Grife Peter Pilotto
Peter Pilotto e Christopher De Vos são os estilistas por trás da grife PETER PILOTTO. Pilotto é meio-austríaco, meio italiano e De Vos é meio belga, meio peruano. Eles se conheceram enquanto estudavam na prestigiada

Peter Pilotto e Christopher De Vos são os estilistas por trás da grife PETER PILOTTO. Pilotto é meio-austríaco, meio italiano e De Vos é meio belga, meio peruano. Eles se conheceram enquanto estudavam na prestigiada Royal Academy of Fine Arts de Antuérpia, em 2000.
Quando o designer austríaco-italiano Peter Pilotto inaugurou a marca que leva o próprio nome, em Londres, em 2007, com o belga-peruano Christopher De Vos, mal sabiam eles que estavam ajudando a começar uma revolução na estamparia. O que veio para ser desfrutado, em termos de tendências, são brilhantes cores florais, estampas digitais, xadrezes com florais, estampas com listras… Enfim, um caleidoscópio, um mosaico e uma explosão de excitação visual. Principalmente, após décadas e décadas de sólidos preto ou cinza.
A marca tornou-se sinônimo de estampas digitais, uma vez que eles estavam na vanguarda da revolução da estampa digital, nascida em Londres. Contudo, em primeiro lugar, sempre estava a habilidade de Peter e Christopher de trabalhar com o corpo feminino para criar silhuetas incríveis — usando cor, colocação de estampas e adornos.
Ligar arte e moda é algo natural para a grife. Em 2016, Peter Pilotto, com a colabora- ção do artista Caragh Thuring, exibiu nas passarelas sua coleção outono-inverno. Mais tarde, no mesmo ano, a dupla convidou a escultora Francis Upritchard para colaborar em uma coleção lançada exclusivamente na Matchesfashion.com.
Para a primavera-verão 2017, Peter e Christopher celebram o barroco tropical em uma escapada sensual através dos Andes onde a floresta encontra o mar. Das cores quentes do arquiteto mexicano Luis Barragán aos tons suaves de afrescos desbotados pelo sol, uma paleta vibrante reflete histórias otimistas do continente latino.
Elementos de uma herança permanente, afastados do mundo efêmero da moda. Ainda assim, é na busca pela exaltação dos sentidos, presente na arquitetura de Barragán, a inspiração que colocou o nome do arquiteto nas passarelas e no mundo da moda. Transcendendo sua arquitetura a uma linha de desenho particular, importantes empresas da industria têxtil utilizaram a linguagem mística de Barragán como um idioma em que a moda consegue viver uma beleza furtiva pela geometria, a cor, a textura, mas, sobretudo uma busca totalmente emocional.
Uma ampulheta seduz listras de linho irlandês lavado escolhidas com palmas e pétalas, e “paracas” bordadas se fundem com o mundo de Francis Upritchard. Sua mão artística aparece em manchas de bordados intrincados em personagens do povo e fauna estranha. Adornos de chifre, madrepérola e bordados de algodão destacam tiras, barras e decollété, enquanto bordas de macramê escapam de saias em renda francesa. Volumes de tafetá tornam-se calças palazzo e saias rabo-depeixe arejadas, uma popelina de estampa ingênua é entremeada com camisaria de algodão néon. E vestidos de noite cortados brilham em jacquards de folhas metálicas.
A visão de Peter Pilotto sobre roupas femininas abrange perspectivas novas e clássicas sobre elegância. As cópias do além-mundo combinam-se com as formas esculturais macias para formar a escrita do duo do projeto, algo que evolui e é explorado cada estação ao contrário de ser reacionário. Pilotto está focado em têxteis e impressão, enquanto De Vos concentra-se mais na silhueta. No entanto, a dupla trabalha além de seus perímetros individuais para criar algo novo.
Peter Pilotto prefere guardar um pouco de magia em torno de suas criações. Isso é reforçado pela ideia do gabinete curiosidade, que é algo que mantém estímulo para a dupla. O gabinete de curiosidade é uma metáfora para a viagem, sua mistura cultural e uma coleção de coisas recorrentes, como fenômenos naturais. Sua cliente é única. Está além da classificação pura de idade ou estilo, assim como as próprias roupas.
ESTILO por Humberto Rodrigues | Matéria publicada na edição 96 da Revista Versatille
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