Tribeca: filme sobre a atriz Hedy Lamarr é realidade, mas parece ficção

Produtora Susan Sarandon bate um papo exclusivo com a Versatille sobre o documentário Bombshell: The Hedy Lamarr Story, sobre a extraordinária vida de Hedy Lamarr

Uma das principais estreias no Tribeca Film Festival foi Bombshell: The Hedy Lamarr Story. O documentário, produzido por Susan Sarandon, explora a vida pessoal e profissional da atriz Hedy Lamarr, trazendo a tona discussões sobre o peso da idade das mulheres em Hollywood, e a credibilidade de uma mulher na sociedade científica.

 

A história de Hedy Lamarr mais parece um filme de ficção. Além de ser um ícone de Hollywood dos anos 30 aos anos 50 – foi chamada por Louis B. Mayer, magnata dos estúdios MGM de “a mulher mais bonita do século” – a austríaca, refugiada nos EUA no período da Segunda Guerra, foi a inventora de um sistema de orientação por rádio hoje encontrado nas tecnologias Wi-Fi e Bluetooth.

 

No tapete vermelho da estreia da produção, tive a oportunidade de conversar com Susan Sarandon sobre este projeto e o papel das mulheres em Hollywood.

 

De todos os tópicos que você poderia produzir um filme, por que este?
Essa é uma ótima pergunta! Bem, em primeiro lugar, era uma coisa muito misteriosa o fato de que essa mulher linda, considerada a mais bela de Hollywood na época, ser uma inventora “no armário”. É uma história muito estranha e maravilhosa ao mesmo tempo (risos)!

 

Susan explica que foi difícil definir o que a chamou mais atenção ou o que a deixou mais curiosa na história de Hedy Lamarr.

 

“Ela casou quando tinha 19 anos com um rico fabricante de armas e munições na Áustria, e depois fugiu do marido. Em meio à Segunda Guerra Mundial, o horror de tudo aquilo a motivou a inventar um sistema que, basicamente, ajuda submarinos a se localizar. Ela era judia e tinha que esconder esse fato. Havia tantas camadas que surgiram quando começamos a nos aprofundar na história dela… e descobrimos muitas entrevistas que ninguém sabia que existiam.”

 

DESAFIOS DA VIDA E DA IDADE 

 

Para Alexandra Dean, diretora do filme, Hedy Lamarr era o ícone que estava procurando.

 

“Eu produzia uma série chamada Inovadores, sobre inventores. Sempre brigava muito para colocar uma mulher no show. Ouvi muito que ‘mulheres não inventam’, e pensava que isso não poderia ser verdade. Essas histórias devem estar por aí mas não devem ser conhecidas por algum motivo. E este foi o caso de Hedy. Ela era a mulher mais linda do mundo e as pessoas partiam do pressuposto que ela deveria ser burrinha.” (risos)

 

A questão da limitação da idade para as mulheres de Hollywood foi um dos fatores iniciais que atraiu Susan ao filme, e o tema, claro, abriu portas sobre o papel das mulheres em Hollywood. A produtora contou que teve a ideia de colocar a idade de Hedy Lamarr em cada cena que ela aparecia para destacar como a pressão da indústria era desnecessária.

 

Sendo uma veterana na indústria, trabalhando à frente e por trás das câmeras, como você enxerga o papel das mulheres em Hollywood nestes últimos anos?
Acho que cada vez mais as mulheres estão produzindo, ajudando e abrindo portas para outras mulheres. Hoje em dia não é mais necessário ver as outras mulheres como ameaça. Hoje em dia nos damos conta, politicamente também, que todas nós devemos nos ajudar e dar apoio umas às outras.

 

“É um grande passo a frente: não depender de homens para ter trabalho. Mas claro, o fator “idade” ainda é algo que existe. Cada vez mais vemos papéis surgindo para as mulheres mais velhas, mas ainda temos problemas de racismo, algo tão sério quanto. E o fato que estamos tendo esse tipo de conversa agora é muito importante.”

 

Sobre seu trabalho como atriz, hoje em dia Sarandon prefere fazer personagens e roteiros que desafiem a perspectiva do publico e abra novas discussões – o caso de seu último filme, 3 Generations, no qual a personagem da atriz Elle Fanning passa pelo processo de mudança de sexo.

 

“Para mim, este é o estimulo de ser uma atriz. Você pode fazer filmes super divertidos, mas que também desafiam sua perspectiva e dão acesso a um mundo que normalmente não veríamos. E isso aumenta a oportunidade para abrir a mente.”

 

DIVERSIDADE E BRASIL 

Do ponto de vista da indústria, para Susan a diversidade torna o cinema mais interessante e divertido, além de permitir que o público fique mais informado sobre diferentes causas e realidades.

 

“Dead Men Walking (Os Últimos Passos de um Homem) é um bom exemplo. As pessoas tinham opiniões fortes sobre algo, mas não tinham informação. Quando você dá informação às pessoas, isso facilita com que tomem suas próprias decisões. Por isso eu acho que ter mais pontos de vista femininos é muito importantes, assim como pontos de vista gays, negros… enfim, de minorias de todos os tipos.”

 

Você tem muitos fãs no Brasil. Quando eu comentei com algumas pessoas que teria a possibilidade de lhe entrevistar, todos ficaram muito animados.
Sabe, eu vejo muita coisa online do Brasil. Faz muito tempo que não vou, mas adoro o país. Por um tempo, meu filho mais novo namorou uma brasileira, e isso fez com que a gente se sentisse mais próximos ao Brasil. Mas eu acho que estou devendo uma viagem ao Brasil, sim! Eu realmente amo o país. Tive uma experiência ótima quando fui para Olinda e Manaus.

 

Que bom! Você tem vir nos visitar de novo, vamos adorar te receber!
Obrigada!

 

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