Mestres, líderes e eternos aprendizes: erros e acertos

Aprender, desaprender e reaprender: a despeito do título, mestres e líderes estão sempre alternando posições com seus aprendizes

Às vezes, uma simples pergunta nos leva a profundas reflexões. Recentemente, em uma entrevista sobre o polêmico conceito de vulnerabilidade das lideranças, fui questionada sobre qual havia sido o meu maior erro e acerto. Curiosamente, refletir sobre isso não foi tarefa fácil. Primeiro, porque foram tantos que listá-los e avaliá-los por ordem de grandeza me levou a reconsiderar minha percepção a respeito. Segundo, porque ao creditar algumas iniciativas na conta dos meus erros percebi que grande parte delas, sim, começou, sim, de forma errada. Mas depois me levaram a grandes acertos. E nesse ir e vir tentando achar dentre as minhas vivências o maior dos meus erros, constatei que foi, sem dúvida, o início de um caminho que me levaria ao meu maior acerto.

 

No caminho dos líderes, mestres e aprendizes não é diferente. Existe uma correlação íntima entre erros e acertos, pois a busca pelo saber e a dinâmica de ensinar nunca cessam. E, em meio às iniciativas bem-sucedidas e malsucedidas, ocorrem valiosos aprendizados e ensinamentos, pois tudo o que chega, ainda que, em princípio, não faça sentido, sempre oferece uma experiência que agrega valor.

 

Independentemente do nível de conhecimento e da circunstância, o que importa é a compreensão de que toda situação oferece a oportunidade de aprendizado, e ao aprendermos conquistamos também a condição de ensinar. Guimarães Rosa, na sua mestria, nos deixou como ensinamento que “o verdadeiro mestre não é aquele que ensina, mas aquele que de repente descobre que aprende”. A verdade é que aprendemos quando erramos ou acertamos e a cada experiência somos transformados pela noção do porquê e do como fizemos, pois, aprender e ensinar são partes de um mesmo processo.

 

Um líder inspirador, na sua sabedoria, tem consciência de que onde mais aprende é quando ensina o que sabe àqueles a quem abraçou a missão de desenvolver e liderar. Alguns, ainda míopes da grandeza da partilha, se concentram apenas no acúmulo de conhecimento sem perceber que o saber mais significativo advém da experiência no ensinar. Além do benefício da troca, os mais valiosos insights.

 

É na alternância entre o saber e o ensinar que encontramos o que dá significado às questões da vida. E como seres desejantes do que ainda não sabemos, quando compreendemos a dinâmica do aprendizado e nos dispomos a extrair com sabedoria, e, sobretudo, humildade, o ensinamento acerca do que aprendemos, nos tornamos aptos a compartilhar e a aprender com a partilha. E assim seguimos o fluxo, aprendendo, desaprendendo e reaprendendo. Intermitentes, mas, conscientes da condição de que de todos, a despeito do título, alternarmos sempre a posição de mestres, líderes e eternos aprendizes.

 

COACHING por Waleska Farias – liderança, carreira e imagem | Matéria publicada na edição 113 da revista Versatille

ImagemPainters Progress (1981⁠), da artista norte-americana Elizabeth Murray⁠ (reprodução Instagram)

Para quem pensa em ir para o Japão em busca de uma nova vida, também poderá procurar empregos aqui.