Na semana de moda masculina de Milão, a elegância marca presença sem exageros
Realce de materiais e acabamentos resultou em peças minimalistas e sofisticadas
FHoje, (17), acabou a temporada de outono/inverno 23/24 da semana de moda masculina de Milão, que iniciou na sexta-feira passada (13). Após um período de ousadia e maximalismo, as passarelas celebraram uma elegância simples, de modo a destacar materiais, acabamentos e silhuetas. A nostalgia também foi deixada um pouco mais de lado, para dar lugar a uma visão mais positiva da passagem do tempo e da contemporaneidade.
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Confira, a seguir, os destaques das coleções de sete das principais grifes italianas
Gucci
A semana de moda masculina de Milão começou com o primeiro desfile masculino solo da Gucci em três anos. A curiosidade era grande, em vista da saída de Alessandro Michele do posto de diretor criativo no ano passado. A coleção, assinada pela equipe de estúdio da grife, recuperou a sensualidade com um toque de rock star, não só por meio da música de fundo mas também pelos decotes baixos.O legado de uma moda genderless bastante equilibrada deixada por Michele permaneceu evidente em cada peça.
Embora tenham aparecido adornos como lantejoulas e bordados, a maioria das roupas seguiu uma linha menos maximalista em comparação ao estilo marcante do estilista, dando lugar a uma alfaiataria superdimensionada. No geral, o desfile pôde ser definido como discreto e transitório, de modo a aumentar a expectativa para o próximo líder criativo.
Brunello Cucinelli
Brunello Cucinelli apresentou uma coleção inspirada no icônico carisma e glamour hollywoodiano dos anos 1950 e 1960 com foco na passagem do tempo e na herança deixada pelo estilista. Foi exibido um mix de estilos que transitavam entre o clássico e o contemporâneo urbano para o dia a dia.
A marca trabalhou interpretações e combinações caracterizadas por uma peça-chave como seu ponto focal. As cores tinham tonalidades intensas, inspiradas em misturas históricas de vinhos que resistiram ao teste do tempo, transcendendo tendências. Tons de vermelho – barbera, marrom e bordô – foram revelados em uma versão acinzentada para transmitir, de forma mais concreta, a passagem do tempo, um longo processo de envelhecimento que realça as nuances mais finas e sutis.
Fendi
Aconchegante, sexy e cool são adjetivos que definem a coleção apresentada pela Fendi no sábado (14), que equilibrou um conforto sofisticado, a fim de tornar o cotidiano especial. O uso da técnica técnica trompe l’oeil – em que truques de perspectiva criam uma ilusão ótica por meio da qual formas de duas dimensões aparentam possuir três dimensões – por meio da distorção de códigos da grife deu origem a roupas com um efeito de textura macia e pátina (oxidação de superfícies de metal). A marca também trabalhou os conceitos de decadência urbana e luzes que brilham após o anoitecer em linhas borradas entre as silhuetas masculinas.
Assimetria e volume definiram a identidade da alfaiataria que revelava camadas de artesanato e de pele. Alguns dos materiais utilizados foram caxemira dupla face (e reversível), couro e sedas jacquard, iluminados por tons de prata, índigo e violeta. Eles deram brilho para uma paleta sóbria que variou entre tons de cinza pomba, aveia, mocha, lavanda, marinho profundo e preto.
Prada
A coleção da Prada apresentada no domingo (15), desenvolvida por Raf Simons explorou um minimalismo longe de ser simplista. O destaque ficou para os detalhes das peças, bem como as estruturas e materiais. O convite para o desfile foi uma almofada e uma fronha, que apareceram inúmeras vezes indiretamente em jaquetas e coletes feitos de algodão que tinha um efeito espacial que também decorava o ambiente.
A coleção exibiu também uma gola superdimensionada que se tornou um tema em cardigãs abertos no peito ou em camisas dobradas. Havia ainda uma variedade de jaquetas de camurça com ombros ousados, jaquetas esvoaçantes em tons terrosos e marinho, bem como bombers militares cropped apertadas na cintura. Por fim, a estética aviadora apareceu em uma camisa cinza sem botões e calças justas.
Tod’s
A coleção da Tod’s “The Italian Portrait”, também apresentada no domingo (15), reforça a atuação contínua da marca para mostrar as diferentes camadas da essência do estilo italiano. Desta vez, o foco foi direcionado à elegância moderna sem nostalgia. A grife exibiu roupas com enfeites e detalhes funcionais para um guarda-roupa repleto de roupas urbanas essenciais. A alfaiataria ganhou destaque pelo volume e materiais de excelente qualidade. A paleta de cores variou em tons quentes, do marrom ao caramelo e ao bege, em contraste com detalhes em cinza e branco.
A protagonista da coleção foi o Tod’s Pash Jacket, produzido com os mais nobres couros. O charme da Pash é justamente a atenção aos tratamentos, feito à mão. Os polimentos conferem um efeito tridimensional e o couro adquire novas tonalidades que o realçam. De modo geral, a coleção exaltou a qualidade dos materiais e o artesanato, típicos da Itália.
Giorgio Armani
Como de praxe, Giorgio Armani apresentou em sua coleção ontem (16), ternos refinados sob medida em uma ótica contemporânea urbana. Sobretudos de sarja e calças xadrez acompanhavam coletes de veludo, calças tipo cargo e agasalhos peludos com estampas de animais. Já os cardigãs versáteis, pulôveres com monograma e conjuntos de couro contemporâneos, com leves inspirações militares evidenciaram a interpretação da marca de roupas smart-causais.
A paleta da coleção foi apresentada de forma gradativa, a começar por tons cinzas delicados que se transformam em marinho e pretos com toques sutis de vermelho. O final do desfile deu lugar a roupas de esqui, como agasalhos bufantes a uniformes Après Ski – atividades além do esqui que se pode praticar e um ambiente de neve.
ZEGNA
A coleção “The Oasi of Cashmere”, também apresentada ontem (16), exaltou a importância do cuidado com os tecidos para resultar em uma bela coleção. No desfile, os convidados puderam experimentar a variedade de processos que fazem parte da produção do Oasi Cashmere. As fibras flutuavam e precipitavam em uma câmara de ar – uma parte chave para sua transformação final em um tecido sofisticado.
“Na ZEGNA, tenho a oportunidade de criar tecidos, desde a tecelagem até o acabamento, desafiando nossos fabricantes, levando-os a navegar em águas desconhecidas. Isso me permite moldar nossas silhuetas desde o início, garantindo que nosso compromisso com a inovação e a excelência esteja enraizado em cada etapa do processo”, disse o diretor criativo da marca Alessandro Sartori. Foram apresentadas peças cuidadosamente desenhadas as quais transmitiram uma precisão suave, como jaquetas bomber cropped, casacos alongados, anoraques, blusões, camisas polo, cardigãs e blazers que dispensavam golas.
Por Laís Campos