Como é se hospedar no Explora Atacama, hotel que oferece roteiros exclusivos em um dos destinos mais famosos do Chile

Em San Pedro de Atacama, a hospedagem se destaca por um olhar personalizado e profundamente conectado à natureza

O deserto do Atacama comumente desperta curiosidade e certo fascínio em quem deseja visitá-lo. Conosco não era diferente. Quando imaginávamos essa viagem, o Explora Atacama, localizado em San Pedro de Atacama (Chile), sempre foi a opção número 1.

 

Explora Atacama, em San Pedro de Atacama

 

Mais do que um hotel, é um destino completo por si só. Um lugar onde a sofisticação encontra a natureza, em que cada detalhe é pensado para surpreender os hóspedes, o que começa logo ao confirmar a sua reserva: recebe-se um questionário longo e detalhado, no qual se perguntam desde os horários dos voos até se os hóspedes possuem alguma alergia ou intolerância alimentar.

 

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O hotel é despretensioso, acolhedor e aconchegante. Possui piscinas cristalinas, jacuzzis para relaxar, saunas e um ambiente que combina perfeitamente com a imensidão do Atacama – uma palavra que no dialeto quechua significa: terra grande ou de grande extensão.

 

A piscina do hotel

 

As acomodações são um convite ao descanso, perfeito para recarregar as energias depois de um dia explorando as maravilhas do deserto. E tem aquele detalhe que faz toda a diferença: o turn off, que prepara o quarto à noite, com direito a um docinho de doce de leite com chocolate, carinho que faz toda a diferença.

 

Uma das suítes do Explora

 

A gastronomia merece menção honrosa. O menu é assinado pelo chef peruano Virgílio Martinez, nome à frente de algumas empreitadas, entre elas o Central, restaurante em Lima que já foi eleito o melhor do mundo, segundo o 50 Best Restaurants. Cada refeição é uma agradável surpresa, com ingredientes frescos e apresentação impecável, prezando pela utilização de ingredientes locais, como, por exemplo, a ryca-ryca, um tipo de menta encontrada na região.

 

 

Explorar além do Explora

 

Os passeios foram uma experiência à parte. Assim que você chega ao hotel, há uma reunião privada entre um guia e sua família. Nesse momento, decidimos quais roteiros faríamos nos próximos cinco dias, de forma bem personalizada. São mais de 40 opções. Com o Explora, o mesmo destino pode ser visitado de uma forma ativa, como caminhando, de bicicleta, a cavalo ou, se os visitantes forem mais tranquilos, pode-se ir diretamente ao ponto turístico de carro. A agenda não é definitiva, nem engessada. Durante nossa estada, mudamos o plano inicial pelo menos duas vezes. E tudo bem! O que merece destaque é que há passeios exclusivos oferecidos unicamente pelo hotel, que nenhuma agência da região realiza. Essa é uma das muitas vantagens de se hospedar por lá.

 

Sempre antes de partir para a exploração acontece uma reunião entre os participantes e o guia, que cuidadosamente nos mostra no mapa onde se iniciará o passeio, quanto tempo ele durará, quais são as condições geográficas do destino… Existe ainda a preocupação se a vestimenta do hóspede está apropriada para o trajeto, se todos estão com protetor solar, detalhes que fazem a diferença. Durante os passeios, snacks, frutas e barrinhas proteicas são oferecidos. O ponto mais importante, tendo em vista que estamos no deserto mais seco do mundo, é a necessidade de beber muita água. Para tanto, garrafas personalizadas são presenteadas pelo hotel logo no check-in.

 

As termas da região

 

Dentre tantas opções e atrações, começamos pela Cordilheira de Domeyko, um conjunto de montanhas de diferentes formações geológicas e com rochas de cores diversas (verdes, brancas e vermelhas) em razão dos minerais que as compõem.
O passeio se inicia a 3 mil metros de altitude e dura cerca de duas horas e meia. A paisagem se transforma durante o trajeto: rochas esculpidas pelo tempo, enormes paredões de argila, pedras de todos os tamanhos e formatos. Há obstáculos a serem ultrapassados, tornando o passeio ainda mais bacana. Foi em Domeyco que cenas do filme Mandalorian (Star Wars) foram gravadas.

 

Expedição de bikers pela Cordinheira de Domeyko

 

Termas de Puritama (puri = água)/tama = quente): de longe, um dos passeios mais lindos e icônicos da viagem. A caminhada se inicia sobre um dos lados do cânion que forma a região. A paisagem árida e a vegetação rasteira se complementam com a presença de cactos gigantes, na verdade, enormes! Muitos deles com mais de 100 anos de idade e mais de 10 metros de altura. Como estamos caminhando no alto das montanhas, nem imaginamos que embaixo corre um rio, que dará origem a oito piscinas naturais, todas de água quente. Um verdadeiro oásis. Depois de mais ou menos uma hora e meia caminhando, começamos a descer e avistar o rio que corre tranquilamente, no meio de paredões de rochas. Se antes a vegetação era árida, nas margens do rio é completamente diferente. Há arbustos mais imponentes, uma mata mais robusta e uma planta de cor manteiga, que lembra nosso capim-dourado, originário do Tocantins. Depois de quase três horas andando, chegamos à piscina de número 1, que é exclusiva aos hóspedes do Explora. Mas, além dessa exclusividade, o hotel oferece roupões para se aquecer, pois se sente frio, mesmo em dias de sol. Além desse cuidado, enquanto aproveitávamos a piscina, um banquete era montado com sucos, cervejas, sanduíches, frutas e um delicioso alfajor, que ficou registrado na memória.

 

A experiência na Laguna Cejar foi completamente diferente de tudo o que já vivemos. A sensação de entrar na água e perceber que simplesmente não é possível afundar é algo indescritível. A alta concentração de sal (muito maior que a do Mar Morto) faz com que o corpo boie naturalmente, proporcionando uma experiência única e divertida. É como se a gravidade perdesse um pouco de sua força, nos deixando suspensos na água de um jeito leve e relaxante. E, claro, o cenário ao redor completa o espetáculo: um espelho-d’água azul-turquesa cercado pela vastidão do deserto, com os vulcões ao fundo criando um contraste perfeito.

 

Laguna Cejar

 

A Laguna Chaxa está situada no Salar do Atacama, essa imensidão branca e ressecada pelo tempo (mas não lisa, totalmente irregular e pontiaguda em razão da umidade do solo), e guarda uma história fascinante sobre sua formação, resultado de milhões de anos de deposição de minerais e evaporação da água. Caminhar por ali e entender como esse ecossistema se desenvolveu foi enriquecedor, mas o que realmente roubou a cena, na minha visão, foram os flamingos. Ver essas aves elegantes, com sua coloração rosada, contrastando com o branco do salar e o azul do céu, foi de encher os olhos. Flamingos são aves migratórias. Elas voam da Patagônia até o Atacama. Logo, observar seu voo e entender um pouco mais sobre seu hábitat e comportamento tornou tudo mais especial.

 

O Salar do Atacama

 

O Vale de Marte se situa entre dunas enormes e paredões de cor rosada, cuja formação é milenar. Depois de uma caminhada íngreme, chega-se ao topo, onde se revelam paisagens de tirar o fôlego. Lá de cima, além da Cordilheira dos Andes, é possível avistar o principal vulcão do Atacama, Licancábur. A decida foi uma surpresa! Tiramos os calçados e descemos dunas gigantescas. Inesquecível.

 

Geyser del Tatio

 

Os gêiseres do Atacama estão localizados a uma altitude de 4.300 metros acima do nível do mar e são o campo geotérmico mais alto do mundo, além do maior da América do Sul e o terceiro maior do mundo. O trajeto até lá já é um passeio exuberante. Saímos do hotel por volta das 7 horas da manhã. A primeira parada foi em Vado Machuca, onde pudemos observar centenas de flamingos. Na sequência, passamos por Vado Putana, um vale lindo, onde existe um pequeno “pueblo” bem pitoresco, com casas típicas da região, sem eletricidade e abastecidas uma vez por semana, com caminhões-pipas.

 

Ao chegar ao parque geotérmico, nós nos deparamos com mais de 80 gêiseres, sendo que os maiores passam de 5 metros de altura. Devido à altitude, a água entra em ebulição a uma temperatura de 86º C e a velocidade que o vapor da água sobe é de impressionar. O passeio oferecido pelo Explora vai muito além da visitação aos gêiseres. Para os amantes da natureza, há uma caminhada de 8 quilômetros, beirando um rio, onde se podem avistar muitos animais da fauna local: vicunhas, guanacos, pássaros e, em especial e para os mais sortudos, o temido puma.

 

Sem dúvida, essa foi uma viagem que ficará eterna em nossa memória. E fica a certeza de que voltaremos um dia!

 

Por Julianna Bugarelli Fernandes | Matéria publicada na edição 138 da Versatille

 

 

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