Por que a década de 1990 está tão presente no cinema em 2023
Produções e sucessos de 30 anos atrás ressurgem com interpretações atuais
Se você cresceu nos anos 1990, finalmente chegou seu momento de relembrar algumas coisas que viveu. Não foram apenas os cropped tops, mom jeans ou os vestidos de alcinha sobrepostos, que eram tão populares em séries como Barrados no Baile, que voltaram. Muito menos o revival das boy bands e de Britney Spears, com comportamento fora do comum nas mídias. Caso o Oscar que Brendan Fraser acaba de receber não tenha deixado claro, os anos 1990 voltaram e não devem ir embora tão rápido.
Apenas em 2023, quatro das maiores estreias do cinema são centralizadas em fenômenos culturais da década de 1990: uma boneca, uma sereia, um encanador e quatro tartarugas. A breve descrição pode parecer louca para quem não viveu essa era, mas você provavelmente não tem dúvida de quais são tais personagens. Sim, estamos falando dos filmes Barbie (que estreou no último 20 de julho), dirigido por Greta Gerwig, o live-action de A Pequena Sereia da Disney e as animações Super Mario Bros.: O Filme e As Tartarugas Ninja: Caos Mutante.
Não é à toa que a nostalgia esteja tão presente quando falamos desse período. Há muito o que relembrar com saudade. Foi uma época de desenvolvimento de diversos setores. As franquias de restaurantes se espalharam pelo mundo, os brinquedos temáticos se multiplicaram e, no cinema, filmes que se tornaram clássicos como Quatro Casamentos e Um Funeral e As Patricinhas de Beverly Hills foram lançados. Foi a era do surgimento de movimentos musicais e culturais, como o grunge e o hip hop. E a Disney passava por seu renascimento e modernização, com filmes de animação que são sucesso até os dias de hoje. Sem contar o surgimento da Nickelodeon, que trouxe também as séries para os pré-adolescentes, quase todas estreladas pela então atriz mirim Melissa Joan Hart.
LEIA MAIS:
- 7 passeios culturais em São Paulo que vão além das paredes dos museus
- A importância da Pinacoteca Contemporânea para o cenário artístico do Brasil
- “Quero que o que escrevo seja uma máquina de comover”, diz Micheliny Verunschk, autora do premiado “O Som do Rugido da Onça”
Foi também o período considerado o início da era da informação digital, com o surgimento da internet e a popularização dos videogames. A computação gráfica começou a entrar no cinema, trazendo coisas antes inimagináveis, como os efeitos visuais de Titanic ou de Jurassic Park. Dos LPs e fitas cassetes passamos para CDs; e dos telefones fixos, aos celulares. Ganhamos tanto naqueles dez anos que é difícil acreditar que tudo evoluiu em tão pouco tempo.
A nostalgia pode ser uma ferramenta poderosa para conquistar um grande público, ao revisitar e reinventar personagens e universos adorados por muitos. No entanto, o desafio é fazer com que a adaptação dessas histórias não se torne datada ou sem conexão nenhuma com as novas gerações.
Desde que foi criada, em 1959, a Barbie já passou por diversas fases e mudanças. É seguro dizer que foi a boneca mais julgada e estudada da história, em artigos ou documentários, e sempre com um olhar crítico. Por isso surpreendeu um pouco a indústria ao anunciarem que Greta Gerwig resolveu dar sua interpretação da Barbie. A cineasta que escreveu e dirigiu o filme é especialmente conhecida por seguir abordagens bastante feministas. Na produção, estrelando Margot Robbie e Ryan Gosling, ela busca trazer a boneca mais famosa do mundo para os dias de hoje, destacando temas como inclusão e empoderamento feminino.
O live-action de A Pequena Sereia foi lançado em maio, mas antes mesmo, gerou caos e discussões por conta da escolha da cantora negra Halle Bailey para o papel principal. Mas, assim que o público percebeu que a produção dirigida por Bob Marshall era tão mágica quanto a animação original, o que foi confirmado com o trailer e com o longa, as críticas passaram.
Outra adaptação que chegou com tudo é Super Mario Bros.: O Filme, que trouxe o famoso encanador italiano, baixinho e bigodudo, desta vez para as telonas. Mario já teve uma forte presença na televisão em meados de 1990, em uma série animada com clipes de live-action baseada no jogo Super Mario 3. O filme, no entanto, é uma superprodução estrelada por Chris Pratt, com Jack Black como Bowser; Charlie Day, como Luigi; Anya Taylor-Joy interpreta a Princesa Peach; e Keegan-Michael Key, Toad. O filme ainda conta com uma aparição especial de Donkey Kong, na voz de Seth Rogen.
E não se pode falar de nostalgia dos anos 1990 sem tratar de Leonardo, Michelangelo, Donatello e Rafael. Ao contrário dos primeiros filmes da franquia, que foram em live-action de ação e com um toque mais sombrio, a nova animação, As Tartarugas Ninja: Caos Mutante, produzida por Seth Rogen e Evan Goldberg, a dupla por trás da série The Boys, deve seguir um tom mais leve e cheio de humor, semelhante ao da série animada que conquistou crianças do mundo todo. Os quatro adolescentes mutantes ainda vão lutar contra o mal nas ruas e nos esgotos de Nova York ao lado de sua aliada, a repórter April O’Neil. A estreia oficial é no dia 31 de agosto.
É interessante notar como a indústria do entretenimento está cada vez mais investindo em trazer de volta personagens que fizeram sucesso no passado e atualizá-los para o gosto das novas gerações. Agora, chegou a hora de ver e rever clássicos dos anos 1990, e também aguardar por mais.
Por Miriam Spritzer | Matéria publicada na edição 131 da Versatille