Os 17 termos que ganharam destaque em 2019 que você precisa conhecer
Palavras entram e saem de moda com velocidade em ritmo acelerado; Rosana Hermann elucida quais são os termos que marcaram 2019 até o momento
Em um mundo cada vez mais veloz, palavras entram e saem da moda em ritmo igualmente acelerado. Rosana Hermann reúne os termos que se destacaram até agora em 2019 – e suas devidas definições.
CRIPTOMOEDA: O termo dá medo. Parece que o dinheiro morreu e foi para a cripta. Na verdade, o que morreu foi a materialidade, porque se trata de uma moeda que existe apenas digitalmente – e nem por isso vale pouco, viu? Existem várias, mas a mais famosa é o bitcoin.
BLOCCHAIN: Tecnologia que se tornou mais conhecida na esteira das criptomoedas aí de cima. Serve para registrar as movimentações de transações financeiras de um mercado, que fica disponível para consulta e evita fraudes. Como se fosse uma ficha corrida daquela moeda: quem era o dono anterior, quem comprou dele, e assim por diante.
CANCELAR: Sabe quando sua tia posta sua foto de bebê, totalmente pelada, no grupo da família? Então… O correto seria cancelar sua tia. Sabe quando sua vida só vai para trás desde a virada do ano? É o caso de cancelar 2019. Cancelar é fazer com qualquer coisa ou pessoa aquilo que o meteoro fez com os dinossauros. Cancela esse verbete e segue adiante, vai.
CONTINGENCIAMENTO: Todo mundo sabe o que é corte de verba. Corte de pessoal. Corte ruim de cabelo. Corte lembra tesoura, faca, guilhotina… Essas coisas que deixam cicatrizes ou pescoços sem cabeça. Ou seja, péssimas lembranças. Por isso, quando o governo vai cortar alguma coisa o povo já chia. E, para evitar queixumes, fazem o quê? Isso mesmo, mantêm os cortes e mudam o termo. Não é mais corte, é contingenciamento. Não é que “vai não ter” é que “não tá tendo até ter de novo”. Traduzindo, em bom português, não tem, mas não acabou. Se todo mundo se comportar direito vai ter de novo. Ou não.
DESIDRATAR: Fazer qualquer projeto original encolher, murchar, diminuir, emagrecer. Ou seja, aquilo que muita gente gostaria de fazer com a barriga.
GRATILUZ: Vivemos uma era tão ansiosa que, para economizar tempo, juntamos palavras e criamos coisas novas horríveis, como o sapatênis, mistura do pior do sapato com o pior do tênis. Ou o almojanta, um almoço pobrinho com um jantar podrinho. E o que dizer do atacarejo, que mistura o atacado e o varejo e remete a um cacarejo? Pois o gratiluz é a junção Instagram da gratidão com os beijos de luz. Sei que a intenção de quem deseja é edificante, mas quando leio sinto muita paiva, que é minha mistura de pena com raiva.
CONSAGRADO: A novilíngua da nova era bebe em muitas fontes, inclusive na religião. Do tradicional “Deus me livre” até o radical “Deus me leve”, surgiu a moda do “meu consagrado”, que serve tanto para falar de alguém que você gosta quanto para pedir um salgado no boteco. Certeza de que se você disse “meu consagrado, me em – preste um dinheirinho!” ou “meu consagrado, quanto é aquela coxinha ali ao lado do rissole de palmito”, você será bem atendido. Pelo menos na parte do consagrado com salgado.
SEGUIMORES: Para fazer sucesso numa rede social você precisa ter um conteúdo original (mesmo sendo ruim) e um nome para seu fandom, sua base de fãs e seguidores. Os fãs de Ariana Grande são Arianators, da Demi Lovato são Lovatics, do Justin Bieber são Beliebers. Mas se você se chama Luna e não quer acusar seus fãs de Lunáticos, existe o termo genérico “seguimores”, que expressa que todos os seus seguidores são seus amores, porque o amor é lindo, assim como os merchans e os recebidos que você vai ganhar com seu sucesso.
CRONOGRAMA CAPITAL: Transição capilar é quando você desiste de gastar 30% da sua renda com produtos e procedimentos que obrigam seu cabelo a ficar igual ao de alguém que você viu na novela e assume seus fios do jeito que eles são. Para fazer essa mudança radical em sua vida você precisa estabelecer um plano de metas, um cronograma capilar, até chegar ao resultado natural definitivo.
COACH QUÂNTICO: Hoje tem coach para tudo. De vendas, de carreira, de investimento, de vida, de emagrecimento… Se bobear, tem até coach de coaching. O termo foi tão banalizado que muita gente erra a pronúncia e em vez de “coach”, orientador, fala “couch”, sofá. No final, mesmo errando, dá certo, porque o coach encontra o couch no sentido de que ele cria semifama e se deita no sofá-cama. Assim nasceu o coach quântico, que faz tanto sentido quanto água em pó e omelete sem ovo. Embora eu acredite mais em omelete sem ovo do que em coach quântico.
THREAD: Vem do inglês e significa fio. Vem do Twitter, que permite juntar vários posts numa sequência. Como se fosse um belo colar de pérolas de três voltas. Dizemos “siga o fio” ou “siga essa thread”. Acaba que ninguém segue todo seu fio e você, como sempre, joga pérolas aos porcos.
VAR: O árbitro de vídeo veio para ficar. Agora, cada lance duvidoso no futebol é decidido pelo VAR. Claro que cria um anticlímax, porque quando todo mundo está naquele êxtase do gol, alguém joga um balde de água fria, vai para o VAR, verifica se foi ou não foi, volta, dá o resultado e aí ou quem achou que era gol comemora, ou se não foi o outro time celebra. É quase um coito interrompido em que alguém vai verificar qual dos dois chegou ao orgasmo.
HARMONIZAÇÃO FACIAL: Procedimento estético que busca restabelecer uma simetria mínima entre os lados do rosto para impressionar na selfie de elevador. Eu gostaria mesmo era de indicar que mão harmoniza melhor para um tapa na cara de quem faz essa loucura.
FLEXIBILIZAÇÃO: Lembra quando a gente usava o termo “impotência”? A palavra era pesada, os homens ficaram #chateados e mudaram para “disfunção erétil”. Logo depois “desempregado” virou “disponível para o mercado”. Porque, sim, as palavras podem ser mais doloridas que a realidade. Assim surgiu a flexibilização (das armas, das leis trabalhistas), que é um jeito fofinho de desgraçar a vida do cidadão mudando as regras sem doer muito. Desculpe ser tão dura, acho que preciso me flexibilizar um pouco mais.
DEEP FAKE: O fake ficou tão comum que já chegou à alimentação, com carne fake, leite fake, e até à moda, vide o couro fake. Tão acostumado ficou o ser humano com o fake, que acabou pedindo um “manda mais que tá pouco”. Mandaram. É o Deep Fake, sofisticado programa que altera vídeos, trocando o Jack Nicholson pelo Jim Carrey no filme O Iluminado, fazer o Obama dizer coisas que nunca falou ou colocar seu rosto na sex tape da Kim Kardashian.
SHUTDOWN: Trump é aquele negócio, vai de um extremo ao outro. Quando algum jornalista o contesta ele diz “Shut Up”, quando alguém contraria seu sonho de fazer um muro na divisa com o México acaba rolando um Shut Down, que é quando as forças políticas não se entendem, as verbas públicas ficam congeladas e não repassam grana nem para o site da NASA, que fica fora do ar.
RESENHA: Estava procurando informações mais profundas sobre resenha e, olha, achei essa palavra uma resenha! Sim, porque resenha pode ser engraçado, divertido, como aquele seu amigo do “churras” que só fala bobagem, moleque (mlk) super-resenha! Um cara que você adoraria levar para uma… resenha! Porque resenha também é baladinha, esquenta, antes da festa, encontro na sua casa depois da festa. Tudo. Espero que você tenha achado essa minha resenha um tanto quanto resenha e apresente para seus amigos resenha na próxima resenha na sua casa!