A inauguração do Aman Kyoto, que tem 26 quartos e design minimalista-japonista, com cartela de cores neutras, aconteceu no início do mês sem grandes alardes, em comunhão com a vibração do local, meio escondido, meio zen.

Inspirado em pousadas tradicionais japonesas, os quartos têm vista ampla para o jardim, do chão ao teto. Tatame e ofurô feito com madeira local também estão instalados em cada cômodo. O projeto tem tudo a ver com o seu terreno de 80 acres, onde até então se escondia um antigo jardim, aos pés de uma montanha.

O Aman Kyoto é o terceiro empreendimento da rede no país. A ideia é oferecer a experiência de um refúgio, quase um santuário: um lugar para relaxar e se cuidar, bem perto da natureza, com a opção de participar de experiências de imersão na cultura japonesa, como aprender sobre a arte do século VII, fazer arranjos de flores com técnica do ikebana, ou colher chá em uma plantação histórica. O melhor é que o local não fica tão distante de carro do centro de Kyoto e ainda tem atrações turísticas por perto, à distância de uma caminhada – há templos, casas que oferecem a cerimônia do chá por ali e importantes Monumentos Históricos da Antiga Kyoto, declarados Patrimônio Mundial da UNESCO. A diária é de cerca de US$ 1.100.

A preocupação com a preservação da paisagem local é constante – foi nesse ponto, aliás, que as autorizações do governo emperraram, e por isso o hotel surge somente agora, depois de, pasme, 20 anos de tentativas, antes que a construção pudesse iniciar. O cuidado foi tanto que até o musgo das trilhas foi protegido: passarelas de metal elevadas foram colocadas sobre eles durante o passa-passa da construção.

O restaurante do resort se chama Taka-an e é especializado em servir pratos caseiros de obanzai, um estilo tradicional da culinária japonesa focada principalmente em frutos do mar e legumes, feitos com produtos locais, claro. Uma experiência possível é fazer um pique-nique nos jardins; para isso basta pedir que a refeição venha em uma cesta de bambu, que o próprio hóspede carrega floresta adentro.

No Aman Spa a atração são as técnicas japonesas como acupuntura, reflexologia, shiatsu, e também o tradicional onsen, um banho em uma fonte termal. Luxo só: os produtos usados nos tratamentos levam ingredientes locais, incluindo óleo de camélia prensado a frio, chá verde e saquê. E mais: os hóspedes são sempre recebidos com um ritual para os pés, que remonta ao século XVI, quando pousadas ofereciam a prática a viajantes cansados. No Aman Kyoto, folha de ouro de 24 quilates, saquê, farelo de arroz e sal marinho natural do mar do Japão atualizam o mimo centenário. As Olimpíadas de Tokyo estão logo aí – vale colocar no roteiro da viagem ao país em 2020.