Luxo imperecível: conheça a história de três peças icônicas de grifes de luxo

Joias, roupas e canetas: sempre há uma história por trás dos modelos emblemáticos das grifes

Caneta-tinteiro 149
A caneta-tinteiro 149, pioneira entre toda a linha de produtos Meisterstüc, é uma referência icônica

A partir da primeira edição de 2021, a Versatille passa a apresentar uma seção fixa de clássicos das grifes de luxo, na qual serão apresentados produtos icônicos e suas respectivas histórias. No espaço, abordaremos o contexto de criação de cada peça, sua evolução e todos os detalhes que a tornam única e atemporal. Muito se ouve falar sobre artigos de luxo, mas o que os torna imperecíveis ao tempo é justamente os elementos que estão por trás deles e toda a manufatura envolvida no processo de produção. 

 

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Elencamos três produtos de luxo que transcendem o tempo e se mantêm invictos no que diz respeito a atemporalidade de design, inovação no período de criação e significado emblemático. Conheça as jornadas da caneta-tinteiro Meisterstück, da Montblanc; Bar Jacket, da Dior; e  coleção Alhambra, da Van Cleef & Arpels.

 

Caneta-tinteiro Meisterstück, da Montblanc 

 

Lançada em 1924, com a missão de ser uma “obra de mestre” (significado de seu nome alemão), a Meisterstück chega aos 97 anos em 2021 com a sensação de dever cumprido. O modelo atemporal é reconhecido no mundo inteiro como o símbolo da marca, uma caneta-tinteiro que se tornou um verdadeiro ícone do design do século 20. Por ter sido minimamente alterada ao longo dos anos, ela se tornou um objeto clássico e desejado por colecionadores e admiradores de instrumentos de escrita.

 

A caneta icônica apresenta resinas na cor preta ou bordô, com três finos anéis folheados a ouro e a inscrição “Meisterstück. Feita a mão, num processo que passa por mais de 100 etapas, a pena da caneta-tinteiro possui o número “4810”, referência à altura do Mont Blanc (Monte Branco), a montanha mais alta da Europa, na qual a marca se inspira. Além disso, é confeccionada em ouro, com incrustação de platina e ponta de irídio, um metal mais duro e resistente, que atribui maior firmeza ao escrever.

 

Konrad Adenauer, chefe de estado-maior da Alemanha Ocidental, empresta sua Meisrstück para John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, em 1963 (arquivo histórico)

 

Pioneira entre toda a linha de produtos Meisterstück, a célebre caneta-tinteiro 149 já protagonizou a assinatura de importantes tratados mundiais e fez parte de prestigiosos acontecimentos nas mãos de grandes estadistas. Em 1963, o chefe do Estado- -Maior da Alemanha Ocidental, Konrad Adenauer, emprestou seu clássico instrumento para o presidente John Kennedy assinar o livro de presença durante a visita que fez a Berlim.

 

A coleção de instrumentos de escrita Meisterstück é composta de outros modelos especiais da caneta, como a Classique, que está exposta no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), e a Montblanc Meisterstück Solitaire Golden Diamond, edição única apresentada no Brasil em 1994, cravejada com 4.810 diamantes no corte brilhante que se encaixam uns nos outros sem engates de metal. A peça entrou para o Guiness Book of Records no mesmo ano como a caneta mais cara do mundo, precificada em US$ 1,5 milhão.

 

Bar Jacket, da Dior

 

Conhecida como símbolo da elegância parisiense, a Bar Jacket é uma obra arquitetônica que transcende o tempo e a moda e consolidou o sucesso do estilista Christian Dior em 1947. Reconhecida pela extrema sofisticação da cintura marcada, bem como a estrutura de corset que acentua o formato dos quadris e do colo, essa peça histórica exalta com classe as curvas femininas. 

 

Como uma ode à sensualidade e ao desejo, a Bar Jacket incorpora a revolução do “New Look”, estilo criado pelo designer que quebrou paradigmas não só na moda, mas também no estilo de vida das mulheres no período pós-Segunda Guerra Mundial. A notável feminilidade da peça causou impacto ao se contrapor ao estilo rígido e sério dos tempos de violência e crise.

 

Explorado por vários diretores criativos da Dior ao longo dos anos,  o modelo emblemático de luxo adquiriu uma identidade ousada nos designs de Maria Grazia Chiuri, atualmente no cargo. Na coleção ready-to-wear da temporada outono-inverno 2019-2020, 30 Montaigne, a Bar Jacket foi reinventada, apresentando traços mais masculinos, detalhes em xadrez e também em denim. Já no desfile de alta-costura outono-inverno 2019-2020, foi apresentada no tecido tweed, na cor granito preto. 

 

Modelo posa vestindo a Bar Jacket

As marcantes curvas femininas da Bar Jacket trouxeram à tona o desejo e a sensualidade que aliviavam o clima de tensão pós-Segunda Guerra Mundial (arquivo histórico)

 

A peça icônica de luxo também exibiu um design disruptivo nas colaborações de Chiuri com os artistas Mickalene Thomas e Grace Wales Bonner para a coleção 2020 Cruise. Misturando técnicas de crochê e do bordado caribenho feito de seda e ráfia (fibra fabricada a partir de talos de folhas de palmeiras) tecida a mão, Grace combinou tons vívidos e quentes com a profundidade do preto, uma alquimia perfeita do masculino e feminino. Já a artista plástica afro-americana Mickalene, cujo trabalho é inspirado em artistas europeus como Manet e Matisse, combinou as curvas emblemáticas da jaqueta com a essência de suas fascinantes colagens coloridas. 

 

 

Embora tenha sido continuamente atualizada, a clássica silhueta de Christian Dior se mantém presente devido à habilidade técnica dos estilistas, que criam costuras que desaparecem em meio à combinação de tecidos. De fato, em toda a sua trajetória de diferentes interpretações, a Bar Jacket permanece como um reflexo do estilo visionário e ultramoderno de Christian Dior e reafirma seu status de ícone de luxo eternizado.

 

Coleção Alhambra, da Van Cleef & Arpels 

 

A sorte não só é um dos valores estimados a Van Cleef & Arpels como também o princípio norteador da grife que inspira algumas de suas criações mais icônicas. O clássico trevo de quatro folhas apareceu pela primeira vez nos arquivos da marca em 1906, acompanhado de uma série de peças que retratavam talismãs em madeira, amuletos e fadas benevolentes. Desde então, a marca explora a temática e seus símbolos associados de diferentes formas em suas joias.

 

Jacques Arpels, sobrinho do casal fundador e ávido colecionador, frequentemente colhia trevos de quatro folhas no jardim de sua casa, na comuna francesa Germigny-l’Évêque, e os oferecia a seus empregados como amuletos da sorte, com um poema inglês chamado “Don’t quit”, que significa “não desista”, em tradução livre. “Para ter sorte, você tem de acreditar na sorte”, dizia Arpels.

 

Françoise Hardy usando dois colares longos Alhambra (arquivo histórico)

 

Em 1968, a marca criou o primeiro colar longo Alhambra, composto de 20 pingentes no formato de trevo em ouro amarelo estriado e adornados com contas de ouro. O design alcançou sucesso imediato. Em sua jornada histórica, o pingente deu origem a diferentes interpretações da coleção, como Vintage Alhambra, Magic Alhambra, Sweet Alhambra, Lucky Alhambra, Pure Alhambra e Byzantine Alhambra. Em todas elas, a criatividade se destaca exibindo o símbolo com suas linhas puras e distinta silhueta em uma vasta paleta de materiais naturais.

 

 

Reinterpretação da peça icônica Malachite, de 1973 (divulgação)

 

As pedras duras que decoram as criações são selecionadas entre os elementos mais finos. O charme da calcedônia, por exemplo, é sua suave cor azul-acinzentada; já a ágata se destaca por seus tons profundos e uniformes, acentuados por um polimento cuidadoso. Nas criações em ouro amarelo guilhochê (técnica tradicional de gravação inspirada na ourivesaria e na arte culinária), os jogos de luz das linhas deslumbrantes cativam o olhar com suas reflexões solares.

 

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A coleção Alhambra, além de ser um clássico amuleto da sorte de luxo, reflete todo o savoir-faire, ou seja, a habilidade técnica de uma grife da alta joalheria. As diversas especialidades reunidas na produção de cada peça – do lapidário ao joalheiro e do cravador ao polidor –  transformam, mais uma vez, a trajetória das joias com o pingente icônico em seu grande diferencial. 

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