Sensibilidade e inovação definem o designer Issey Miyake, conhecido por seus plissados, cortes avant-garde e fragrâncias exclusivas. Miyake faleceu no dia 5 de agosto de 2022, em Tóquio, aos 84 anos, por conta de um câncer no fígado e teve sua morte anunciada em 9 de agosto pelo Miyake Design Studio, o centro criativo pioneiro que fundou em 1970.

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Nascido em Hiroshima, teve sua infância marcada pela destruição da cidade pela bomba atômica no dia 6 de agosto de 1945. Embora o designer tenha sido bastante reservado em relação a sua vida privada, o evento prova que causou marcas profundas e influenciou sua abordagem extremamente sensível e humana na moda.

Miyake se formou em 1964, na Tama Art University, em Tóquio, e mudou-se para Paris a fim de estudar na École de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, que o preparou para empregos com renomados designers. Em 1966, teve a oportunidade de trabalhar com Guy Laroche e depois, em 1968, com o grande Hubert de Givenchy.

O designer Issey Miyake (Reprodução WWD)

Mais tarde, mudou-se para Nova York e passou seis meses como funcionário de Geoffrey Beene, antes de voltar para Tóquio em 1970, para onde “carregou na bagagem” ideias disruptivas. Miyake queria romper com as tradições da vestimenta formal difundida na cultura japonesa. Então, naquele ano, criou seu estúdio de design, estabelecendo uma nova linguagem de moda.

Embora suas criações sejam extremamente inovadoras e geniais, o olhar de Miyake sempre transcendeu o material: “Estou mais interessado nas pessoas e na forma humana. A roupa é a coisa mais próxima de todos os humanos”, disse ao New York Times, em 2012.

Confira, a seguir, cinco elementos emblemáticos do trabalho de Issey Miyake.

Moda em movimento

Quando criança, Miyake queria ser dançarino, o que despertou nele uma paixão por corpos em movimento. O tecido ideal encontrado pelo designer para expressá-la foi o poliéster Jersey – malha de composição 100% poliéster com um toque agradável, leve e requintado, bastante maleável e elástica – que deu origem a peças para todos os tamanhos e todas as idades. Fluidez e volume eram características marcantes de suas criações.

As vitrines das boutiques de Miyake mostram sua paixão por movimento (Getty Images)

Plissados disruptivos

Nos anos 80, Miyake foi pioneiro em um estilo patenteado de micropregas permanentes que usava um sistema de tratamento térmico para criar um visual único e aumentar a durabilidade da peça. Tal técnica permitiu que as roupas pudessem ser lavadas na máquina e secas naturalmente sem perder sua forma. O estilo era tão popular que em 1993 o designer lançou uma linha inteira chamada “Pleats Please”, que segue produzida e ainda muito procurada.

Desfile de Issey Miyake na Paris Fashion Week de Outono/Inverno 2014-2015 (Getty Images)

Uniforme do Steve Jobs

Foi o trabalho de Miyake que inspirou Steve Jobs a criar seu uniforme icônico – uma gola rulê preta, jeans e tênis – copiado até por Elizabeth Holmes, ex-bilionária e uma fraude no setor de diagnósticos médicos. Segundo Walter Isaacson, biógrafo de Jobs, ele visitou a sede da Sony no Japão no início dos anos 1980 e ficou impressionado com os uniformes futuristas e simples dos funcionários, desenhados por Miyake em 1981. Assim, adotou para seu visual suéteres personalizados de gola alta preta do designer, bem como jeans Levi’s 501 e tênis New Balance.

(Getty Images)

Fragrâncias icônicas

Miyake lançou seu primeiro perfume, L’Eau d’Issey, em conjunto com a gigante japonesa de cosméticos Shiseido em 1992. A fragrância, com nome “Água de Issey” (em tradução livre), teve inspiração na água, que destaca as notas de topo, e considerada pelo designer como a melhor matéria-prima. O perfume tornou-se um clássico cult devido ao seu aroma fresco e arejado e embalagem marcante, baseada na vista da lua atrás da Torre Eiffel que o designer observava de seu apartamento em Paris. Depois de lançar o L’Eau d’Issey, foram criadas mais de 100 perfumes e colônias diferentes.

(Divulgação)

Bao Bao bag

O principal diferencial da bolsa Bao Bao, criada por ele, é que, ao invés de status, ela simboliza o intelecto, a arte e a criatividade, de modo a inspirar quem a utiliza. O acessório foi lançado em 2000, como Bilbao, em homenagem ao Museu Guggenheim da cidade espanhola. Mais tarde, em 2010, como parte de um rebranding, foi rebatizada de “Bao Bao”. Atualmente, existem diferentes versões, desde tote bags a pochetes.

(Divulgação)