Hotel Unique, em São Paulo, inaugura novos apartamentos após primeiras fases de retrofit
Para falar a respeito do momento atual, A Versatille conversou com Wellington Mello, diretor-geral do Unique e profissional que está no hotel desde a sua inauguração
Há 22 anos, a cidade de São Paulo não somente ganhava um hotel cinco estrelas para chamar de seu, mas um novo marco arquitetônico. O Unique, hotel icônico da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, tem, sem dúvida, uma fachada imponente para quem passa por ali e só o avista de fora; para os passantes, que frequentam o Skye e o restaurante; e, ainda mais, para os hóspedes, que desvendam a arquitetura de Ruy Ohtake (1938-2021) “por completo”.
Moderno e clean desde os primórdios, em 2024, chegou a hora de revelar uma nova faceta para os quartos, após três anos de muito estudo. João Armentano, autor do projeto original, foi o escolhido para a renovação, que acontecerá nas 90 acomodações. Por enquanto, 30 já foram inauguradas, e o objetivo é ter, além de todos os quartos, áreas comuns como o lobby, espaço de eventos e fitness, com o “refresh”, concluídos nos próximos dois anos.
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Os novos quartos são sensoriais, com amplo uso de materiais, como madeiras, couro e pedras. Como num contraste com o concreto externo do edifício, por dentro, tons claros, em tons de areia, que garantem a sensação de paz, invadida pela luz que adentra as janelas, mesmo numa cidade como São Paulo. Entre os mobiliários, fica fácil reconhecer grandes nomes brasileiros: a poltrona Jangada, de Jean Gillon; a poltrona Cuca Zanine Caldas, as poltronas Tonico, Vivi, Xibô e Gio, de Sérgio Rodrigues. Foi criada também uma categoria de quarto, a Mayfair, espaçosa, por meio da junção de dois antigos quartos.
Para falar a respeito do momento atual, convidamos Wellington Mello, diretor-geral do Unique, profissional que está no hotel desde a sua inauguração. Seu primeiro cargo, em 2002, foi ajudante de garçom, mas também já ocupou a posição de sommelier, gerente de alimentos e bebidas, entre outras e, desde 2021, assumiu a direção. Confira, na sequência, o bate-papo.
Versatille: O que faz do Unique um hotel especial?
Wellington Mello: Acredito que um fator importante é que, no momento da concepção do hotel, o proprietário, que sempre foi um frequentador e apaixonado por hotéis, quando foi esboçar esse projeto, aplicou um pouco daquilo que viu pelo mundo. Atrelado a isso, trouxe grandes nomes, como João Armentano, Gilberto Elkis, Emmanuel Bassoleil, Ruy Ohtake. Hoje em dia, quando a gente fala sobre luxo, percebemos muitos pontos, mas um grande forte nosso é o nosso serviço. Temos um time muito preparado, pessoas que trabalham conosco desde o início, e mais de 60% do time tem mais de dez anos de casa. A hotelaria é um mercado que tem bastante rotatividade. Esse fato nos ajuda a ter constância e qualidade. Nessa loucura do dia a dia, em que somos submetidos a tantas coisas, o olhar para o cliente é genuíno, de prestar atenção nos detalhes. É isso que faz a diferença.
V: Como foi a evolução do hotel com o passar dos anos?
WM: O nosso projeto, desde o começo, sempre foi muito clean. Ele chegou num momento em que o luxo estava indo para um lado mais minimalista. Isso ajuda, porque o torna atemporal. Porém, quando a gente pensou nisso, 20 anos depois, era para oferecer uma experiência diferenciada aos nossos clientes, de novos quartos. Foi uma reforma completa, demolimos o andar como um todo. O grande desafio foi trazer o Unique, 20 anos depois, sem perder a essência do nosso DNA. Para as pessoas entrarem aqui e ainda se identificarem, e esse foi um dos motivos também por que mantivemos o João Armentano. Foi muito interessante, depois que clientes habitués se hospedaram, receber comentários na linha de que “como que parece que mudou tudo, mas, ao mesmo tempo, não mudou nada?”. É um risco grande, uma mudança depois de tanto tempo.
V: Qual é a previsão da reforma completa?
WM: Neste momento, metade dos andares foi reformada. Agora, faltam três andares de quartos. Nesse processo, criamos uma categoria de quartos, a suíte Mayfair (nossas suítes levam o nome de bairros famosos pelo mundo, é uma curiosidade sobre o hotel). A novidade é que essa tem duas janelas, dois ambientes integrados, num conceito bem aberto. No futuro, teremos a reforma das áreas comuns, primeiro o lobby e, na sequência, espaço de eventos e fitness. Prevemos que nos próximos dois anos o projeto inteiro seja concluído.
V: Qual a sua percepção sobre a chegada de novos hotéis de alto padrão em São Paulo?
WM: A cidade de São Paulo recebe muitos turistas, e os produtos são muito distintos, para perfis diferentes. O que eu acho que determina é o serviço, é a entrega. Quem tiver o melhor time e conseguir gerar a melhor experiência é quem vai fidelizar.
Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 135 da Versatille