Joaquin Phoenix e mais: os discursos emocionados do Oscar 2020

A cerimônia que aconteceu no último domingo (9) contou com vencedores históricos e discursos emocionantes. Confira:

Os vencedores que sobem ao palco do Oscar costumam aproveitar o espaço como podem para inserir comentários políticos e de crítica social – o movimento #MeToo foi um bom exemplo. Na edição de 2020, não foi muito diferente, com a adição de um quociente emocional, que tomou conta da fala em pelo menos quatro discursos impactantes – e ainda teve uma modalidade silenciosa. Confira.

 

Mea culpa

Joaquin Phoenix (foto acima) sempre faz discursos politizados. No Oscar 2020 não foi diferente, mas em vez de criticar apenas, o protagonista de Coringa – que ganhou o prêmio de Melhor Ator – fez um apelo à compaixão e lembrou o irmão River Phoenix.

“Temos que continuar usando a nossa voz para falar no lugar de quem não tem. Venho pensando muito sobre os problemas angustiantes que estamos enfrentando coletivamente. (..) Acho que nos desconectamos muito com a natureza, e muitos de nós estamos culpando uma visão de mundo egocêntrica — a crença de que somos o centro do mundo. Invadimos a natureza e usamos de todos os seus recursos. (…) Acho que temos medo de fazer mudanças pessoais porque não queremos sacrificar nada. Mas seres humanos, no seu melhor estado, são sensíveis, criativos e ingênuos, e eu acredito que se usássemos a compaixão e o amor como princípios, poderíamos criar, desenvolver e implementar sistemas de mudança que seriam benéficos para nós e para o meio ambiente. Agora, já fui um canalha na minha vida, já fui egoísta. Fui cruel às vezes, um colega ingrato difícil de trabalhar, mas muitos aqui me deram uma segunda chance. E é por isso que eu acho que quando podemos ser o melhor de quem somos, quando damos suporte para quem está conosco, quando não cancelamos uns aos outros por seus erros do passado, mas quando nós nos ajudamos, então educamos e vamos juntos para a redenção. É quando somos o nosso melhor em comunidade. Eu tinha 17 anos quando meu irmão escreveu essa letra. Ela diz: ‘Corra para salvar com amor, e a paz vai te seguir’.”

 

 

Generosidade e reconhecimento

O filme Parasita foi vencedor de quatro Oscar, entre eles a categoria de Melhor Filme. O diretor Bong Hoon Jo não poupou elogios e agradecimentos aos diretores concorrentes em seu discurso:

“Depois de ganhar Melhor Filme Internacional eu achei que meu dia tinha acabado e estava pronto para relaxar. Muito obrigado. Quando eu era mais novo e estudava cinema, descobri um ditado que ficou cravado no fundo do meu coração e que diz: ‘Quanto mais pessoal, mais criativo’. Essa frase é do nosso querido Martin Scorsese. Estudei os filmes de Scorsese quando estava na escola. Só de ser indicado, já tinha sido uma grande honra, mas nunca pensei que fosse ganhar. Quando os norte-americanos não estavam familiarizados com meus filmes, Quentin [Tarantino] sempre os colocou em suas listas. Ele está aqui, muito obrigado Quentin, eu te amo. Além de Todd [Phillips] e Sam [Mendes], outros grandes diretores que eu admiro. Se a Academia me permitir, gostaria de pegar emprestado uma motossera do Texas e dividir este prêmio em cinco e compartilhar com todos vocês. Obrigado. Vou beber até amanhã de manhã, obrigado.”

 

 

De mulher para mulher


A islandesa Hildur Guðnadóttir ganhou o prêmio de Melhor Trilha Sonora pela trilha de Coringa. Em 91 anos de premiação, ela é a sétima mulher a ser indicada nessa categoria e apenas a quarta a ganhar. Seu discurso foi curto, mas deu o que falar: “Para meninas, mulheres, mães e filhas que escutam a música borbulhar por dentro. Por favor, se pronunciem. Nós precisamos ouvir suas vozes”. Foi superaplaudida.

 

 

Mães em primeiro lugar

O ganhador de Melhor Roteiro Adaptaado foi Taika Waititi, roteirista de origem Kiwi, para o filme Jojo Rabbit. Além de homenagar a mãe, ele mandou recado para os indígenas em seu discurso.

“Gostaria de agradecer minha mãe. (…) Obrigada por ter me dado o livro que eu adaptei; este filme não existiria se você não tivesse feito isso. (…) Este prêmio também é para todas as crianças indígenas pelo mundo que querem escrever, fazer arte, dançar… Nós podemos chegar até aqui também! Kia ora!”

[Kia ora significa “esteja seguro” na língua Maori, de origem neozelandesa).

 

Discurso silencioso


A atriz Natalie Portman usou um vestido com capa preta. Na lateral da peça, bordou nomes de diretoras que não tiveram reconhecimento pelo Oscar 2020 –  neste ano, apenas homens foram indicados à categoria Melhor Diretor. Nos bordados figuraram Lulu Wang, Greta Gerwig e Lorene Scafaria.

 

Por Sofia Tremel 

Fotos: Reprodução

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