Vallarta e Nayarit: Os novos astros do turismo mexicano
Quando se trata de turismo, ninguém segura o México. Como se não bastasse contar com a fórmula vencedora que combina natureza generosa, história fascinante, cultura diferenciada e gastronomia inigualável, o país demonstra também competência na
Quando se trata de turismo, ninguém segura o México. Como se não bastasse contar com a fórmula vencedora que combina natureza generosa, história fascinante, cultura diferenciada e gastronomia inigualável, o país demonstra também competência na gestão.
Mas há ainda um trunfo maior: o povo gentil e hospitaleiro. Com esses requisitos, não é à toa que receba anualmente 32 milhões de turistas, o maior movimento da América Latina e mais de cinco vezes o do Brasil.
Mas o México não dorme sobre os louros obtidos com o sucesso de visitantes em destinos como Cancún, Acapulco, Riviera Maia ou Los Cabos, além da própria Cidade do México, só para citar os mais conhecidos. A cada momento o país surpreende ao colocar novas regiões no radar dos viajantes internacionais. É o caso de Puerto Vallarta, no Estado de Jalisco, e a Riviera Nayarit, em Nayarit, ambos localizados junto ao Oceano Pacífico.
Separados por apenas 20 quilômetros, os dois locais circundam a baía de Banderas. Em forma de ferradura, são 100 quilômetros no entorno das águas preservadas da poluição e ricas em vida marinha, e que chegam a alcançar profundidades de até 900 metros.
Com clima subtropical, 300 dias de sol, e 25 graus de temperatura média e latitude semelhante ao Havaí, esse paraíso ecológico permite interagir com grande diversidade de espécies. Como mergulhar em águas profundas junto aos cerca de 300 golfinhos que vivem em total liberdade. Ou observar as baleias jubarte que visitam a baía entre dezembro e março.
Situação parecida ocorre entre março e dezembro, quando os ovos de milhares de tartarugas marinhas incubados na areia dão lugar a filhotes que podem ser observados nas praias a caminho do mar. Ou, ainda, visitar santuários de aves aquáticas, terrestres e marinhas de mais de 350 espécies, algumas raras como as patolas de pés azuis.
Quem busca atividades ao ar livre e esportes aquáticos não se decepciona. A região é rica em alternativas, que vão do mergulho ao barco a vela, do snorkel ao stand up paddle, da pesca à equitação, da bicicleta ao surfe, do caiaque ao safari, do esqui aquático à tirolesa.
Até 1964, a cidade de Puerto Vallarta era ilustre desconhecida do grande público. Ganhou visibilidade internacional instantânea depois de se tornar cenário do filme Noite de Iguana, dirigido por John Huston. Mais até que a película, talvez por ter sido o palco de um tórrido relacionamento proibido entre os artistas Richard Burton e Elizabeth Taylor, ambos no auge da fama. Quando ela fez aniversário, ganhou do ator a luxuosa propriedade Kimberly House.
Do outro lado da rua, no melhor estilo romântico, ele construiu não só a própria residência como uniu as duas com uma réplica da Ponte dos Suspiros, de Veneza, na Itália. Em 1990, Elizabeth Taylor vendeu a propriedade com tudo dentro, e hoje virou um hotel-butique de luxo.
Para quem curte igrejas, vale a pena visitar a de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira dos mexicanos. Construída em 1918, além das obras de arte no interior, conta na abóbada com uma coroa que se destaca noite e dia sobre o horizonte da cidade.
Puerto Vallarta ganha vida especial à noite, com seus 300 restaurantes, além de bares e lojas junto ao Malecón. Trata-se de um calçadão onde se misturam turistas, locais, índios huicholes, músicos, acrobatas e artesãos.
Com pouco mais de 300 mil habitantes, a cidade vive um boom turístico. Recebe anualmente 12 milhões de visitantes, a maioria americanos e canadenses. Os brasileiros também começam a se encantar com o lugar, e já contabilizam 260 mil presenças a cada ano. Com 22 mil quartos, a hotelaria diversificada oferece de bangalôs de luxo e hotéis cinco estrelas aos mais econômicos.
Atraídos seja pelo lazer ou por viagens de incentivo, os visitantes encontram na cidade eventos para todos os gostos: encontros de negócios e culturais, festas religiosas, torneios esportivos, festivais gastronômicos. “Somos um destino jovem, mas nossa maior riqueza é a diversidade”, revela o diretor do Escritório de Visitantes e Convenções local, Luis Villaseñor.
Bastam 20 quilômetros para sair do Estado de Jalisco e entrar na Riviera Nayarit, no Estado de Nayarit. Sob o mesmo guarda-chuva, a região reúne 23 povoados de pescadores. O interessante é que cada um deles tem características próprias, sempre com hotéis para todos os gostos — dos luxuosos e exclusivos aos familiares e democráticos “all inclusive”.
A Riviera de Nayarit cobre 307 quilômetros de litoral, que se inicia na baia de Banderas e se estende ao norte pela costa do Oceano Pacífico. Desfilam resorts, hotéis, spas, condomínios de luxo, restaurantes e campos de golfe em um caminho salpicado de praias com águas transparentes e mornas.
Segue-se uma sequência de localidades. Nuevo Vallarta e Flamingos são reconhecidos pelos campos de golfe e empreendimentos hoteleiros. Bucerías é a fotografia do México autêntico, com ruas de pedra e onde a atração é degustar mariscos em bares de frente para o mar. Em La Cruz de Huanacaxtle está instalada uma moderna marina com capacidade para centenas de embarcações, inclusive de grande porte.
Há ainda a histórica Punta Mita, terra dos índios huicholes, e que atraiu pela beleza ímpar grandes redes hoteleiras e mais campos de golfe. Bem à sua frente, estão as Ilhas Marietas com seus arrecifes e santuário de aves, declaradas como reserva da biosfera pela Unesco. Sayulita é referência internacional em surfe, e também dispõe de grande variedade de cafés e bares.
Já San Francisco, ou San Pancho, tem um clube de polo e oferece desde passeios a cavalo e alpinismo até ioga e excursões pela selva. A lista não acaba. Entre outras, tem também a praia de Lo de Marcos, a pesca e mergulho no Rincón de Guayabitos, a histórica San Blas, o Parque Nacional de la Tovara, a zona arqueológica de los Toriles, a ilha de Mexcaltitán.
Puerto Vallarta e Riviera Nayarit não disputam entre si. Ao contrário, consideram-se complementares e até compartilham não só o aeroporto internacional com mais de 3 milhões de passageiros ao ano vindos de 37 cidades internacionais, como o porto onde atracam 150 cruzeiros por ano. Qual o grande diferencial desta região? Diferente de Cancún, que há apenas 20 anos era desabitado até se tornar um centro turístico, os habitantes locais têm identidade cultural muito forte. Com uma população nascida e que vive ali há várias gerações, transmite ao turista um legítimo estilo de vida que se reflete na arte e gastronomia únicas.
Mas há ainda um outro fator importante. Os dois destinos fazem parte dos únicos cinco Estados mexicanos autorizados a fabricar a autêntica tequila, a famosa bebida alcoólica nacional extraída do agave azul. O que é produzido no resto do país ganha o nome genérico de mescal. E para um mexicano, isto faz toda a diferença.
Turismo | Especial México por Fábio Steinberg | Matéria publicada na edição 92 da Revista Versatille