Vhils abre primeira exposição individual no Brasil
Mostra do artista português inaugura na quinta-feira, 19, na Usina Luis Maluf
Inaugura hoje (19), na Usina Luis Maluf, em São Paulo, a exposição “Alquimia”, primeira mostra individual, no Brasil, do artista português Alexandre Farto, mais conhecido como Vhils. Segundo a curadora Julia Flamingo, o título retrata o sentimento inexplicável e mágico gerado na união entre pessoas, bem como os processos químicos de ligação e troca de energia, que permeiam as compatibilidades dos encontros. “Reações químicas também fazem parte do processo de produção das obras de Vhils, que usa substâncias como ácidos e corrosivos para enferrujar e desmanchar as camadas superficiais das imagens com as quais trabalha, fazendo surgir sedimentos mais profundos”, comenta em nota oficial.
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Rostos anônimos em proporções gigantescas esculpidos na parede compõem a primeira obra com a qual o espectador se depara ao entrar na Usina Luis Maluf. Considerado experimentalista, por trabalhar com diversas linguagens, Vhils desenvolveu o projeto “Scratching the Surface” (ou “Arranhando a Superfície”, em tradução livre), no qual traz uma inovadora técnica de escultura em baixo-relevo e que constitui a base dessa técnica aplicada na obra da entrada.
A partir da destruição, principal método construtivo do artista, outras dezenas de obras feitas em portas de madeira e a partir de billboards, trazem faces que formam uma multidão de desconhecidos, unidos por singularidades, mas sempre plurais, como explica Julia: “É, por vezes, no meio da aglutinação de pessoas onde nos sentimos mais sozinhos, mas também é no mar de indivíduos unidos pela mesma fantasia onde mergulhamos na onda prazerosa da presença e da euforia. Estar em meio à multidão é confrontar o silêncio, é lutar contra o apagamento”. Ela relata ainda que as imagens trazidas pelo artista na exposição retratam poderosos momentos da história nos quais indivíduos pensam coletivamente sobre seu futuro. “São episódios disruptivos que reafirmam a singularidade de um grupo, um povo ou uma cidade.”
Julia Flamingo também ressalta que as articulações políticas e as palavras de ordem de diferentes manifestações públicas não estão em primeiro plano na mostra, mas são trabalhadas a partir da reflexão sobre esperança e falência. “O povo que inicialmente ocupa as ruas da cidade e vocaliza desejos em uníssono, vê essa potência se dissipar, o sonho se esvair. A multidão torna-se massa, a individualidade é sobreposta pela sociedade de consumo, a universalidade é arrebatada pela globalização. Nas obras de Vhils, registros de luta por utopias tornam-se fantasmas em imagens não-identificadas, decompostas e desgastadas.”
Desde 2005, Vhils tem apresentado seu trabalho em mais de 30 países ao redor do mundo em exposições individuais e coletivas, eventos, intervenções artísticas site-specific, entre outros projetos em vários contextos – desde o trabalho com comunidades nas favelas do Rio de Janeiro até colaborações com instituições artísticas de renome como o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Lisboa), Centro de Artes Contemporâneas (Cincinnati), Le Centquatre-Paris (Paris), Centro Pompidou (Paris), Museu de Arte CAFA (Pequim), ou o Museu de Arte Contemporânea San Diego (San Diego). O trabalho do artista foca em temas como a luta travada entre as vontades humanas e as demandas do cotidiano; o desenvolvimento do mundo globalizado e a homogeneização imposta na realidade atual. Por meio de suas obras, explora dualidades e contrastes como apagamento e resistência, e destruição e beleza.
SERVIÇO
Exposição Alquimia Abertura: 19 de outubro
Horário da abertura: das 18h às 22h
Local: Usina Luis Maluf
Endereço: Rua Brigadeiro Galvão, 996 – Barra Funda, São Paulo – SP
Período expositivo: 20 de outubro a 20 de dezembro de 2023
Horário de funcionamento: de segunda à sexta-feira das 10h às 19h e aos sábados das 11h às 17h | fecha aos domingos e feriados