“Não há uma fórmula certa. Temos de achar o próprio formato”, diz Luanda Vieira
No quadro 3X4, a jornalista e consultora de diversidade discorre sobre a nova influência
Formada em jornalismo e especializada em moda, beleza e wellness, Luanda Vieira já trabalhou como editora em veículos como Glamour e Vogue. Como influenciadora, ela aproveita sua expertise na área da comunicação para entregar um conteúdo com informações relevantes e bem apuradas para os 42 mil seguidores que cultiva no Instagram. Além disso, como mulher, preta e lésbica, ela também atua como consultora de diversidade.
No quadro 3X4, da Versatille, Luanda discorre sobre a nova influência. Confira, a seguir, a conversa completa.
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Versatille: Em um universo tão vasto de redes sociais, como se diferenciar?
Luanda Vieira: Acho que a minha expertise como jornalista e toda a minha trajetória no mercado editorial agregam na minha entrega de conteúdo. Eu não acredito no look do dia pelo simples look do dia. Eu entrego esse conteúdo, mas gosto de trazer uma coisa comportamental. Gosto de entender de onde veio a moda, então faço posts com informação e apuração. É o que está na minha raiz como jornalista.
V: O que busca transmitir a seus seguidores?
LV: Tem duas questões principais que eu gosto de abordar: a primeira é a saúde mental, porque quem me acompanha pode ser de outro universo e criar uma ilusão de que a minha vida é perfeita e que eu estou sempre muito feliz, mas não é assim. Eu faço muita questão de mostrar o que é real e o que não é. Além disso, meu outro recado é em relação à mulher negra nos espaços de luxo. Eu tenho tentado ressignificar os lugares em que podemos estar.
V: Qual assunto foi seu pontapé nas redes?
LV: Eu sempre fui muito conhecida pela moda, mas, como o meu último cargo foi como editora de beleza, eu saí muito pelo viés da beleza e a moda ficou como um complemento. Hoje eu acabo falando mais sobre beleza e wellness do que sobre moda de fato.
V: Como é, para você, lidar com a opinião constante das pessoas nas redes?
LV: Eu ainda não passei por nenhum ataque de haters, mas mesmo as pessoas que gostam da gente possuem opiniões diversas sobre nós. A partir do momento em que nos colocamos em exposição, precisamos estar preparados para receber feedbacks, que nem sempre são do jeito que queremos. O que me ajuda a lidar com isso é a terapia. Eu vejo que o autoconhecimento me faz filtrar melhor as opiniões que recebo.
Ainda assim, é muito difícil. Às vezes é uma pessoa que gosta de mim, mas que tem uma opinião contrária sobre alguma coisa, então é o autoconhecimento que me ajuda a entender o meu posicionamento e respeitar a opinião alheia. Sem o autoconhecimento, a gente corre o risco de se perder com a quantidade de opiniões que as pessoas dão sobre a nossa vida.
As pessoas comentam até sobre a vida pessoal. A minha namorada é branca e eu sou negra, então já recebi comentários criticando o nosso relacionamento. Ela fica muito insegura, mas eu sei o que quero para a minha vida. Se estou segura sobre o que eu quero, não é um comentário que vai me abalar. Eu lido assim, mas as pessoas tinham de entender uma coisa: existe um ser humano por trás de todo conteúdo. Antes de fazer um comentário, pense se você gostaria de receber essa mensagem no seu perfil.
V: Para onde acredita que as redes estão “caminhando”?
LV: Eu acredito muito na produção de conteúdo com excelência. Vou dar um exemplo a partir da minha trajetória como jornalista: eu sempre fui apaixonada por revistas, mas, desde que entrei na faculdade, ouço que o impresso vai acabar. Estamos ouvindo isso há muito tempo, mas esse mercado não acaba. O que acontece é que temos de aprender a nos reinventar o tempo inteiro. Com o conteúdo nas redes é a mesma coisa.
Eu gosto mais de produzir fotos do que vídeos, mas uma vez ou outra não custa fazer um vídeo criativo. Além disso, precisamos entender o que o nosso público quer. A melhor saída é saber o que dá certo para você. Não há uma fórmula certa. Temos de achar o próprio formato.