Descanso e contato com a natureza: como é se hospedar na Vila Naiá, no extremo sul da Bahia

Na hospedagem que fica em meio a natureza de Corumbau, tudo é pensado para fazer do ócio o maior prazer

A entrada para a praia de Corumbau (Foto: Acervo Pessoal)

Talvez destinos que nos reconectem com a natureza sejam justamente do que precisamos para descansar o corpo, a mente e a alma. O clichê até parece ser óbvio, mas é necessário lembrar que o ócio é extremamente negligenciado na época em que vivemos. Você com certeza faz isso, e eu, também. Por isso, ir para uma praia como Corumbau, que, na língua dos índios pataxós, significa “longe de tudo”, pode ser exatamente do que precisamos de tempos em tempos.  

 

Especialmente se a escolha de hospedagem for a Vila Naiá, hotel que materializa mais do que um refúgio, e sim um projeto de vida de sua idealizadora, Renata Mellão que, há mais de 20 anos, chegou à vila no sul da Bahia. “Eu me encantei com o lugar: aqui não tinha praticamente nada, a praia era completamente deserta, e morava pouca gente. Eu quis vir para um lugar longe de tudo e realizar esse meu pensamento, de unir a natureza com as construções e sempre buscar a origem das coisas”, afirma Renata, enquanto toma um café da tarde no que se pode dizer que é a extensão da própria casa.  

 

O mar límpido de Corumbau

 

Com apenas oito acomodações, entre suítes e casas, afastadas e inseridas num belo – e extenso – jardim, a privacidade é garantida – assim como o silêncio, tão raro. Toda a propriedade, entre acomodações e áreas comuns, como a piscina, a sala de leitura, o restaurante, é conectada por passarelas de madeira, ideia brilhante do arquiteto Renato Marques (in memoriam).

 

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As madeiras são, também, extremamente importantes na compreensão do que é a Vila Naiá: as casas, suspensas sobre deques, são feitas de madeira argelim-pedra, e o piso, de peroba-vermelha. Do lado de fora, cada uma tem uma cor diferente. Para alguém pouco observador, elementos como esses podem até parecer detalhes, mas é tudo pensado: “Quando chegamos a Corumbau, as casas das vilas eram juntas umas das outras, e coloridas. E essa foi a referência para construir as nossas casas, e também o conjunto de suítes”, explica Renata. 

 

Casa Vermelha, uma das acomodações da Vila Naiá

 

Para chegar à praia de Corumbau, basta andar pelas passarelas e seguir as placas que indicam o caminho, que é diferente para cada uma das acomodações, atravessar uma estrada pacata e pronto: avista-se um mar azul, calmo e de temperatura agradável. São 15 quilômetros de faixa de areia, que podem ser percorridos até chegar à Ponta do Corumbau – que é ainda mais linda quando vista ao vivo. O ócio também é perfeitamente cultuado nas espreguiçadeiras brancas, dispostas em barracas charmosas, que pertencem a cada uma das suítes e casas.  

 

O dia passa lento e tranquilo na Vila Naiá, com constantes lembretes de como pessoas são a alma do negócio. Quem faz o dia a dia do hotel acontecer são na maioria locais, que sabem de tudo um pouco da região, além daqueles que migraram de São Paulo para lá: caso de Bob Rodrigues, responsável por tudo o que sai do bar – e que, caso você queira ouvir, terá alguma história boa para compartilhar. Agrada também a forma que o serviço de comidas funciona: logo no café da manhã, o hóspede recebe um menu do dia, com as opções de almoço e jantar, e já escolhe o que quer comer nas refeições principais. Tudo o que é servido chega fresco, vistoso e com um tempero baiano inegável, porém suave. Os peixes da região, como o budião e o vermelho, estão frequentemente presentes, além do camarão. Caso dê fome durante o dia, também há um menu de aperitivos e comidinhas, além de bebidas.  

 

Budião, servido no restaurante da Vila Naiá

 

Alinhado com a proposta de sustentabilidade e preservação, dois terços da área total da propriedade são uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Há poucos meses, o hotel transformou toda a sua matriz energética para solar – antes, apenas a água era aquecida dessa forma. Prestes a completar duas décadas de existência no próximo ano, a Vila Naiá nos ensina que sim, a felicidade pode ser justamente desapegar, mesmo que por alguns dias, da rotina frenética. 

 

Por Giulianna Iodice | Matéria publicada na edição 130 da Versatille

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