Mariana Fonseca: quase uma embaixadora da culinária grega em SP
Com seis restaurantes de sucesso em São Paulo, a chef Mariana Fonseca conta como um verão em Mykonos mudou de vez a sua trajetória profissional

Quase uma embaixadora da culinária grega em São Paulo, a chef Mariana Fonseca, na verdade, tem ascendências italiana e espanhola. E já impressiona só de chegar perto: com 1,81m de altura, é uma mulher bonita, com rosto expressivo e olhar firme, atento. O sorriso, porém, chega fácil e, em dez minutos de conversa, transforma-se em gargalhada. O que tem de simpatia possui em dobro de profissionalismo.
Aos 39 anos, completados em 02 de setembro, Mariana é uma das maiores restauratrices de São Paulo, sócia-proprietária de seis restaurantes na capital paulista – Myk, Fotiá, três unidades do Kouzina e o recém-inaugurado Vulcano.
“Sou hiperativa. Durmo apenas cinco horas por dia, tenho um filho de três anos e faço ginástica. Minha cabeça não para. Sinto necessidade de criar pratos, de cozinhar. Daí abro restaurantes.”
O dom de cozinhar, herdou da família. “Todo mundo cozinhava em casa, especialmente minha avó.” Mas o amor pelas panelas mesmo veio quase por acaso. ”Quando terminei a es-cola, decidi passar um ano fora, mas minha mãe não deixou. Daí entrei num curso de administração hoteleira para depois pensar no que ia fazer da vida. Logo no começo, tive aulas de alimentos e bebidas, apaixonei-me por aquilo e decidi que era o que eu ia fazer no resto da minha vida.”
E assim seguiu, estagiando e trabalhando em casas como Di Bistro, La Tambouille e Leopolldo. Em 2005, num hia-to profissional, foi passar um verão com as amigas em Mykonos, na Grécia, e acabou ficando cinco verões por lá, trabalhando no Camares, restaurante próximo ao porto. “Às 6h ia ao porto e escolhia o que cozinhar naquele dia. Eu me encantei com isso, trabalhar com os ingredientes mais frescos e sazonais.”
Quando retornou ao Brasil, já tinha em mente o restaurante que queria abrir. “Fiz tudo: criei o conceito, acompanhei a obra, cuidei das compras. Não teve nem arquiteto, saiu tudo da minha cabeça”, afirma a chef. Em janeiro de 2013, o Myk tinha suas portas abertas e quase imediatamente tornou-se um sucesso. “Não era só a gastronomia. A ideia era trazer o lifestyle grego, em que você está comendo e, às vezes, tem uma pessoa dançando em cima da mesa ao lado.”
Com o sucesso do primeiro restaurante, animou-se e, em 2015, abriu uma segunda casa, o Kouzina, a poucas esquinas do Myk. A empreitada, que trazia receitas gregas mais clássicas, como a moussaka, logo virou febre. Seguiram-se duas unidades – uma charmosíssima, em Pinheiros, outra no Shopping Cidade Jardim. Depois de abrir mais um grego, o delicioso Fotiá, a chef finalmente voltou-se para suas raízes e criou o Vulcano, um italiano (com toques gregos, claro), inaugurado há três meses. Como faz para empreender tanto em épocas de crise? “Depois de um tempo que abri o Myk, percebi que, se não empreendesse, ia morrer na praia. Só com um ou dois restaurantes eu não seguraria essa instabilidade econômica, pois um ajuda o outro nesses momentos. Também encontrei os sócios perfeitos”, explica.
Hoje, cerca de 20 mil clientes por mês passam pelos seis restaurantes de Mariana. “Os números ficaram muito grandes! Outro dia me dei conta de que só o Myk consome 3,5 toneladas de polvo por mês. Tenho 300 colaboradores nas seis operações”, diz. E o que ainda a emociona na cozinha, 20 anos depois? “Amo promover o lúdico. Adoro saber que meu cliente saiu feliz do meu restaurante, quando ele me chama à mesa e fala que a comida estava demais. Amo o que eu faço, sinto-me completamente realizada, mesmo quando passo 12 horas de pé. Isso é muito gratificante”, resume, com aquele sorrisão irresistível.
*Por Júnior Ferraro