“Arquitetura é desenhar o futuro sem apagar o passado”, destaca Murilo Weitz
Imersos no universo do design e da arquitetura, Guilherme Torres, Maximiliano Crovato e Murilo Weitz compartilham suas trajetórias repletas de identidade
Ainda na infância, o arquiteto Guilherme Torres enxergava sua casa como um personagem cheio de vida. Para ele, os corredores, o teto e a disposição dos móveis significavam muito mais do que uma simples construção para moradia. Com a genialidade de uma criança, o arquiteto e designer Maximiliano Crovato também era seduzido pela possibilidade de criar tantas coisas dentro de sua casa: no caso, projetou, aos 9 anos, o próprio quarto. Colega de profissão, Murilo Weitz nunca duvidou de que seu caminho fosse no design. Desde pequeno, desenhava e criava pessoas e objetos sem distinção. A paixão acompanha os três desde cedo.
Embora cada um tenha seguido sua trajetória dentro de um mesmo universo, pode-se dizer que o fascínio os levou a um objetivo comum: transmitir sua identidade por meio de criações. Para o editorial da Versatille, Torres, Crovato e Weitz compartilharam momentos importantes de sua carreira e foram fotografados na Galeria Teo, um espaço paulistano que tem o objetivo de valorizar o legado do design moderno brasileiro. Com a curadoria do galerista Teo Vilela Gomes, o local conta com preciosidades assinadas pelos maiores nomes do modernismo das décadas de 1930 a 1970 – grandes inspirações para a nova geração de designers e arquitetos.
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Confira, a seguir, a conversa com os profissionais e o mobiliário que cada um escolheu para fotografar.
Murilo Weitz no sofá modular de Zanine Caldas
Versatille: O que motivou você a trabalhar nessa área?
Murilo Weitz: A parte de criação e arquitetura sempre viveram na minha cabeça. Eu nunca tive outra ideia de outra área para trabalhar. Jamais imaginei ir para a área de humanas ou exatas, por exemplo. Realmente era apaixonado por desenhos. Eu me formei em arquitetura e depois fui para a parte de mobiliário. Com a experiência, acabei me encaixando.
V: Como funciona seu processo criativo?
MW: Hoje em dia, meu processo é muito relacionado ao briefing do projeto, que me mostra qual o meu campo de possibilidades. É em cima desse briefing que eu vou criando. De um modo geral, também penso o que eu tenho de referência e identidade do meu trabalho já construído, para assim evoluir para um novo projeto.
V: Em que ou em quem você se inspira?
MW: No quesito arte, eu tenho bastante referência nas figuras do modernismo brasileiro. Um dos que me inspiram muito é Zanine Caldas, que foi a escolha para as fotos do editorial. Ele não me inspira apenas na questão do mobiliário. A forma como Zanine pensava no mundo em geral, na sociedade, na cidade e no urbanismo era inspiradora. Ele tem vários projetos que não foram executados, mas que são muito interessantes quando falamos sobre como pensar uma cidade.
V: Quais são seus trabalhos mais recentes?
MW: O meu trabalho mais recente é a coleção Pencas, que desenvolvi com a Bertolucci. É uma coleção de luminárias que me trouxe muita felicidade, porque uma das peças, a luminária de mesa, tornou-se a minha primeira produção comprada por um museu de fora do Brasil. Ela foi comprada pelo Museum of Arts and Design, de Nova York, e isso foi incrível.
V: Qual foi a maior realização de sua trajetória?
MW: A mais recente é essa do museu, mas o ano de 2017 também foi muito marcante porque eu comecei a receber convites para desenhar para grandes marcas. Foi nesse momento que eu tive que aprender a traduzir a minha identidade para a linguagem de cada marca. De uma forma geral, precisei pensar em como unir dois mundos para conseguir trabalhar em parcerias.
V: Qual é seu maior sonho atual na carreira?
MW: Conseguir relacionar o trabalho brasileiro com marcas no exterior. Aumentar essa minha conexão entre países.
V: Para você, arquitetura é…
MW: Desenhar o futuro sem apagar o passado.
Por Beatriz Calais
Direção: Giulianna Iodice
Fotos: Gabriel Bertoncel
Locação Galeria Teo
Tratamento de Imagem: Everaldo Guimaraes