Champanhe rosé: quatro rótulos primorosos
Nosso publisher, Rogério G. Sfoggia, fala de uma paixão: o champanhe rosé. A seguir, histórias e curiosidades de quatro grandes rótulos de importantes produtores
Como em tudo o que diz respeito a vinhos, os franceses levam a sério a versão rosé da bebida. Tanto que existe uma instituição especializada em monitorar tudo o que a envolve: o Centro de Pesquisa e Experimentação sobre o Rosé, criado em 1999. Faz sentido, visto que os números de consumo e produção de vinhos e champanhes rosés explodiram mundo afora justamente a partir daquela década. Entre 1995 e 2006, a exportação da França para os Estados Unidos cresceu de 1,8% para 8,37%.
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Segundo dados desse centro de estudos, a França não só é o maior produtor de rosé (25%) como o país que mais o consome. Estima-se que a comercialização da bebida tenha crescido 30% nos últimos 15 anos, e a perspectiva é de aumentar 50% até 2030.
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Uma baita volta por cima, sobretudo quando se considera a história dos rosés. Entre os séculos 13 e 18, eles reinavam juntamente com a nobreza – eram a variedade mais procurada na França. Isso mudou com a Revolução de 1789, que, com seu caráter de ruptura, rejeitou tudo o que fosse associado ao sangue azul.
Existem, é claro, dezenas de variações no mercado. Como estamos na VERSATILLE, a seleção a seguir levou em consideração os mais exclusivos e primorosos representantes dessa hoje (novamente) festejada bebida.
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CRISTAL ROSÉ – LOUIS ROEDERER
A versão rosé começou a ser produzida em 1974, quase 100 anos depois da criação do Cristal original. É feita somente em safras especiais, envelhecida durante seis anos, e tem em sua composição as uvas pinot noir (56%) e chardonnay (44%). Seu buquê é intenso e refrescante, combinando uma variedade complexa de aromas e sabores. Uma verdadeira obra-prima, feita para celebrar momentos inesquecíveis, que é comercializada atualmente nas safras de 2000, 2002, além das de 2004 a 2009.
DOM PÉRIGNON ROSÉ
Enquanto em 2019 a VERSATILLE celebra duas décadas, a Maison Dom Pérignon marca o aniversário de 60 anos em que o champanhe foi eleito por diversos especialistas como o mais prestigioso do mundo. Mas não só: também em 1959 nasceu a versão rosé. É um excelente exemplo de como os tons dessa variedade da bebida não são necessariamente rosa. Quer dizer, até nisso foge de ser óbvio. Com tons âmbar, laranja, cobre e ouro, tem notas florais que são primeiramente perfumadas e abrem rapidamente aromas como frutas secas e casca de laranja. Também é um champanhe safrado. Ou seja, apenas a produção que atinge patamares impostos para garantir a reputação da marca chegam ao mercado. Seu tempo de guarda é de pelos menos dez anos.
BARÃO DE ROTHSCHILD ROSÉ
Em 2004, a família Rothschild, que há séculos figura entre os mais renomados produtores de vinhos no mundo, fez seu primeiro rosé, comercializado a partir de 2009. O Barão de Rothschild Rosé traz uma elegância assertiva, que reflete a mistura de uvas chardonnay e pinot noir de seus vinhedos. A alta proporção de chardonnay confere um sabor único e exclusivo, uma delícia para os sentidos. O primeiro sabor é fresco e imponente, derretendo no palato como seda, com leves tons de framboesa. Apresenta aromas finos e sutis, que lembram a primavera, juntamente com a fragrância de pétala de rosa, morango silvestre e uma pitada de entusiasmo cítrico. O fino fio de bolhas termina em uma espuma tênue e duradoura, e sua cor clara oferece o leve brilho do rosa-salmão. Esse vinho é longo, equilibrado e cheio de corpo delicioso. A harmonia da fruta e a leveza trazem uma complexidade que os paladares mais experientes certamente apreciarão e incorporam de maneira distinta os valores vitivinícolas da família Rothschild: perfeição, constância e um espírito de excelência e refinamento, tudo com o máximo de cuidado. Sua composição atual é 95% de chardonnay e 5% de pinot noir.
POL ROGER ROSÉ
Com 160 anos de história, Pol Roger é um champanhe muito respeitado, especialmente na França e na Inglaterra. Todos os seus rosés são vintage, seguindo a lógica da produção safrada. O Brut Rose Vintage é produzido a partir de uma mistura de 50% de pinot noir e 35% de chardonnay, extraídos de cerca de 20 premiers e grands crus no Montagne de Reims e Côte des Blancs. Para obter sua cor delicada e seu perfume sutil, 15% de pinot noir, de vinhedos selecionados em Bouzy, Ambonnay e Cumieres. É vinificado “en rouge” e adicionado à mistura antes da segunda fermentação. Tem cor de pimenta rosa intensa com um fluxo fino de bolhas persistentes. O nariz tem aromas de frutas vermelhas e frutas de verão. No paladar, a primeira impressão é de frescura, com notas de morango selvagem perfumado, que se transforma em maturação cremosa, com um toque de baunilha. Se for permitido que o vinho floresça no copo, outra camada de aromas cítricos aparece, com notas de toranja no fim. O vinho possui uma estrutura linear e requinte raro, complementado pela intensidade do sabor. É um rosé com grande personalidade.
BEBIDA | Matéria publicada na edição 113 da Revista Versatille