“O encanto do teatro é intraduzível”, diz Vitor Rocha

Com apenas 21 anos, ator se torna um expoente do teatro musical brasileiro

O que você fez até os 21 anos? Vitor Rocha pode encher o peito e dizer com orgulho que é autor, ator e diretor de teatro. Com a peça Cargas D’Água – Um Musical de Bolso, ele venceu o prêmio Bibi Ferreira, um dos mais conceituados do segmento.

 

“Um prêmio desses, portanto, contribuiu, com toda certeza, na missão de levar as pessoas até o teatro”, diz o ator, que não se vê ainda como um artista completo, por mais versátil que se mostre em seus primeiros trabalhos.

 

“Acredito que é justamente esse sentimento de incompletude que move um artista. Nesta profissão, saber é tão abstrato e relativo que só temos certeza mesmo daquilo que não sabemos”, diz ele. Confira o nosso papo com o artista na íntegra:

 

Vitor, você é ator, diretor e autor de peças. Podemos dizer que você se sente completo no teatro? Há algum aspecto que você ainda não domina nos palcos?

Eu me considero realizado – mas completo, não. E acredito que é justamente esse sentimento de incompletude que move um artista. Nesta profissão, saber é tão abstrato e relativo que só temos certeza mesmo daquilo que não sabemos. Tenho muito o que aprender e pretendo estar sempre disposto a aprender o que os palcos quiserem me ensinar. Prefiro deixar que eles me dominem e não o contrário.

 

‘Cargas d’Água’ é um espetáculo premiado – com ele, você ganhou um Bibi Ferreira. Qual a importância deste reconhecimento? Um prêmio atrai público?

Eu acredito que esse tipo de reconhecimento é sempre muito importante. No caso de “Cargas D’Água”, contudo, foi até um pouco mais. Nosso espetáculo, não contava com nomes conhecidos na ficha técnica ou qualquer outro tipo de atrativo para o público. Era uma história nova, com pessoas novas, com uma produção pequena e independente. Nosso maior atrativo era a nossa originalidade, mas a qualidade desta só pode ser descoberta depois de se assistir ao espetáculo. Um prêmio desses, portanto, contribuiu, com toda a certeza, na missão de levar as pessoas até o teatro.

 

 

No campo cultural, o Brasil deve passar por várias mudanças nos próximos anos. Qual a sua opinião sobre a Lei Rouanet e outros tipos de incentivos fiscais? Você consegue ver a arte no Brasil sobrevivendo sem a ajuda do governo?

É claro que consigo ver a arte sobrevivendo. Ela vai sobreviver aos trancos e barrancos, mas vai. Sempre. Acho bizarra a forma como o governo sempre escolhe mandar a cultura para o fim da fila, mesmo sabendo que, se ela estivesse à frente, as coisas poderiam ser bem diferentes e muito melhores. As leis de incentivo são de extrema importância para o nosso país e, sem elas, muitos feitos se tornam praticamente impossíveis.

 

E como você definiria o encanto do teatro?

Eu sou poeta e criar definições e significados é, além de uma função, uma das minhas maiores alegrias. Contudo, acho que o encanto do teatro é intraduzível. Para que a gente o descubra ou defina, é preciso bem mais do que papel e caneta. Ele vai sempre encontrando novas formas, sentidos e significados. Se hoje eu precisasse descrever o “fazer teatro”, eu diria que é um jogar sementes – não na terra, mas ao vento.

Para quem pensa em ir para o Japão em busca de uma nova vida, também poderá procurar empregos aqui.