Onze no Pódio: Restaurante Eleven Rio

No pelotão de elite de restaurantes estrelados pelo Guia Michelin na Cidade Maravilhosa, o Eleven Rio seduz público e crítica com sua irrequieta cozinha contemporânea de sentidos que privilegia produtos da estação   Sob a batuta do

No pelotão de elite de restaurantes estrelados pelo Guia Michelin na Cidade Maravilhosa, o Eleven Rio seduz público e crítica com sua irrequieta cozinha contemporânea de sentidos que privilegia produtos da estação

 

Sob a batuta do inventivo chef de cozinha alemão Joachim Koerper, criador e chef-executivo da casa homônima em Lisboa, premiada com uma estrela pelo Guia Michelin — o Eleven Rio, primeira filial do craque das panelas tedesco fora do Velho Continente, repete em “areias cariocas” a fórmula de sucesso de sua matriz europeia. Após uma dé- cada reluzente na capital portuguesa e, antes disso, em Moraira, Alicante, na Espanha, onde comandou o “duas estrelas” Girasol, Koerper atravessou o Atlântico em meados de 2015 para abrir e comandar esse charmoso endereço no bairro carioca do Jardim Botânico.

Em sua brevíssima existência, de um ano apenas, a casa, também com o peso de uma estrela recém-conquistada, concedida pelo guia francês em sua edição brasileira, já desponta no pelotão de elite do Rio, disputando o pódio com os melhores restaurantes da Cidade Maravilhosa. E, tal como o mano mais velho, o caçulinha carioca de Koerper busca resgatar de modo consistente uma proposta culinária autêntica e original, de inspiração e base mediterrâneas. Com ênfase a ingredientes da estação disponíveis em cada dia da semana e em cada época do ano, o exigente e premiado cozinheiro alemão busca explorar ao máximo o frescor de cada produto, seguindo à risca a filosofia na qual acredita, e que lhe rendeu prêmios e reconhecimento internacionais, como um dos top ten da Península Ibérica.

 

 

O resultado é uma linha de cozinha contemporânea plasticamente inventiva, instigante e multissensorial, que exibe toda sua mestria e técnica.

“Minha missão é extrair da natureza a melhor matéria-prima. Sentir os aromas, provar os sabores e texturas, e, assim, imprimir às minhas criações a magia da simplicidade e sutileza”, resume Koerper, que, como “chef globetrotter”, também é consultor de um hotel de charme no Alentejo, a idílica Herdade da Malhadinha, e do hotel de luxo Belmond Palace Reid’s, na Ilha da Madeira, arquipélago ancorado na borda do litoral português.

“É uma gastronomia de carinho, pois tudo é feito com paciência e dedicação, desde os molhos às massas. São receitas cuidadosamente elaboradas, com preocupação estética, que não pretendem apenas alimentar, mas oferecer experiências memoráveis”, sublinha o premiado cozinheiro alemão, que é casado com uma brasileira de Belém, no Pará.

Foi a esposa, por sinal, que o apresentou às riquezas e aos ingredientes locais, sobretudo os da região amazônica.

Mas, a fim de preservar a coerência de seu trabalho e, claro, reproduzir toda a qualidade da matriz europeia, sábia e espertamente, Koerper fez questão de trazer de lá da Terrinha profissionais de sua confiança. Caso do chef Paulo Leite (seu “spalla” quando está fora) e da maîtrese Amanda Freitas, que garantem respectivamente o alto nível das preparações que saem da cozinha e a excelência do serviço no salão. Moderno e requintado, porém com ambientação sóbria, o visual do Eleven Rio reflete o mesmo frescor e leveza adotada pela cozinha.

A decoração do salão inclui réplicas de telas da casa original, assinadas pelo fotógrafo português Nuno Correia, lou- ças importadas portuguesas e francesas (Vista Alegre e Coquets Limoges), além de uma bem fornida e caprichada adega com cerca de cem rótulos garimpados pelo tarimbado sommelier Jorge Nunes, incluindo alguns rótulos exclusivos desenvolvidos pelo próprio chef, que levam sua assinatura e se casam à perfeição com suas criações.

No menu, destaque entre as entradas para os sedutores carpaccio de lagostim com caviar, creme e limão e o tataki de atum defumado com gergelim, gengibre e flores comestíveis. No capítulo de pratos principais, aposta segura é o clássico leitão a baixa temperatura com chutney de tomate, maracujá e batata confitada, best-seller da matriz lisboeta, ou o instigante lagostim com emulsão de tomate, salsinha e azeite. Para os que querem fazer uma incursão ainda mais profunda são dicas certas os menus-degustação, compostos de sete, nove ou onze pratos.

Já para fechar o jantar em grande estilo, reserve-se para a surpresa de chocolate belga com manga, a ganaché de laranjinha Kinkan ou a assiette de queijinhos mistos, que traz um inédito brûlée feito com o incomparável queijo português Serra da Estrela. Para acompanhar esta sobremesa, não hesite em pedir um Porto Vintage ou Vinho da Madeira de ótima cepa. É simplesmente a glória, oh pá!

 

Gastronomia por Marco Merguizzo | Matéria publicada na edição 92 da Revista Versatille

 

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