Carros elétricos e híbridos de alto padrão ganham mais adeptos no Brasil
Listamos algumas opções que talvez façam você se tornar um deles
Por Sergio Quintanilha | MOTOR | Matéria publicada na edição 115 da Revista Versatille.
No que diz respeito aos automóveis de luxo, o futuro já começou. Cada vez mais opções de carros elétricos e híbridos de alto padrão ganham adeptos no Brasil — e aqui listamos algumas opções que talvez façam você se tornar um deles.
Houve um tempo em que bastava escolher o motor mais potente para ficar up-to-date com as novidades. Andar num carro com menos de seis cilindros no motor era quase um pecado. Os mais abastados iam de V8 ou até V12. Mas a constante busca por eficiência energética fez um downsizing nos motores dos carros e o turbocompressor passou a ser um diferencial de entrega de potência. Nem isso resistiu. Agora, para ficar em dia no mercado de automóveis, mesmo no Brasil, é preciso estar a bordo de um carro eletrificado.
Apesar de o volume ainda ser pequeno (menos de 10 mil carros num mercado previsto de 2,9 milhões), as vendas de veículos eletrificados vêm dobrando de tamanho e as ofertas já são interessantes – especialmente no segmento de luxo. Marcas como BMW, Porsche, Volvo, Land Rover e Jaguar estão mais adiantadas, porém os lançamentos da Audi, da Mercedes e até das populares Fiat e Volkswagen mexem com o imaginário dos brasileiros. Por isso, é bom ir se acostumando com novos termos e siglas, como kWh (quilowatt-hora), carregadores AC ou DC (corrente alternada ou corrente contínua), One Pedal Drive, PHEV e até os tipos de carros eletrificados (híbridos ou totalmente elétricos).
Antes de correr atrás da novidade, é preciso entender como as coisas funcionam. Assim, evita-se o risco de comprar um veículo esperando outra coisa dele. Existem vários tipos de carros híbridos. O sistema mais simples é chamado de híbrido leve e pode ser encontrado, por exemplo, no Mercedes-Benz C 200 EQ Boost, no Audi Q8 e no Range Rover Evoque Si4. Esses carros possuem um pequeno motor elétrico que é acionado automaticamente somente nas acelerações ou nas frenagens.
O objetivo é melhorar a performance e a eficiência do carro, especialmente nas emissões e no consumo de combustível. O híbrido convencional (HEV) é o mais comum e o mais simples de usar, pois o motorista não precisa fazer praticamente nada. Presente, por exemplo, nos modelos da Lexus e da Toyota (RAV4 e Corolla), o sistema administra a utilização do motor a combustão ou do motor elétrico conforme a carga restante na bateria ou a necessidade de potência por parte do motorista (quando pisa fundo no pedal do acelerador, por exemplo). Os carros híbridos convencionais podem ter dois motores (sempre um a combustão e um elétrico), ou mesmo três motores (dois elétricos, caso do Corolla) ou até quatro motores (três elétricos, caso do RAV4). Para saber a potência dos motores elétricos em cv, basta fazer a conversão de cv para kWh (ou de hp para kWh). Porém, não se deve somar a potência – ela é sempre combinada, divulgada pelo fabricante do veículo.
Esse sistema, além de simples, é muito eficiente. Quando se dá a partida, o carro não faz barulho algum, pois funciona no modo elétrico. Nas manobras de estacionamento, por exemplo, é preciso tomar cuidado, pois as pessoas que estão do lado de fora não ouvem o carro se movimentar ou se aproximar. No trânsito, quando o sistema sente que o motorista quer rodar mais rápido, o motor a combustão também passa a funcionar (ou só ele, se for em altas velocidades). Nas frenagens e desacelerações, o sistema regenera energia para recarregar a bateria. A vantagem desse carro é que nunca se corre o risco de ficar sem bateria. Entretanto, o consumo de combustível na estrada acaba sendo maior do que na cidade (aqui, uma mudança de paradigma).
O carro híbrido provoca uma transformação enorme na forma como se dirige. Principalmente se oferece o recurso One Pedal Drive (o acelerador serve também para frear o veículo). Porém, o estágio seguinte – o híbrido plug-in (PHEV) – é ainda mais interessante. Nesse caso, o motorista tem a chance de rodar somente no modo elétrico em velocidades maiores (até 120 km/h, nos Volvo XC; até 130 km/h, no Volkswagen Golf GTE). Porém, a autonomia do modo elétrico é bastante limitada, em torno de 50 quilômetros. Segundo pesquisas das montadoras, cerca de 75% dos usuários de carros de luxo rodam menos de 50 quilômetros por dia na cidade. Portanto, a mudança de atique obter performance, o motorista passa a dirigir economizando energia. O planeta agradece.
Os carros híbridos plug-in, como o nome diz, podem ser ligados na tomada. Qualquer tomada de 220 volts com aterramento basta, desde que haja um adaptador para o cabo que vem com o carro. A maioria dos carros PHEV vendidos no Brasil já vem com a tomada de três pinos no cabo de carregamento elétrico. Finalmente, os carros 100% elétricos ou puramente elétricos (EV) não possuem o motor a combustão. Nesse caso, a capacidade da bateria é bem maior, para que a autonomia seja suficiente para uma viagem de até 600 quilômetros – quanto maior a capacidade da bateria, maior o alcance.
O Audi E-Tron, por exemplo, tem dois motores elétricos de 150 kW cada, ou seja, um total de 300 kW ou 408 cv. Outra mudança: não há conta-giros. Todo o torque de um motor elétrico está 100% disponível desde a mínima aceleração, o que também torna a condução empolgante. Já as baterias do E-Tron têm a impressionante capacidade de 95 kWh. Dessa forma, ele é capaz de rodar 417 quilômetros com uma carga. Estamos falando de um SUV poderoso, enorme. Para comparar, o simpático Fiat 500 (que agora é 100% elétrico), tem um motor de apenas 86 kW (117 cv) e uma bateria de 42 kWh. Assim, ele atinge 150 km/h e pode rodar 320 quilômetros. Proporcionalmente, o novo Fiat 500 tem 77% do alcance de um Audi E-Tron utilizando apenas 42% do consumo elétrico.
O motivo está na potência do motor. O Fiat 500 tem somente 29% da potência do poderoso Audi E-Tron. Como nos motores a combustão, maior potência também significa maior consumo. Por isso, um pequeno Fiat 500 pode ser mais interessante do que um imponente Audi E-Tron, dependendo das necessidades e do perfil do condutor.
A maioria dos lançamentos de carros elétricos está ligada ao segmento de SUVs. Mas há outras opções. Entre os EV, além do E-Tron (R$ 459.990), estão à venda o novíssimo Mercedes-Benz EQC (R$ 477.900), o Jaguar I-Pace (R$ 456.400) e os BMW i3 (R$ 205.950) e i8 (R$ 649.950). Neste ano, chega o novo Fiat 500. Em 2021, a BMW lançará mundialmente o novíssimo i4, que promete elevar a outro patamar a dirigibilidade e o design de um carro elétrico. No mercado de híbridos plug-in, os mais badalados do momento são os Volvo XC40 (R$ 229.950), XC60 (R$ 259.950) e XC90 (R$ 335.950), o Volkswagen Golf GTE (R$ 199.990), os Porsche Cayenne V6 (R$ 435.000) e Panamera V6 (R$ 564.000), além do Cayenne V8 (R$ 946.000) e Panamera V8 (R$ 1.251.000).
Como se vê, luxo e potência continuam sendo um diferencial. Mas agora, para estar up-to-date com os melhores lançamentos da indústria automobilística, é preciso também se desligar um pouco do conceito do carro como puro fetiche e se ligar num conceito mais amplo, o do automóvel como digno representante de uma mobilidade mais sustentável, ainda que a cavalaria seja toda elétrica.