Luxo Na Viagem: RIMOWA

Diretor-executivo da RIMOWA para os mercados brasileiro e latino-americano, Sérgio Barreto conversa com exclusividade sobre a mística e o sucesso centenário da icônica grife alemã de malas e bagagens, sinônimo de requinte e estilo de

Diretor-executivo da RIMOWA para os mercados brasileiro e latino-americano, Sérgio Barreto conversa com exclusividade sobre a mística e o sucesso centenário da icônica grife alemã de malas e bagagens, sinônimo de requinte e estilo de vida

 

“Viajar — com classe — é preciso. Viver não é preciso”. Quando o assunto é viajar com sofisticação e estilo, a velha máxima do poeta português Fernando Pessoa (1888- 1935) se encaixa como luva (de pelica!) e à perfeição para os habituais e fiéis consumidores da icônica grife alemã RIMOWA.

 

Fundada em 1898 por Paul Morszeck na cidade tedesca de Colônia — com a fabricação de malas e baús artesanais de madeira e interior de couro para serem usados em viagens de navio —, a marca, hoje sinônimo de estilo de vida e status, é líder mundial no segmento de malas e bagagens de luxo, ao combinar pioneirismo, alta qualidade e um design clássico inconfundível. Uma trajetória centenária cujo sucesso foi construído a partir de produtos feitos básica e exclusivamente de duas matérias-primas: o alumínio e o policarbonato, suas indefectíveis marcas registradas. Além do uso pioneiro de um sistema à prova d’água (lançado nos já longínquos anos 1970) e as rodas multiwheel, entre outros diferenciais introduzidos pela marca, que virou objeto de desejo para uma legião de consumidores mundo afora.

 

Também eternizada nas telonas por meio das sagas de Indiana Jones e 007, as malas RIMOWA passam por até 90 etapas de produção, muitas ainda artesanais, e levam mais de 200 componentes para garantir a qualidade reconhecida por consumidores de fama planetária, como Paul McCartney, Eric Clapton, Brad Pitt, dentre outros, além dos mais premiados fotógrafos internacionais.

 

Para falar sobre as novidades e o sucesso perene dessa marca alemã, Versatille conversou com exclusividade com Sérgio Barreto, diretor-executivo da RIMOWA para os mercados brasileiro e latino-americano. Confira a seguir, nesta e nas próximas páginas, os melhores momentos desse encontro.

 

VERSATILLE — Após sua passagem por vários postos da RIMOWA no exterior, incluindo o comando da área de vendas para a América Latina e o Caribe, você veio para o Brasil em 2011 para comandar a empresa, com foco na expansão dos mercados brasileiro e latino-americano. Que balanço faz desse período?

SÉRGIO BARRETO — Extremamente positivo. Indo na contramão da situação econômica brasileira e internacional, só crescemos nesse período de cinco anos. Inauguramos nossa fábrica em Indaiatuba, no interior de São Paulo, e nove lojas em cinco estados brasileiros. Só temos o que comemorar.

 

VERSATILLE — Muitos consumidores veem as malas da marca como um objeto de desejo, não se importando de pagar mais caro por elas. Nestes tempos de retração econômica isso mudou?

SÉRGIO BARRETO — Não, a crise atual não nos afeta. Mas isso se deve à alta qualidade de nossos produtos e ao prestígio que conquistamos ao longo de nossa história centenária.

 

VERSATILLE — A marca tem como garotos-propaganda celebridades mundiais e brasileiras como as americanas Cameron Diaz, Sandra Bullock, Gwyneth Paltrow e a top model brasileira Alessandra Ambrósio. Mesmo atendendo ao consumidor que está no topo da pirâmide, que é o seu público-alvo, a RIMOWA teve que rever suas metas de venda nesses tempos de crise?

SÉRGIO BARRETO — Não, nossas vendas não diminuíram neste período — ao contrário. Na verdade, a RIMOWA possui um portfólio diversificado de produtos que inclui, por exemplo, uma mala de bordo por R$ 1.700 — valor que, inclusive, pode ser parcelado no cartão de crédito. Isso define o nosso conceito de “affordable luxury”.

 

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VERSATILLE — Eternizadas nos filmes do 007 ou mais recentemente, em Os Vingadores, com o ator Samuel L. Jackson, as malas da grife são icônicas em termos de design, com um estilo inconfundivelmente clássico. Qual a inspiração e o conceito? Essa filosofia pode mudar algum dia?

SÉRGIO BARRETO — A inspiração da RIMOWA vem dos aviões alemães Junkers, que são mundialmente famosos pelos seus frisos. O objetivo da empresa é o de oferecer qualidade superlativa aliada ao design exclusivo. Costumo dizer que não vendemos malas — vendemos lifestyle. E essa filosofia não se muda jamais.

 

VERSATILLE — A empresa também é pioneira no uso do alumínio (lançado nos anos 1930) e do policarbonato (em 2000) em suas malas. De quem foi essa grande sacada? Hoje, há uma área específica para desenvolver novos projetos e aprimorar produtos tão consagrados?

SÉRGIO BARRETO — O filho do fundador, Richard Morszeck, foi quem criou a mala de alumínio. Já o uso de policarbonato foi desenvolvido pelo filho de Richard, Dieter Morszeck, atual presidente e CEO da RIMOWA. Atualmente, temos uma área de pesquisa e desenvolvimento localizada em Colônia, na Alemanha, onde as ideias para as novas coleções, tamanhos e cores são desenvolvidas.

 

VERSATILLE — Além disso, há outras inovações como o uso de um sistema à prova d’água (lançado nos anos 1970) e as rodas multiwheel…

SÉRGIO BARRETO — Sim, o sistema à prova d’água é um diferencial e uma exclusividade da coleção Tropicana, que foi desenvolvida para o armazenamento de material fotográfico e é utilizada pelos mais famosos fotógrafos do mundo. Esse nosso pioneirismo foi um enorme sucesso, e passou a ser reproduzido também por outras empresas. A RIMOWA também é pioneira na introdução do sistema Eletronic Tag, uma solução de mobilidade para bagagem digital totalmente integrada, tornando o despacho da mala muito mais confortável, ágil e seguro para quem viaja muito de avião, seja profissionalmente ou a lazer.

 

VERSATILLE — As peças utilizadas nas malas da RIMOWA são fabricadas em várias partes do mundo. Por que isso ocorre?

SÉRGIO BARRETO — Simples: porque trabalhamos com os melhores fornecedores do mundo. Estamos sempre em busca da melhor qualidade, independentemente do custo. Enfrentamos alguns desafios em relação à logística, mas conseguimos de uma forma eficaz ultrapassar essas barreiras. A RIMOWA possui quatro fábricas no mundo: Colônia, na Alemanha, Indaiatuba, no Brasil, Canadá e República Tcheca.

 

VERSATILLE — Quais modelos são fabricados aqui e qual o percentual de exportação?

SÉRGIO BARRETO — Até inaugurarmos a linha de montagem em Indaiatuba, no interior paulista, as malas eram importadas diretamente da Europa. Hoje, todo o processo das coleções Salsa Air e Bossa Nova é feito aqui. Para as demais coleções importamos “kits” que são montados também em Indaiatuba. Hoje, cerca de 75% do que é produzido no Brasil é exportado para 65 países nos cinco continentes.

 

VERSATILLE — Além da loja virtual, quantas unidades físicas existem no Brasil?

SÉRGIO BARRETO — Além do e-commerce, operamos quatro lojas no Estado de São Paulo, duas no Rio de Janeiro, uma em Brasília, uma em Curitiba e uma em Belo Horizonte. E no processo de expansão da América Latina, abrimos nossa primeira loja no Chile, em Vitacura, Santiago.

 

VERSATILLE — Qual a diferença do consumidor brasileiro aos de outros lugares do mundo? O que ele mais valoriza?

SÉRGIO BARRETO — Diferentemente dos europeus e asiáticos, grandes consumidores das malas de alumínio, o brasileiro se assemelha muito ao norte-americano que prefere as de policarbonato, com várias opções de cores. O perfil do nosso consumidor oscila dependendo da época do ano, mas mostra- -se bastante equilibrado: fitty to fifty para homens e mulheres.

 

VERSATILLE — Além de tecnologia, as novas gerações de consumidores têm preocupações como sustentabilidade e conservação do meio ambiente. Há um posicionamento específico e produtos para atender esse público?

SÉRGIO BARRETO — Sim, também buscamos satisfazer esses consumidores nesse aspecto. Além de oferecer o melhor produto possível em termos de design e tecnologia de ponta, o lançamento da RIMOWA Eletronic Tag vem ao encontro dessa preocupação, através da eliminação do uso do papel no processo de check-in. No lugar da etiqueta de papel, as informações.

 

Business por Marco Merguizzo | Fotos Zé Amaral | Matéria publicada na edição 93 da Revista Versatille

 

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