Lançado na quarentena, livro sobre João de Deus entra na lista de mais vendidos

Escrito pelo jornalista Chico Felitti, A Casa conta a história do líder religioso que caiu em desgraça por crimes sexuais

Além de muita informação relacionada ao coronavírus, poucas novidades aparecem em meio à quarentena. Mas o jornalista Chico Felitti aproveitou o momento, que convida à leitura, para lançar o livro A Casa, (Editora Todavia) que conta a história de João Teixeira de Faria, mais conhecido como João de Deus.

 

A casa do título é a Casa Dom Inácio de Loyola, centro ecumênico em Abadiânia (GO) onde João de Deus realizava tratamentos espirituais. Antes de atender ao telefonema da VERSATILLE, Felitti autografava livros encomendados na pré-venda, ainda no fim de março: o sucesso foi tanto que uma segunda leva entrou em cena para dar conta da demanda. Nesta semana, o livro entrou em primeiro lugar na lista dos mais vendidos do Brasil na categoria Jornalismo da Amazon.

 

 

Ateu, Felitti só embarcou mesmo na ideia de escrever sobre o líder espiritual depois de conhecer a “Deuseylândia”, apelido da cidade dado pelos moradores do local, e apurar a história do curandeiro e guru de políticos e celebridades – e que havia recebido ninguém menos do que Oprah na Casa [Dom Inácio de Loyola]. “Não tinha curiosidade nenhuma e admiração nenhuma por Teixeira, recém-revelado como um dos maiores criminosos da história recente do Brasil”.

 

 

O interesse veio depois de conhecer a cidade no interior de Goiás e ouvir as tantas histórias e curiosidades, inclusive algumas que nunca chegaram a público, como a investigação americana por assédio sexual de que João de Deus foi alvo nos Estados Unidos antes mesmo de o caso explodir no Brasil. Nessas incursões, ele descobriu histórias de fé como a de Simone Soares. Duas vezes vítima de João de Deus, quando criança e depois, adolescente, Simone encontrou a fé evangélica quando adulta, se converteu em pastora e voltou à cidade para confrontar o abusador. “A fé também serviu para as pessoas se curarem do que havia acontecido lá dentro. Isso me impressionou muito, eu que sou um sujeito que não tenho fé nenhuma”, contou.

 

 

Por conta do isolamento social, não foi possível realizar evento físico para o lançamento. “Senti falta do contato com os leitores, que é sempre legal, o diálogo é sempre muito bom. Acho que nesse caso seria muito bom também porque muita gente fez parte da história da Casa, muita gente foi a Abadiânia e deve ter história pra contar. Mas é um motivo de força maior e a gente tem que entender e encontrar outros jeitos”. O outro jeito tem o nome de internet, onde o livro é assunto corrente – e, pelo jeito, funcionou.

 

Por Gabriela Neumann

Foto: Reprodução Instagram

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