Tribeca Film Festival: os primeiros passos de Kobe Bryant no cinema
Lendário ex-jogador de basquete, Kobe Bryant apresentou seu primeiro trabalho como diretor e falou com exclusividade à Versatille sobre a experiência no cinema
Quando Kobe Bryant se aposentou das quadras de basquete, o público esperava que ele seguisse os passos de muitos outros ex-jogadores, e continuasse no mundo dos esportes – seja como jogador de golfe, seja como comentarista ou técnico de basquete.
O que ninguém esperava era que Kobe daria seu primeiro passo fora das quadras para dentro das artes, tornando-se escritor e cineasta. E foi no Tribeca Film Festival que a lenda do basquete, conhecido como Black Mamba, apresentou aquela que é sua primeira incursão no cinema, estreando como roteirista e produtor-executivo de um curta-metragem de animação.
No tapete vermelho da estreia de seu filme, Dear Basketball, conversei com Kobe Bryant, que estava acompanhado de sua família. O agora cineasta ficou muito feliz de conversar com um veículo brasileiro, e já começou a entrevista com uma simpatia impar, falando logo de cara um “oi!”.
Como está sendo para você participar do Tribeca Film Festival? Isso deve ser atípico para você!
Atípico é o mínimo que posso chamar! Eu tinha muitos sonhos quando era pequeno. Queria ser um campeão de NBA e coisas do tipo. Mas estar no Tribeca Film Festival e ser um roteirista? Não estavam na lista. E acho que isso faz este momento ainda mais emocionante, porque a vida as vezes traz coisas inesperadas e que podem ser mais bonitas do que qualquer coisa que eu poderia planejar.
E como foi essa experiência de trabalhar como um cineasta?
Foi maravilhosa! Eu tive a chance de trabalhar com Glen Keane e John Williams. Não tem como ser melhor do que isso, né?
TIME DE PESO
Kobe sempre escreveu como hobby, e pouco tempo após encerrar sua carreira como jogador, encontrou nessa atividade uma forma de preencher um vazio que havia sido deixado pelo basquete. Entre seus vários textos, o jogador havia composto um poema chamado Dear Basketball, no qual declarava todo seu amor e dedicação ao esporte.
Ao analisar o texto, a sonoridade deste era tão interessante que surgiu a ideia de transformá-lo em um curta-metragem de animação. Foi então que Bryant juntou forças com dois gigantes da indústria: John Williams, o compositor da trilha-sonora de filmes como Star Wars, Indiana Jones, E.T.; e Glen Keane, renomado ilustrador criou muitos personagens para Disney como Ariel, de A Pequena Sereia, o Fera, de Bela e a Fera, e Tarzan.
O curta foi exibido no festival na sessão de Curtas de Animação, selecionados por Whoopi Goldberg. Com o time de peso por trás da produção, seu resultado final não foi nenhuma surpresa. Com poucos minutos de duração – 6, para ser mais exato – , Dear Basketball emocionou uma plateia lotada de fãs de basquete e curiosos em sua estreia .
PRIMEIRO DE MUITOS?
Na conversa após o filme, Kobe Bryant e Glen Keane contaram que, em um primeiro momento, acreditavam não ter muito em comum além de admiração mutua. A dupla admitiu que houve uma conexão por serem influenciados por composições de Beethoven – um enquanto jogava basquete e o outro enquanto desenvolvia personagens e cenas.
Os dois revelaram que a participação de John Williams no filme foi uma surpresa, pois o compositor normalmente não pegava projetos de curta-metragem. Contudo, ele gostou tanto da ideia do filme que resolveu aceitar o desafio. O resultado, como se pôde conferir, impressiona.
“Eu acho que a melhor forma de inspirar a próxima geração de atletas é por meio de histórias. Eu posso sentar aqui e falar que você deve trabalhar duro, deve ser motivado, etc. Mas, na maioria das vezes, isso não dá certo. Por outro lado, quando se passa uma mensagem por meio de uma história, a mensagem tende a te prender mais.”
Dear Basketball é o primeiro de muitos filmes que Kobe Bryant e Glen Keane pretendem fazer juntos para contribuir com o esporte na parte de story-telling. Kobe explicou que acredita poder ter mais impacto no mundo dos esportes contando boas histórias do que virando comentarista. O processo todo foi “apaixonante”, e ele prevê “uma longa e interessante carreira neste meio”.