Um giro pela Puglia
No final de 2015 arrumei as malas e parti para a cidade de Bari, capital da Puglia, na Itália, a convite do ilustre João Annibale, CEO da Leading Hotels of The World no Brasil. O
No final de 2015 arrumei as malas e parti para a cidade de Bari, capital da Puglia, na Itália, a convite do ilustre João Annibale, CEO da Leading Hotels of The World no Brasil. O objetivo da viagem era conhecer essa belíssima região, no sul da Itália, e os novos serviços business da Alitália, por sinal, maravilhosos.
Saímos de São Paulo direto para Roma. Lá, pegamos um voo para a cidade de Bari. Ao chegarmos em Bari fomos gentilmente recebidos pela equipe da Benarrivati — empresa especializada em turismo de luxo na Itália —, que nos levou ao Borgo Egnazia. Um hotel que supera as expectativas em todos os sentidos.
Localizado em uma região paradisíaca, o complexo — com área de 60 hectares, às margens do mar Adriático — é cercado por oliveiras milenares. Uma legítima experiência sensorial, mesmo para os mais experientes e exigentes viajantes. As 183 dependências contemplam 63 suítes, 92 apartamentos tipo casette e 28 vilas. Todas as acomodações são excepcionais, mesmo as da categoria mais básica.
Pela arquitetura, a sensação que tive ao chegar no Borgo Egnazia foi como se tivesse retroagido aos anos 1500 d.C., mas com toda a sofisticação do século 21. As vilas são um show à parte. Algumas têm mais de 300 m2 de área privativa. Ao caminhar pelo complexo, a impressão é de que tudo ali foi minuciosamente pensado e desenhado para encantar e surpreender. A cada dez metros caminhados é possível modificar o ângulo de visão e deparar-se com uma paisagem diversa e instigante.
Para os que preferem privacidade, o hotel foi tão bem projetado que você pode alojar-se acompanhado ou com a família e sequer ser visto pelos demais hóspedes. Tudo no Borgo Egnazia pode ser customizado ou construído para agradá-lo. Por conta desses atributos, o local é point de jet setters e de famosos do mundo inteiro. E o bacana é que o lugar é igualmente atrativo tanto no verão quanto no inverno europeu. Tudo que envolve o Borgo Egnazia é diferenciado e exclusivo, seja pelo luxo, pelo bom gosto, pelos detalhes e pela arquitetura.
São diversos restaurantes distribuídos nesse agrupamento, em alguns deles pode-se realizar jantares e almoços privativos — com o auxílio de chefs — e provar dos ingredientes cultivados no local. A arte de comer e beber bem, na Puglia, segue a linha da melhor gastronomia italiana e está no mesmo nível do hotel. Durante os quatro dias que fiquei lá jantei e almocei num restaurante diferente com diferentes chefs.
O Borgo Egnazia conta ainda com um campo de golfe de 18 buracos, denominado San Domenico Golf Course, que fica às margens do oceano com duas praias particulares. Por causa dessa atividade, atrai jogadores de todo o mundo. Outra atração à parte, o Vair SPA, além de luxuoso e, ao mesmo tempo, acolhedor, fica em andar subterrâneo. Iluminado por velas e candelabros apresenta um fantástico cardá- pio de massagens.
À noite o hotel tem atmosfera única, pois praticamente toda a iluminação se dá por luz indireta. Logo na entrada, duas lareiras aconchegantes ficam acesas durante todo o inverno. O local é cenário perfeito para um casamento inesquecível na Itália, que pode ser em torno das Villas ou na Masseria San Domenico. Próxima ao Borgo Egnazia, é uma linda “farhouse and templar watchtower” do século 14.
Apúlia em português ou Puglia como é chamada no resto do mundo é uma região da Itália meridional com 4 milhões de habitantes e 19.000 km². Chama a atenção pelas belezas naturais, por sua arquitetura, pelo mar, pelas oliveiras centenárias e pela produção dos vinhos Primitivo Di Manduria. Nossa viagem concentrou os esforços nas proximidades do Borgo Egnazia, mais especificamente entre as cidades de Bari e Brindici.
Num dos dias da viagem, visitei uma fazenda em Monopoli, cuja atividade central é a produção de azeite de oliva. Durante a visita, além de ter aprendido o método de produção e os segredos de um verdadeiro extravirgem ainda pude degustar o azeite em todos os seus estágios. Tarefa nada difícil para um apaixonado por azeite. Não fosse isso, ainda vivi uma experiência como camponês, colhendo olivas com o pessoal da fazenda. É superinteressante o sistema porque — apesar de existir tratores que chacoalham as árvores para que as olivas venham ao chão — boa parte da colheita é manual. Após “a lida na roça”, fizemos um piquenique embaixo de uma oliveira para fechar o aprendizado com chave de ouro.
Um programa interessante é conhecer a Castellana Grotte. O local é uma gruta que fica 300 metros abaixo do solo com pouco mais de 3 km de extensão. O lugar foi descoberto há milhares de anos e está num nível impressionante de preservação natural. Além de a entrada de turistas ser limitada, no interior da gruta é proibido tocar, filmar e fotografar. Mas vale a visita para ver o crescimento natural das estalagmites e estalactites, o que nos remete a uma viagem no tempo.
Alberobello também é parada obrigatória, especialmente para os viajantes que valorizam arquitetura, cultura e história. O vilarejo, totalmente, preservado, conserva Trullis com mais de 500 anos. Trulli é o nome dado às casas que eram construídas naquela região. Construções rústicas em formato de “cone invertido” com telhados construídos com pedras. Cada trulli tem o seu pináculo no topo do telhado, uma espécie de assinatura que caracterizava os construtores da época e diferenciava os estilos de construção. Durante a visita, conheci uma trulli original e uma trulli atual, utilizada por moradores locais e como hotel. Interessante observar a inteligência das construções daquela época, as quais já tinham noções claras de sustentabilidade. O vilarejo é uma simpatia à parte, cercado por pequenas lojas que endem artesanato e bares onde se encontra uma popula- ção hospitaleira e animada.
Diário de Bordo por Rogério Sfoggia | Materia publicada na edição 89 da Revista Versatille