5 designers que fazem sucesso desenvolvendo tapeçarias modernas e vibrantes

Nos últimos anos, a tapeçaria ganhou novos nomes que abasteceram o acervo do design autoral brasileiro com desenhos modernos e descolados

Tapede de Alex Rocca (Alex Rocca)

Pontos de cores felpudos e inusitados, com formas orgânicas. Nos últimos anos, a tapeçaria ganhou novos nomes que abasteceram o acervo do design autoral brasileiro com desenhos modernos, descolados, de diferentes propostas. 

 

Entre eles, Luiza Caldari, baseada em Santa Catarina, com suas tapeçarias para erguer na parede, como pinturas, e que também revestem cadeiras e poltronas. 

 

Na capital paulista, Paola Muller, que se inspira na natureza para desenvolver coleções de tapetes, pufes e mantas em seu ateliê.

 

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Há ainda a dupla Valentina Saldanha e Patrick Gondim, da Voador Tecelagem, que tem a tapeçaria como carro-chefe e alegra qualquer casa com seu design coloridíssimo e divertido. A marca está abrigada em um sobrado na cidade do Rio de Janeiro.  

 

E, em Curitiba, Alex Rocca, de ascendente carreira na tapeçaria, que descobriu nas técnicas manuais uma forma de alívio de ansiedade e meio de expressão artístico. 

 

Conheça esses 5 profissionais criativos a seguir:

 

Luiza Caldari@luizacaldari

 

Luiza posa ao lado de suas peças – em destaque, a tapeçaria Lêba (Dennys Tormen)

 

Com formação em moda, a paulista Luiza Caldari encontrou uma forma de se expressar por meio da tapeçaria quando, recém-chegada a Santa Catarina, há dez anos, usava seu tempo livre no tear. 

 

Na época, trabalhava em uma marca de roupas e sua rotina em cidade pequena permitia períodos de ócio criativo. Pediu para que o namorado, o também designer Dennys Tormen, desenvolvesse a estrutura de tear e aos poucos passou a desenhar novas formas e dimensões com a lã. 

 

“Eu me permiti muito a experimentação, e eu acho que foi aí que comecei a encontrar um pouco da minha identidade nas criações”, conta. 

 

Em 2018, chegou, inclusive, a revestir mobiliário em colaboração com o T44 Studio, escritório de Tormen, e o expôs na Made (Mercado Arte e Design), em São Paulo. 

 

Com base na moda, Luiza gosta de promover encontro de cores. Ela diz que, com a tapeçaria, busca erguer nas paredes das casas uma sensação de bem-estar próxima à que sentimos quando nos vestimos com algo belo. 

 

“As cores são superimportantes no meu trabalho – uma das principais características, eu diria. E, mesmo quando a peça é clara ou toda branca ou bege, eu acho que isso também significa alguma coisa, e vai trazer o mesmo conforto”, reflete. 

 

Trabalho Amada Dúbia (Dennys Tormen)

 

As inspirações de Luiza vêm de experiências, livros, arte e sua trajetória. “Eu não tenho um olhar único, mas uma mescla dentro de mim. Eu acho que a nossa vivência, dia após dia, na música que escutamos, no que vemos, eu acho que vai acumulando um material e ele automaticamente sai pelas minhas mãos. Que coisa louca, né?”

 

Paola Muller @lolamuller

 

A designer Paola Muller sobre seu tapete Jardim ao lado do pufe, poltrona e manta Floresta. (André Giorgi)

 

Como uma foto da natureza brasileira vista do alto, os tapetes de Paola Muller exploram o encontro da designer têxtil com a pauta ambiental. Com décadas de experiência em moda, a paulistana passou a desenvolver acessórios para casa em 2015, como mantas e revestimentos para móveis. Depois, começou a desenhar tapetes. 

 

“Eu trago muito da moda para a decoração. Não só em termos de textura, cores e de tipo de matéria-prima que eu uso, mas das misturas que eu faço”, diz. “Acho que o grande desafio é transformar a ideia, o pensamento, em tecido.” 

 

Em 2019, lançou a série Floresta, inspirada na Amazônia, projeto em parceria com as designers Heloisa Galvão e Nicole Tomazi. 

 

Ambiente com o tapete Açude(André Giorgi)

 

“Eu comecei a trabalhar em cima disso, e virou um tema recorrente”, afirma.  

 

Um de seus tapetes reflete imagens aéreas de áreas desmatadas no Brasil e, ainda neste mês, lançará uma nova coleção chamada O Sertão Vai Virar Mar.

 

As tapeçarias que produz são versáteis e podem preencher o piso ou as paredes. São feitas de fio italiano, a partir de redes de pesca resgatadas no oceano, e de tapetes e carpetes descartados. Restos de tecidos de seu ateliê viram bolsas e bancos, também assinados por Paola, em uma iniciativa de lixo zero. 

 

Voador Tecelagem – @voadortecelagem

 

Valentina Saldanha e Patrick Gondim posam com obras da marca expostas na parede, piso, luminária e banco (Domestika)

 

Ao fim do curso de moda, em 2015, a carioca Valentina Saldanha se mudou para Estocolmo para estudar tecelagem. Ela pretendia se debruçar na tapeçaria, uma área pela qual cultivava interesse havia um tempo. Ao fim do curso, trouxe ao Brasil um tear de madeira de 1,40 metro de altura. “O campo da tecelagem é muito grande, mas eu sabia que meu interesse maior era a tapeçaria”, lembra. 

 

Aos poucos, começou a desenvolver o trabalho artesanal, com traços lúdicos e animados em sua marca, batizada de Voador Tecelagem, que tem tapetes de kilim como carro-chefe.

 

“A Voador tem como elementos mais importantes essa coisa do humor, de sempre ter algo meio engraçado, de ser bem colorido e dessas formas gordinhas e rechonchudas”, explica. 

 

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Em 2020, durante a pandemia, uniu-se ao também designer de moda carioca Patrick Gondim para expandir seu alcance. Contrataram o designer Gabriel Ramos, que dá assistência, além da tecelã Thelma Mello e da costureira Dilceia Fernandes. Abrigaram-se em um ateliê, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, em um sobrado que dividem com outras marcas. 

 

As imagens “gorduchas” passaram a estampar mantas, telas, cerâmicas, almofadas. Uniram-se em parcerias com outras marcas. “Tentamos ao máximo fazer com que os produtos sejam mais acessíveis”, disse Gondim. 

 

Criação em parceria com a TAUBA (Danielle Cavalher/Frederico Vegele)

 

Mais recentemente, a dupla lançou uma coleção de mantas com o artista Frederico Vegele, criador do TAUBA (@tauba.artes). Produzidas em jacquard e com estampas que rememoram itens de supermercado, como latinhas de refrigerante, embalagens de sabão e de molho picante, elas podem ser usadas nas paredes, no sofá ou na cama.

 

Alex Rocca – @__alexrocca

 

O designer Alex Rocca (Anderson Angélico)

 

Em 2019, a vida de Alex Rocca virou de ponta-cabeça. Formado em cinema e com experiência em direção de arte e cenografia, buscava uma conexão diferente com seu trabalho. “Eu queria um alívio para minha vida. Pensava ‘preciso ser feliz, não quero viver como o ratinho na rodinha’”, conta.

 

Foi nessa época que ele começou a bordar. Aos poucos, apaixonado pelo processo, desenvolveu melhor sua técnica. Criou tapeçarias de diferentes texturas e acabamentos. Expôs em feiras e, neste ano, ergueu sua maior obra já feita, na SP-Arte, com 5 metros de comprimento.  

 

“Eu gosto de experimentar superfícies”, diz. “Meu trabalho é um pouco sobre espaço e pertencimento, por isso brinco muito com as formas”, afirma, de sua casa, em Curitiba. 

 

Aquele processo iniciado em 2019 nunca parou e, neste ano, em parceria com o escritório Tiie Design, lançou uma coleção de mobiliário durante a Mercado Arte e Design, a MADE, em São Paulo. 

 

Trabalho Caminhos (@isabelamayerfotografia)

 

“A direção de arte é compor esteticamente em um filme: você cria cor, mood de objeto e a sensação que aquilo visualmente vai trazer a você”, conta. 

 

“Tem muitos filmes que são poesia; você assiste àquilo e ele toca você de outra maneira. Acho que eu trago isso para a tapeçaria. Eu sempre quero que a conexão seja essa, a do sentimento, não só o sentir físico.” 

 

Por Ana Luiza Cardoso | Matéria publicada na edição 126 da Versatille

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