toda a história a ocupar o posto por mais tempo, atrás de Martina Navratilova (332) e Steffi Graf (377).  

Acumula ouros olímpicos  

Dona de tantos prêmios importantes, é claro que Serena também tem um histórico positivo quando se trata de Jogos Olímpicos. A tenista conquistou quatro ouros olímpicos ao longo de sua trajetória, sendo um em simples (Londres-2012) e três em duplas (Sydney-2000, Pequim-2008 e Londres-2012).  

Estrelou um reality show e tem um filme sobre sua história  

 

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Como já dito, a trajetória de Serena Williams não é nada convencional. Além de seu talento ímpar em quadra, a tenista também chama a atenção por sua história familiar. Com seu pai, tem uma relação dual que envolve amor fraternal e respeito profissional por conta dos numerosos anos de treino. Já com a irmã, reveza os papéis de aliança e rivalidade ao longo da vida. As duas já se enfrentaram muitas vezes em quadra, em mais de 30 confrontos diretos. Elas já estiveram, inclusive, em nove finais de Grand Slam, sendo seis delas entre 2001 e 2003, quando foram oponentes no US Open (2001 e 2002), Roland Garros (2002), Wimbledon (2002 e 2003) e Australian Open (2003) – Serena tem vantagem em vitórias sobre a irmã.  

Por entregar uma história diferente a que o público está acostumado, a família Williams já foi foco de produções audiovisuais. Em 2005, foi criado um reality sobre a vida de Serena e Venus Williams, intitulado Venus and Serena: For Real. Já em 2021, foi lançado o drama King Richard: Criando Campeãs, que retrata a jornada das pequenas esportistas e de seu pai até o pódio das grandes premiações mundiais de tênis. O longa rendeu um Oscar a Will Smith, que interpreta Richard Williams.  

Por Beatriz Calais