4 profissionais que são referência em consultoria de imagem
Aumenta a procura por consultoria de imagem, e a resposta para o fato está no uso da aparência como aliada na hora de se posicionar nas esferas pessoal e profissional
Em um mundo pautado por aparências, uma roupa é capaz de mudar tudo. Possivelmente, a frase anterior soa exagerada, mas se consultar com um especialista sobre os melhores recortes, cores e tecidos, por exemplo, pode ser decisivo para garantir uma tomada de decisão com maior confiança, melhorar a autoestima e até mesmo atrair os olhares certos a fim de alcançar um objetivo específico, seja na vida pessoal, seja na profissional. É exatamente isso que fazem os consultores de imagem. Por meio de diversos estudos, eles desenvolvem métodos que vão muito além de apontar uma adequação visual, mas sobretudo ajudam indivíduos a expressarem da melhor forma suas personalidades, ou então exaltarem aquilo que talvez esteja escondido.
Segundo Francine Pacheco, consultora, professora do Senac São Paulo e curadora de moda no Sebrae RJ, esse movimento de se consultar sobre a própria imagem ganhou força na década de 1980, principalmente na cidade de Nova York. Foi na área de figurinos para o cinema que surgiu uma percepção mais clara de que o tom de uma roupa não tinha o mesmo caimento em pessoas com características físicas diferentes. “Foram os profissionais de moda que viram essa necessidade e, a partir dela, começaram a identificar esse novo nicho de consultoria especializada para um indivíduo”, diz.
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Ao pensar na história mais recente, a especialista afirma que o olhar para si, impulsionado durante o isolamento, na pandemia, foi um catalisador para o crescimento do mercado e a ascensão de novos nichos, uma vez que o corporativo já mantinha uma relação de proximidade com a consultoria por conta dos dress codes. Mais consultores se especializaram em tamanhos plus size e petite, bem como na moda para pessoas com deficiência, homens e até o grupo conhecido como “economia criativa”, que inclui indivíduos com mais de 60 anos que estão sempre atualizados e querem se vestir de forma moderna. Outro fator que impulsionou a consultoria recentemente foi o movimento do slow fashion e o lifestyle de bem-estar e minimalista. “Isso incentivou um cuidado com o que a gente tem e a busca por saber a procedência dos produtos, bem como os valores envolvidos em sua produção”, explica.
No Brasil, consultoras que atuam no mercado há quase uma década ou mais e outras que iniciaram há menos tempo, mas se destacam por suprir com maestria as necessidades modernas, mostram que o resultado de um trabalho conjunto na construção de uma imagem pode ser surpreendente. Confira a seguir.
Juliana Berman
A empresa de consultoria de imagem Neuf foi criada em 2017 pela baiana Juliana Berman, que se aprofundou no ramo em meio a um período sabático em Toronto, no Canadá. A empreendedora vem da área de publicidade, na qual atuou por 11 anos entre grandes agências de Salvador. “Trabalhar tanto tempo nesse setor me trouxe um olhar criativo sobre a forma visual com que as marcas se comunicam”, diz Juliana.
Atualmente, a Neuf − que tem nome inspirado na Pont Neuf, em Paris − é um hub de consultoras de imagem que atuam, presencialmente, em nove capitais do país e, virtualmente, por todo o mundo. Desde sua fundação até hoje, a empresa já atendeu mais de mil “neufóricas” − como Juliana chama carinhosamente suas clientes. Dentro da gama de serviços estão análise de coloração pessoal, de silhueta, detox de closet, personal shopper e produção de looks.
Entre os cursos para consultoras, compilados na Universidade Neuf, o destaque é a originalidade dos métodos de ensino, como o “jogo de estilo”, que inclui uma associação de imagens, frases e conteúdos para identificar com exatidão o visual de cada mulher. “Levar esse conhecimento é algo que exige muita pesquisa e investimento − uma vez que gostamos de inovar. Para nós, não vale copiar o que existe − e nos associar sempre à tecnologia. De fato, o pilar tecnológico é um diferencial da Neuf, que possui ainda o Mosty App, no qual as consultoras assinantes podem reunir todas as informações das clientes e catalogar suas entregas, o que permite um resultado ainda mais eficaz.
Ana Vaz
A curitibana Ana Vaz decidiu criar sua empresa de consultoria em 2002, quando morava na Inglaterra, após terminar sua pós-graduação em marketing na Liverpool Business School da John Moores University. Ao aprofundar-se no setor, por meio de estudos − até mesmo na First Impressions Image Consulting, uma das consultorias líderes do segmento no Reino Unido − e pesquisas não só voltadas ao mercado global, mas sobretudo ao brasileiro, Ana compreendeu que poderia utilizar sua experiência na construção de marcas para oferecer um serviço de criação de identidade visual pessoal.
Sua companhia atende homens, mulheres e empresas por meio de diversas opções, como “Estilo e Imagem Pessoal”, “Imagem Pessoal no Trabalho”, “Pronto-Socorro da Imagem” (para aqueles que precisam solucionar problemas específicos com urgência, como a escolha de peças para ocasiões especiais), “Desenvolvimento de Políticas de Vestuário”, “Imagem Aplicada à Compra ou Desenvolvimento de Coleção”, palestras, treinamentos, entre outras. Atualmente, a fundadora está focada em aprimorar ainda mais sua butique de cursos para consultoras.
“O propósito é formar profissionais que atuem de maneira responsável e mais técnica, porque vejo o mercado se voltando muito para um olhar generalizado sobre o que é uma imagem de sucesso ou a imagem ideal. Eu tenho essa ambição de construir um setor com especialistas que trabalhem a partir de recortes de classe, de raça e de gênero, porque a gente sabe que nem tudo serve para todo mundo”, diz. Para aqueles que não estão nos cursos da butique, ainda é possível ter um gostinho dos ensinamentos no Juntas Podcast, liderado por Ana e Bruna Guadaim, consultora formada pela fundadora.
Maya Marx
A conexão profissional de Maya com o meio fashion começou aos 16 anos, ainda na escola, quando criou uma coleção que passou a ser vendida para amigos e, posteriormente, se tornou sua marca − que existiu por 15 anos. Maya se formou em negócios da moda, no Brasil, fez pós-graduação em criação de moda em Londres e se especializou em consultoria na Central Saint Martins e na London Fashion School. No mercado de sua especialização, ela atua há nove anos. “Trabalhar ajudando o outro sempre foi algo de que eu gostei muito”, diz.
O foco de sua empresa está em apoiar mulheres que enfrentam desafios profundos em relação à autoestima. “Elas podem ter passado por algum tipo de abuso emocional ou físico e, por isso, têm uma dificuldade muito grande de se olhar no espelho. Eu até faço um atendimento de consultoria de imagem para quem quer ‘looks no armário’, mas meu principal alvo são essas mulheres que têm sua imagem distorcida”, explica Maya.
Entre os métodos utilizados por ela estão encontros em grupo a fim de realizar trocas em relação à percepção do corpo e autoconfiança. Além disso, por ser também terapeuta biomagnética, ela auxilia as clientes a lidarem com traumas que estão no inconsciente por meio do equilíbrio bioenergético celular. O resultado é claramente perceptível: “Eu queria gravar o momento em que se olham no espelho. É um olhar de como se estivessem se reconhecendo. É instantâneo, tem um brilho nos olhos”, relata.
Letícia Becker
Antes de se tornar consultora, Letícia Becker trabalhava com direito internacional, uma área que até parece distante do mercado em que atua há nove anos, mas não é. “É um ramo bem comercial e teórico, e eu entendi que a teorização era um dos meus talentos.” Ao fazer a transição de carreira, Letícia começou a dar aulas no Senac e, depois, abriu com duas sócias uma escola de consultoria chamada Trio Inteligência em Imagem. Separadamente, ela atende ainda marcas e pessoas.
Embora também utilize técnicas como coloração pessoal e análise de silhueta, Letícia se concentra na construção de uma narrativa por meio da linguagem visual. “A depender do contraste, da paleta de cores, das formas propostas para certo estilo de marca ou pessoa, há uma narrativa visual. É por meio do que a cliente busca sentir ou da maneira que ela quer se colocar que eu passo a trabalhar um conceito de imagem”, explica.
Ela ressalta que as técnicas de consultoria devem, sim, ser aplicadas, mas sempre a partir de uma necessidade pessoal e não um padrão “ideal” a ser alcançado, como era bastante difundido nos anos 1980, com a ideia de “woman power”, que pressupunha, geralmente, códigos muito bem definidos a fim de alcançar essa imagem perfeita. “É o exemplo da pessoa que tem uma característica de pele mais suave, mas uma personalidade mais intensa. Ela tem a necessidade de uma imagem de mais impacto, de mais presença, então não tem como eu desperdiçar, por exemplo, o encontro com essa intensidade da cor.”
Por fim, Letícia revela que a consultoria é um trabalho em constante evolução, e não apenas para um objetivo momentâneo. A prova disso são suas clientes de muitos anos, as quais sempre a procuram em uma nova fase da vida a fim de descobrir a melhor forma de se posicionarem por meio de suas imagens, seja no trabalho, seja na vida pessoal. “Eu costumo dizer que é como um óleo essencial, de fora para dentro. Você usa os elementos visuais, isso vai impactando a forma como se sente e, por consequência, o modo como se comporta e atua na vida”, conclui.
Por Laís Campos | Matéria publicada na edição 131 da Versatille