Você provavelmente deve ter ouvido falar do novo sucesso da Netflix, Milagre na Cela 7, em algum lugar da internet nos últimos dias. A trama acompanha a trajetória de Memo (Aras Bulut İynemli), um pai intelectualmente deficiente, e sua filha Ova (Nisa Sofiya Aksongur) de apenas 6 anos, quando ele é injustamente acusado de um assassinato. Entre fãs absolutos e críticos ferrenhos, uma coisa é certa: o longa dirigido por Mehmet Ada Öztekin deixa espaço para a imaginação. E aí que a internet anda obcecada com possíveis explicações!

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Separamos as melhores para você entender e viajar mais uma vez na trama, mas, cuidado: se você ainda não assistiu ao filme, a seguir temos toneladas de spoilers!

O que significa lingo, lingo, şişeler?

No filme, Ova e Memo têm uma tradição de gritar a expressão lingo, lingo, ao qual o outro responderá: şişeler. A carinhosa brincadeira é uma referência a uma música tradicional turca usada frequentemente por dançarinas do ventre chamada Lingo, Lingo, Shisheler. A palavra shisheler é um erro de ortografia de şişeler, que traduzida para o português significa garrafas. Já a expressão lingo, lingo não é uma palavra em turco, é como se fosse um canto semelhante ao la la la nas músicas. A canção Lingo, Lingo, Shisheler também faz referência a um típica bebida turca chamada raki, que aparece no filme na cena em que os presos estão cozinhando e tomando shots da tal bebida.

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O filme é um remake de um longa sul-coreano e possui diversas versões

A primeira versão da história foi lançada em 2013, na Coreia do Sul. A trama sobre uma acusação injustiçada a um homem doente é a mesma, mas, diferentemente do filme turco, na versão original a garota não sofreu um acidente: ela foi violentada sexualmente e de fato assassinada. Milagre na Cela 7 também tem uma versão indiana de 2017, uma filipina de 2019 e terá trama passada na Indonésia no filme que deve ser lançado ainda em 2020.

Versão sul-coreana (2013)

Teoria: Memo já está morto ao final do filme

Tanto na cena inicial do longa quanto na última, assistimos a Ova, já em 2004, arrumar-se – ao que tudo indica, para o seu casamento, já que veste um longo vestido branco e está rodeada de flores – enquanto ouve os noticiários anunciarem a abolição da pena de morte na Turquia. Quem sustenta essa teoria acredita que, se Memo estivesse vivo 20 anos após se livrar da pena de morte, ele apareceria de alguma forma nessas cenas, já que, tradicionalmente, o pai acompanha a filha até o altar no dia de seu casamento. Além disso, Ova se mostra triste durante as cenas, ao lembrar-se de tudo o que ocorreu em 1984. Há espaço para dúvida: ela ainda tem, nesse momento, a caixinha de cigarros que foi presente de Yusuf.

Teoria: Yusuf era avô de Ova?

Como pouco sabemos sobre o casamento arranjado de Memo e sobre a mãe de Ova, alguns fãs começaram a especular que Yusuf poderia ser, na verdade, o avô da garota. Ova seria fruto de um outro relacionamento de sua mãe, que se casou com Memo para encobrir a gravidez — isso, no entanto, não a teria impedido de ser morta pelo pai, que era muito rígido. As teorias se firmam ainda mais porque, perto da cama de Yusuf, há um pequeno buraco, que o faz lembrar da árvore que tem a ver com a morte da filha. Nenhum outro prisioneiro vê o desenho de uma árvore ali, mas quando Ova visita a cela, ela também o vê, indicando uma certa ligação entre os dois.

Yusuf e Ova

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Qual, afinal, é o milagre da cela 7?

Em conversas sobre pecado, culpa e redenção, todos os presos se mostram arrependidos de alguma forma pelos crimes cometidos, no decorrer de cenas que exprimem o perdão. Na visão de alguns internautas, Memo seria o “milagre” dos colegas da cela 7, que através de seu amor e pureza, gerou pensamentos de remissão nos presos. O “milagre” no título do filme pode ser visto como real se desconsiderarmos a teoria de que Yusef é avô de Ova e, somente se sacrificou por Memo por pura solidariedade e compaixão ao enxergar genuinidade em Memo, já que os dois se conhecem há pouco tempo e ele somente trocou de lugar com o pai de Ova para alcançar a redenção divina.

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Por Maria Alice Prado

Fotos: Divulgação e Reprodução