Amigos cariocas inauguram a plataforma Boobam, na internet, que une designers e suas criações a compradores interessados em mobiliário, luminárias e objetos

Há três anos, três amigos cariocas na faixa dos 30 anos, insatisfeitos com seu trabalho no mercado financeiro, resolveram investir em uma ideia até então incomum no Brasil: uma plataforma que unisse artistas e compradores, sem a presença de intermediários e contratos de exclusividade. Daí nasceu a plataforma Boobam (boobam.com.br), no ar desde o dia 23 de março.

“Existem hoje plataformas como Airbnb e Uber, do tipo P2P (Peer to Peer), que estão reinventando seu mercado e transformando nossas vidas”, diz Thomaz Trindade Vidal, um dos sócios-fundadores. “O Airbnb liga locadores e hóspedes; o Uber, motoristas e passageiros. Foi a partir desse modelo que idealizamos e criamos nosso negócio.”

Além de Thomaz, os outros sócios são Henry Barclay e Marco Antonio Azeredo, todos administradores de empresa, e Fernando Vidal, formado em gestão da tecnologia da informação, que se juntou posteriormente ao grupo. Tudo começou com Henry, que tinha ido morar na Califórnia para estudar e empreender, mas resolveu voltar ao Brasil e apostar em algo diferente do que havia no país.

“A ideia levou em conta as vivências da mãe dele, uma artista insatisfeita com as opções de vendas em sua área por aqui, assim como outros artistas amigos nossos”, conta Thomaz.

Com o modelo marketplace, o foco inicial é no segmento de design para a casa. A meta consiste em reduzir o gap entre designers e seus clientes, gerando valor para ambos os lados. Os primeiros terão exposição de seus produtos a um grande número de pessoas, e os segundos, acesso a designers de diferentes pontos do país e suas criações, além de bons preços.

Cada designer cria e administra a própria loja na plataforma, inclusive as entregas, expondo os produtos com os respectivos valores.

“Isso facilita a vida do cliente, que, nas lojas físicas, em geral, tem de tomar três cafés com o vendedor antes de saber o preço”, brinca Thomaz. “Na Boobam, o custo está à mostra logo de cara. O cliente conhece o valor, acostuma-se com ele e, depois, compra.”

A plataforma recebe 20% do total de cada venda.

Enquanto o site ia sendo desenvolvido, Thomaz mapeou o mercado, visitando designers um a um para apresentar o projeto. Hoje a Boo – bam conta com 66 lojas e cerca de 500 produtos à venda. Entre outros nomes, estão lá Studio Zanini, Paulo Alves, Gustavo Bittencourt, Oficina  ethos, 80e8, Carol Gay, Brunno Jahara, Guilherme Wentz, Lattoog, Leo Capote e Sérgio J. Matos. A curadoria é feita pelos sócios.

“Temos desde designers premiados até os mais jovens, que, em geral, não contam com muitos canais de venda para suas criações”, explica Thomaz. Quanto à possibilidade de lojistas se oporem a esse tipo de negócio, o empreendedor carioca comenta: “Não temos como agradar todo mundo. A gente não entra para brigar com ninguém, mas para somar, assim como ocorre entre o Uber e os taxistas”.

Para ele, lojas físicas sempre existirão porque sempre haverá um público que necessita “experimentar” móveis, objetos e luminárias. No entanto, a plataforma anteciparia uma tendência, que vai ao encontro dessa realidade.

“Antes, era impensável comprar roupas pela internet, mas hoje esse é um nicho superimportante de negócios pela rede”, exemplifi­ca.

Uma curiosidade está na escolha do nome Boobam, que inverte as sílabas da palavra bamboo, bambu em inglês.

“Gostamos da sonoridade da expressão e das características dessa planta, que tem crescimento rápido, é forte e bastante flexível”, comenta Thomaz. Segundo ele, a iniciativa do grupo já gerou três ofertas de investidores. “Mas ainda é cedo para pensar nisso. Com o tempo, veremos qual percentual poderemos dispor, quanto será o valor de um eventual aporte e que novos sócios participarão.”

Design por Bob Jr. | Matéria publicada na edição 91 da Revista Versatille