Semana de Moda de Paris: desfiles finais destacam a juventude e o imaginário
Os temas estão presentes nas apresentações de marcas como Louis Vuitton, Miu Miu, Loewe e Balenciaga
A temporada de Outono/Inverno 2022/2023 da Semana de Moda de Paris, que teve início no dia 28 de fevereiro, terminou nesta terça-feira (8). Grifes como Louis Vuitton, Miu Miu e Chanel apostaram na atmosfera jovem por meio de roupas que coincidem com tendências atuais, como a Y2K (anos 2000) e preppy. Já marcas como Loewe e Balenciaga impactaram o público com uma atmosfera menos agradável aos olhos e mais subjetiva. A Valentino, por sua vez, se evidenciou pela versatilidade ao apresentar uma coleção praticamente monocromática.
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Confira, a seguir, detalhes de alguns desfiles que se destacaram durante a Semana de moda de Paris.
Chloé
A Chloé é a única grife de luxo do mundo a ter recebido o selo de sustentabilidade B Corp. A Idealização da coleção de Outono/Inverno 2022/2023, apresentada no dia 3 de março, se deu a partir de uma conversa de diretora criativa Gabriela Hearst com a autora e pesquisadora britânica Isabella Tree, na qual a designer a questionou como era lidar com a ansiedade climática e ela respondeu “viver na solução”. As roupas da nova linha fazem parte de um programa de apoio à ONG Conservation International.
As peças desfiladas exibiam linhas puras, babados, volumes bufantes e decotes cavados. A combinação do couro com tecidos leves ficou bastante evidente, bem como um grande casaco de cashmere reciclado e texturizado e uma regata branca. O grande destaque, no entanto, foram suéteres com estampas de catástrofes climáticas como incêndios florestais, derretimento de geleiras e secas na parte frontal; e essas mesmas paisagens em um contexto de sucesso climático, na parte de trás.
Loewe
Jonathan Anderson, diretor criativo da Loewe, destaca-se por conectar a marca à arte e inovar a cada temporada de moda. A grife tem apostado em uma atmosfera bastante surrealista e o desfile da coleção de Outono/Inverno 2022/2023, apresentado no dia 4 de março na Semana de Moda de Paris, não foi diferente. O conceito não é de fácil explicação, tem caráter intrigante e até incômodo, dependendo da perspectiva.
Nos vestidos, havia formas de automóveis delineadas nas bainhas, figuras de lábios hiper-realistas nos bustos e silhuetas femininas estampadas por todo o comprimento. Também apareceram sapatos de salto alto sob camadas transparentes de malha e bexigas 3-D brilhantes tanto nos calçados, quanto na área do busto dos vestidos, como sutiãs improvisados. O show foi similar a uma exposição de esculturas fashion, que trouxe para o público o poder da imaginação, algo tão necessário à sociedade atual.
Hermès
Nas coleções da Hermès das duas últimas temporadas de verão, a diretora criativa Nadège Vanhee-Cybulski trabalhou em uma silhueta que mostrava mais o corpo, com minissaias e decotes geométricos. Mesmo no inverno, a proposta continuou. A linha apresentada no dia 5 de março propõe atmosfera jovial, de modo a modernizar a silhueta dentro dos códigos da marca.
A coleção exibiu peças de tamanhos minis e shorts usados com as lindas botas sem salto de cano baixo, inspiradas em sapatilhas de balé, que ajudam a alongar a silhueta. Também foram destaque as sobreposições, a combinação do couro com tricô nas saias e camisas de malha com diferentes gramaturas que formavam listras. As roupas são resultado de um olhar feminino sobre a exposição do corpo no contexto de uma marca clássica como a Hermès.
Balenciaga
Demna Gvasalia, diretor criativo da Balenciaga, revelou ao veículo Business of Fashion que cogitou cancelar o show da grife na Semana de Moda de Paris pelo fato da guerra na Rússia ter desencadeado lembranças dos horrores que ele enfrentou três décadas atrás, quando Putin invadiu a Geórgia. Embora ele tenha desenhado as roupas da nova coleção bem antes do conflito russo e ucraniano, a atmosfera do show realizado no dia 6 de março coincidiu com a tensão do momento.
O título da apresentação, “360°”, se referia tanto ao calor quanto ao local circular do desfile. Os modelos caminhavam em meio a um cenário branco e debaixo de uma neve tipo artificial feita por máquinas. A nova linha exibiu peças de alfaiataria híbridas e multifuncionais, pulôveres (suéter sem mangas que se veste sobre a camisa), e silhuetas sem fecho. As modelos que atravessavam com dificuldade a nevasca de salto alto, roupas rasgadas em pedaços e sacolas de lixo na mão, transmitiam intencionalmente desconforto.
Valentino
A coleção de Outono/Inverno 2022/2023 do estilista Pierpaolo Piccioli para Valentino, apresentada também no dia 6 de março, definitivamente marcou a temporada, O estilista provou sua versatilidade e talento ao usar apenas duas cores: rosa e preto. O “Pink PP” – resultado de uma colaboração entre Piccioli e o Pantone Color Institute para criar uma identidade única – estava em toda parte, mas embora praticamente monocromática, não se trata de uma coleção simples.
A tonalidade confere às roupas uma pegada despojada, e a ausência de cores diversas permite que a atenção seja direcionada aos detalhes que incluem silhuetas perfeitamente ajustadas e bordados. Também foram apresentados conjuntos de duas peças adornados com lantejoulas, mini vestidos com bainhas hiper curtas, saltos plataformas e “luvas de noite” com comprimento na altura dos ombros. O enfoque tão grande nos detalhes deu à coleção ares de alta-costura.
Louis Vuitton
O desfile da Louis Vuitton aconteceu no Musée d’Orsay no dia 7 de março, marcando o início de uma parceria sem precedentes entre a Louis Vuitton e a instituição cultural francesa. Foi a primeira vez que o museu de Belas Artes sediou um desfile de moda. A coleção foi apresentada na Galerie Courbet, com uma cenografia deliberadamente minimalista, de modo a enfatizar o clássico contraste entre tradição artística e revolução tecnológica.
A linha foi dedicada à juventude, de modo a comparar a hesitante fase da adolescência como uma vestimenta sem falhas. A ideia foi destacar todo o romantismo vívido, idealismo inspirador, esperança de futuro e de um mundo melhor, bem como um sonho de perfeição. O show foi aberto pela estrela da série “Round 6” e embaixadora global da Louis Vuitton, HoYeon Jung. Na coleção foram exibidas peças de alfaiataria requintada, tamanho oversized, e silhuetas descontraídas complementadas com botas de cano alto e gravatas com nós soltos.
Chanel
A coleção de Outono/Inverno 2022/2023 da Chanel, apresentada no dia 8 de março e data final da Semana de Moda de Paris, homenageou a reputação histórica na moda parisiense e os designs ícones da grife. O grande destaque da coleção foi o tweed, composto por uma tecelagem de lã grossa, resistente, que resulta em uma padronagem única.
A diretora criativa Virginie Viard também adicionou um toque saudável de inspiração na moda Y2K (anos 2000) para se conectar com as atuais tendências. Esse estilo foi observado nas peças com tons brilhantes, combinação de vários acessórios e na alusão a estética punk do início dos anos 2000, na qual se destacou o tweed em vez de xadrez.
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Miu Miu
Para a coleção de Outono/Inverno 2022/2023, também apresentada no dia 8 de março, a Miu Miu manteve a estética jovem que tem feito sucesso nas últimas temporadas, com a adição de novas formas e um quê genderless. Combinando um estilo sexy e preppy, foram exibidas boxers de seda (versão feminina da cueca boxer, que é mais comprida e se assemelha a um short bem curto) debaixo de minissaias, meias caneladas combinadas com sapatilhas de balé e bastante couro. Longas fitas brancas amarradas no pescoço e infinitas variações de cintos complementam os conjuntos monocromáticos.