Na trilha do dinheiro: Fabrício Tota
Diretor de novos negócios no Mercado Bitcoin discorre sobre a importância da independência financeira e da trajetória profissional
Todos começaram bem novos no mercado financeiro e construíram suas carreiras de formas distintas: Fabrício Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, migrou para o setor das criptomoedas em 2018; Marco Tullio Forte, Managing Director da divisão de Wealth Management do Credit Suisse Brasil, fez carreira no banco suíço; e Pedro Henrique Feres acaba de assumir a diretoria da TC Investimentos. Firmes em seus propósitos e trajetórias, os três executivos compartilharam com a Versatille suas histórias próprias de conquista da independência financeira – pauta frequente nos dias atuais –, os desafios e seus objetivos profissionais. Na sequência, confira a entrevista com Fabrício Tota
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Os 23 anos de atuação no mercado financeiro culminaram na mudança, em 2018, para o universo dos criptoativos no Mercado Bitcoin – exchange nacional de criptomoedas que se tornou o primeiro unicórnio brasileiro do setor em 2021. Como diretor, ele anseia por auxiliar na junção dos mercados: “É um desafio, mas precisamos mostrar que há vários caminhos no mercado financeiro e que as criptomoedas são um deles. Não são assuntos distintos. Acredito que isso vá ficar cada vez mais claro nos próximos cinco anos”, comenta. Confira a entrevista na íntegra.
Versatille: Em qual momento de sua vida considera ter adquirido consciência e independência financeira?
Fabrício Tota: Foi cedo. Quando eu era criança, meu pai me dava mesada e eu lembro de receber o dinheiro e tentar entender como usá-lo da melhor forma. Nunca foi um assunto tabu lá em casa, era bem natural. Em um dado momento, fui trabalhar no mercado financeiro e comecei a lidar com volumes monetários grandes, o que fez com que eu entendesse cada vez mais esse mundo. Todo esse processo me ajudou a adquirir independência financeira e perceber que ter consciência sobre o dinheiro define toda a nossa vida. Define onde você vai morar e o que vai fazer no dia a dia, por exemplo. É um processo de conhecimento que nunca termina, mas que foi importante ter começado na infância.
Tento replicar essa forma natural de falar sobre dinheiro com os meus filhos. Eles preferem comprar algo mais barato hoje ou querem poupar para comprar algo melhor no futuro? Isso é um conceito. Você consegue explicar isso para as crianças e depois aplicar de uma forma mais ampla na vida adulta.
V: Qual foi o maior desafio que enfrentou até o momento em sua trajetória profissional?
FT: Falar sobre esse tema com as pessoas é difícil. Elas ouvem você falando sobre finanças e já começam a tratar o assunto de forma negativa, dizendo que não entendem do assunto. Sempre tem uma desculpa. É difícil fazer com que elas percebam que o mercado financeiro é formado por conceitos, não por contas matemáticas dificílimas. Tem gente que sabe tudo sobre carros ou aparelhos tecnológicos. É uma questão de interesse, não de aptidão. Com o mercado financeiro é a mesma coisa. Não precisa ser algo tão complexo.
V: Como fez a transição de um mercado financeiro tradicional para um cenário de criptomoedas?
FT: Em 2017, as moedas digitais estavam em um momento de alta popularização e eu estava com vontade de movimentar a minha carreira. Foi um casamento perfeito. Acabei mudando de forma radical, mas aproveitando a minha bagagem do mercado tradicional para um negócio nascente. Eram poucas empresas dedicadas ao assunto naquela época. As pessoas até estranharam a minha transição, mas foi muito legal. É um mercado 24 horas e superglobal, o que me desafia como profissional. Foi estimulante.
V: O que inspira você na profissão?
FT: Eu gosto de saber que tem muita gente por aí construindo coisas novas e que não estou sozinho. O mercado cripto é aberto. São muitas mentes brilhantes trabalhando nesse mesmo cenário. Saber que sou mais uma peça nesse mercado, capaz de ajudar a criar soluções e resolver problemas reais, é algo que me motiva muito.
V: Qual foi sua maior conquista profissional?
FT: Eu não comecei do zero, mas ajudei a saltar um grande abismo. As startups que trabalhavam com criptomoedas existiam, mas eram pequenas. Foi incrível ver um unicórnio crescendo a partir desse processo.
V: Alguém que admire profissionalmente?
FT: Uma pessoa que ninguém sabe quem é (risos). O Satoshi Nakamoto. Para mim, esse pseudônimo representa um pequeno grupo de pessoas que deu o pontapé inicial no mundo de criptos. Essa ideia de não saber quem está por trás é uma mística, mas a minha empolgação mesmo é enxergar o legado que foi deixado após o pontapé.
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V: Profissionalmente, o que gostaria de realizar nos próximos cinco anos?
FT: Quero ajudar na junção dos mercados. É um desafio, mas precisamos mostrar que há vários caminhos no mercado financeiro e que a criptomoeda é um deles. Não são assuntos distintos. Acredito que isso vai ficar cada vez mais claro nos próximos cinco anos.
Por Giulianna Iodice e Beatriz Calais
Fotos: Gabriel Bertoncel
Tratamento de imagem: Robson Baptista
Assistente de fotos: Will Horas
Matéria publicada na edição 126 da Versatille